Liderança, Gestão de pessoas

5 insights poderosos para líderes em um mundo pandêmico

Precisamos conversar sobre o papel dos líderes no trabalho e atualizar a percepção sobre gestão e performance; e orientações visam reforçar a importância de valorizarmos a essência das relações, priorizando o que é de fato prioritário
É vice-presidente de negócios da Eats for You, uma ESG foodtech. Reconhecida por ser uma líder de operações de alta complexidade, a executiva possui mais de 15 anos de experiência nas áreas de business e marketing de multinacionais, nos segmentos de tecnologia, educação, mobilidade, terceiro setor e bem-estar. Com passagens por empresas como Uber, Prudential do Brasil, Organização Internacional do Trabalho, entre outras, recebeu prêmios e foi reconhecida pelas Nações Unidas em um projeto inovador de responsabilidade social.

Compartilhar:

Em um passado nada distante, as melhores práticas de gestão eram ensinadas nas empresas, nos programas de formação corporativa e nas iniciativas de capacitação da liderança. Executivos sabiam que precisavam dedicar tempo do seu planejamento anual para compreender o método de avaliação de desempenho adotado por sua companhia para terem condições de encaixar o time em quadrantes ou definir múltiplos do bônus.

Essa avaliação seguia o norte ofertado pela empresa, costumeiramente traduzido em uma matriz de competências divididas em hard skills (competências técnicas) e soft skills (habilidades pessoais). Neste contexto, as hard skills, mais conhecidas por serem mensuráveis e objetivas, ganhavam destaque fácil nos ciclos de performance. Cursos específicos e a própria qualificação técnica tinham mais relevância para conseguir a promoção no trabalho, ao passo que desenvolver soft skills, ou seja, ser comunicativo, trabalhar (bem) em equipe e cultivar relacionamentos era “nice to have”.

No entanto, a realidade mudou. Um relatório da consultoria Great Place to Work (GPTW) apontou como a flexibilização da estrutura de trabalho, com [home office, modelo híbrido e horários mais flexíveis](https://www.revistahsm.com.br/post/o-sucesso-do-trabalho-hibrido-no-mundo-pos-pandemia), foi importante no quesito gestão de pessoas. A comunicação interna eficiente, o desenvolvimento de habilidades digitais e iniciativas para cuidar da saúde mental também estiveram em evidência.

Lina Nakata, responsável pelo relatório do GPTW, observou que o RH se tornou mais relevante nas empresas, e que elas perceberam a necessidade de agir rapidamente frente às mudanças.

## A guinada das habilidades interpessoais

O ano de 2020 foi tão avassalador que desconstruiu até as fórmulas prontas. A estrutura de gestão antes conhecida foi implodida com o isolamento social, a transformação digital e o luto. De uma hora para outra, encaixar pessoas em quadrantes não fazia sentido algum, e desafios inesperados começaram a demandar outras habilidades.

Na ausência de fórmulas e muito comprometida em entender a liderança do futuro, voltei para a prancheta e revisitei os processos de gestão e performance do meu time. Assumi completa ignorância frente ao novo cenário, apliquei escuta ativa, testei formatos, errei e aprendi bastante. O caminho de aprendizado ainda é longo, mas ciente da necessidade de promoção do diálogo sobre o tema, compartilho cinco insights poderosos:

__1. A liderança self-centric foi atualizada para o olhar no outro__

Do confortável lugar de estrela do seu próprio show à necessidade de aprender a perguntar para o time: “como você está?”; “sua família está em segurança?”; “há algo que eu possa fazer por vocês?” – perguntas não tão frequentes nas relações de trabalho anteriores agora são fundamentais para [conhecer o contexto pessoal dos membros do time](https://www.revistahsm.com.br/post/a-potencia-do-lider-vulneravel-na-ativacao-do-intraempreendedorismo).

__2. Pessoas são o maior ativo de um negócio. Segurança emocional, psicológica e financeira estão diretamente ligadas com as melhores performances__

Áreas de negócio foram desconstruídas, investimentos foram retirados, produtos foram descontinuados. Em um contexto complexo e volátil, o que permanece? As relações humanas e a clareza que precisamos uns dos outros para reconstruir o mundo, enquanto novas habilidades precisam ser fortalecidas. Por isso, ser proativo para garantir a segurança das pessoas está diretamente ligado ao papel do líder, com reflexos óbvios no desempenho sistêmico.

__3. Gestão de times remotos é pautada pela construção da confiança__

Elevar a performance com base na confiança entre pessoas, times, squads e ecossistemas. O olhar contrário, que se traduz no “micromanagement”, ou seja, um controle exagerado e focado em detalhes, cria estruturas ineficientes, frágeis e instáveis que se perpetuam no medo ou no conflito.

__4. Produtividade não é medida por horas no escritório, mas pela qualidade dos entregáveis__

Revisitar o conceito de produtividade é necessário devido ao impacto da dinâmica do trabalho remoto. De forma repentina, chegar cedo ou sair tarde não era mais tão visível. A substituição do olhar para a qualidade do produto final de um trabalho se tornou mais assertiva, e trouxe benefícios adicionais como melhorias na gestão do tempo e mais liberdade para as pessoas.

__5. A importância da liderança pelo contexto frente a desafios inusitados__

Controlar variáveis em um cenário volátil é impossível. A pandemia nos ensinou que precisamos empoderar pessoas e times para lidar com o desconhecido. Por isso, a liderança que compartilha o contexto maximiza a tomada de decisão, diminui a insegurança psicológica e traz eficiência para o modelo de gestão.

A era da alta performance que considera colaboradores com corpo e mente em perfeito equilíbrio quando pisam no trabalho, felizmente, acabou. A vulnerabilidade imposta pela pandemia nos trouxe a oportunidade de olharmos para a verdadeira essência das relações, aprendendo a priorizar o que é de fato prioritário.

[Passamos do mundo VUCA para o mundo BANI](https://www.revistahsm.com.br/post/do-agil-ao-antifragil). A teoria se transformou em prática. Contudo, a boa notícia é que descobrimos que não estamos sozinhos. Compartilhamos da mesma ansiedade, fragilidade, coragem e força. No fim, o maior aprendizado é que a empatia é o que nos impulsiona como coletivo.

*Gostou do artigo da Simone Ponce? Saiba mais sobre novos modelos de liderança e de gestão de pessoas assinando [nossas newsletters](https://www.revistahsm.com.br/newsletter) e escutando [nossos podcasts](https://www.revistahsm.com.br/podcasts) em sua plataforma de streaming favorita*

Compartilhar:

Artigos relacionados

A ilusão que alimenta a disrupção

Em um ambiente onde o amanhã já parece ultrapassado, o evento celebra a disrupção e a inovação, conectando ideias transformadoras a um público global. Abraçar a mudança e aprender com ela se torna mais do que uma estratégia: é a única forma de prosperar no ritmo acelerado do mercado atual.

De olho

Liderança, ética e o poder do exemplo: o caso Hunter Biden

Este caso reflete a complexidade de equilibrar interesses pessoais e responsabilidades públicas, tema crucial tanto para líderes políticos quanto corporativos. Ações como essa podem influenciar percepções de confiança e coerência, destacando a importância da consistência entre valores e decisões. Líderes eficazes devem criar um legado baseado na transparência e em práticas que inspirem equipes e reforcem a credibilidade institucional.

Passa conhecimento

Incluir intencionalmente ou excluir consequentemente?

A estreia da coluna “Papo Diverso”, este espaço que a Talento Incluir terá a partir de hoje na HSM Management, começa com um texto de sua CEO, Carolina Ignarra, neste dia 3/12, em que se trata do “Dia da Pessoa com Deficiência”, um marco necessário para continuarmos o enfrentamento das barreiras do capacitismo, que ainda existe cotidianamente em nossa sociedade.

Gestão de Pessoas
Conheça o conceito de Inteligência Cultural e compreenda os três pilares que vão te ajudar a trazer clareza e compreensão para sua comunicação interpessoal (e talvez internacional)

Angelina Bejgrowicz

4 min de leitura
Liderança
Entenda como construir um ambiente organizacional que prioriza segurança psicológica, engajamento e o desenvolvimento genuíno das equipes.

Athila Machado

6 min de leitura
Empreendedorismo
Após a pandemia, a Geração Z que ingressa no mercado de trabalho aderiu ao movimento do "quiet quitting", realizando apenas o mínimo necessário em seus empregos por falta de satisfação. Pesquisa da Mckinsey mostra que 25% da Geração Z se sentiram mais ansiosos no trabalho, quase o dobro das gerações anteriores. Ambientes tóxicos, falta de reconhecimento e não se sentirem valorizados são alguns dos principais motivos.

Samir Iásbeck

4 min de leitura
Empreendedorismo
Otimizar processos para gerar empregos de melhor qualidade e remuneração, desenvolver produtos e serviços acessíveis para a população de baixa renda e investir em tecnologias disruptivas que possibilitem a criação de novos modelos de negócios inclusivos são peças-chave nessa remontagem da sociedade no mundo

Hilton Menezes

4 min de leitura
Finanças
Em um mercado cada vez mais competitivo, a inovação se destaca como fator crucial para o crescimento empresarial. Porém, transformar ideias inovadoras em realidade requer compreender as principais fontes de fomento disponíveis no Brasil, como BNDES, FINEP e Embrapii, além de adotar uma abordagem estratégica na elaboração de projetos robustos.

Eline Casalosa

4 min de leitura
Empreendedorismo
A importância de uma cultura organizacional forte para atingir uma transformação de visão e valores reais dentro de uma empresa

Renata Baccarat

4 min de leitura
Tecnologias exponenciais
Em meio aos mitos sobre IA no RH, empresas que proíbem seu uso enfrentam um paradoxo: funcionários já utilizam ferramentas como ChatGPT por conta própria. Casos práticos mostram que, quando bem implementada, a tecnologia revoluciona desde o onboarding até a gestão de performance.

Harold Schultz

3 min de leitura
Gestão de Pessoas
Diferente da avaliação anual tradicional, o modelo de feedback contínuo permite um fluxo constante de comunicação entre líderes e colaboradores, fortalecendo o aprendizado, o alinhamento de metas e a resposta rápida a mudanças.

Maria Augusta Orofino

3 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A Inteligência Artificial, impulsionada pelo uso massivo e acessível, avança exponencialmente, destacando-se como uma ferramenta inclusiva e transformadora para o futuro da gestão de pessoas e dos negócios

Marcelo Nóbrega

4 min de leitura
Liderança
Ao promover autonomia e resultados, líderes se fortalecem, reduzindo estresse e superando o paternalismo para desenvolver equipes mais alinhadas, realizadas e eficazes.

Rubens Pimentel

3 min de leitura