Estratégia e Execução

Lei Geral de Proteção de Dados: sua empresa tem dados demais?

A aprovação da nova legislação subverterá o paradigma do “quanto mais, melhor” e será necessário fazer escolhas | Por Jeferson Propheta

Compartilhar:

A pergunta do título deste artigo pareceria algo irrelevante há alguns meses. Afinal, sempre foi um pensamento comum entre as empresas o de que “quanto mais dados, melhor”. A explosão dos dispositivos móveis, dos serviços e da compra online, e também a redução dos custos de armazenamento proporcionados pela nuvem contribuíram para que os negócios trouxessem cada vez mais dados pessoais de clientes para dentro de casa. Afinal, informação era vista como “ouro” para qualquer empresa, e quanto mais se tinha, maior a chance de gerar receita sobre ela.

 No entanto, a aprovação da nova Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) pelo governo causará uma inversão dramática nessa lógica estabelecida. A lei diz que as empresas passam a ser totalmente responsáveis pela segurança dos dados que coletam, processam, transmitem e armazenam. Isso significa que elas poderão sofrer graves punições, incluindo multas milionárias, em casos de incidentes de segurança como roubo ou vazamento de dados.

Para atender aos pré-requisitos da lei e evitar as penalidades, as empresas terão de investir cada vez mais em recursos de segurança da informação. Também é possível afirmar que, quanto mais informações elas coletarem e armazenarem, mais custos terão para manter tudo isso de maneira segura dentro de seu ambiente, estejam os dados armazenados internamente ou na nuvem.

Caberá às empresas, portanto, fazer uma análise: vale a pena continuar coletando dados pessoais de modo descontrolado, seguindo a regra do quanto mais melhor? Ou é melhor coletar apenas aqueles dados que realmente façam sentido para o negócio? Além disso, será preciso olhar para “dentro de casa” e avaliar quais das informações já armazenadas faz sentido manter. É como abrir aquele velho armário, repleto de quinquilharias, e avaliar: “de tudo isso, o que é realmente importante e do que eu posso me desfazer?”

Pode parecer algo simples de implementar, mas esse novo pensamento trará impactos para diferentes esferas do negócio. Áreas como as de marketing e comercial, que utilizam os dados pessoais para lançar produtos, promoções ou oferecer novos serviços, provavelmente terão de estar mais próximos da área de tecnologia e segurança da informação, avaliando a relevância do que é coletado de forma constante.

Além disso, é fundamental que qualquer empresa que conte com um grande volume de dados desenvolva um trabalho de classificação dos mesmos. Antes do surgimento da lei, negócios mais estruturados já faziam esse trabalho, mas apenas avaliando se determinado dado era crítico ou não para o negócio. A partir de agora, será preciso classificar também os dados pessoais, inclusive para determinar se são sensíveis (caso, por exemplo, de origem racial, religião ou preferência política de uma pessoa) ou não. E isso não é um trabalho simples de fazer.

Por isso, retorno ao questionamento inicial deste artigo: sua empresa tem dados demais? Chegou a hora de começar a fazer esta avaliação, e também de buscar o auxílio necessário para que a transição para as normas trazidas pela LGPD sejam cumpridas da forma mais suave possível, com pouco ou nenhum impacto para o negócio.

![Jeferson Propheta_alta](https://s3.amazonaws.com/paco-dev/2018/12/Jeferson-Propheta_alta-253×380.jpg)

Jeferson Propheta é diretor-geral da McAfee no Brasil

Compartilhar:

Artigos relacionados

Há um fio entre Ada Lovelace e o CESAR

Fora do tempo e do espaço, talvez fosse improvável imaginar qualquer linha que me ligasse a Ada Lovelace. Mais improvável ainda seria incluir, nesse mesmo

Tecnologia e inovação, Empreendedorismo
6 min de leitura
Inovação
Cinco etapas, passo a passo, ajudam você a conseguir o capital para levar seu sonho adiante

Eline Casasola

4 min de leitura
Transformação Digital, Inteligência artificial e gestão
Foco no resultado na era da IA: agilidade como alavanca para a estratégia do negócio acelerada pelo uso da inteligência artificial.
12 min de leitura
Negociação
Em tempos de transformação acelerada, onde cenários mudam mais rápido do que as estratégias conseguem acompanhar, a negociação se tornou muito mais do que uma habilidade tática. Negociar, hoje, é um ato de consciência.

Angelina Bejgrowicz

6 min de leitura
Inclusão
Imagine estar ao lado de fora de uma casa com dezenas de portas, mas todas trancadas. Você tem as chaves certas — seu talento, sua formação, sua vontade de crescer — mas do outro lado, ninguém gira a maçaneta. É assim que muitas pessoas com deficiência se sentem ao tentar acessar o mercado de trabalho.

Carolina Ignarra

4 min de leitura
Saúde Mental
Desenvolver lideranças e ter ferramentas de suporte são dois dos melhores para caminhos para as empresas lidarem com o desafio que, agora, é também uma obrigação legal

Natalia Ubilla

4 min min de leitura
Carreira, Cultura organizacional, Gestão de pessoas
Cris Sabbag, COO da Talento Sênior, e Marcos Inocêncio, então vice-presidente da epharma, discutem o modelo de contratação “talent as a service”, que permite às empresas aproveitar as habilidades de gestores experientes

Coluna Talento Sênior

4 min de leitura
Uncategorized, Inteligência Artificial

Coluna GEP

5 min de leitura
Cobertura de evento
Cobertura HSM Management do “evento de eventos” mostra como o tempo de conexão pode ser mais bem investido para alavancar o aprendizado

Redação HSM Management

2 min de leitura