Uncategorized

Sobre comunicação, liderança e pontes

__Viviane Mansi__ é executiva, conselheira e professora. Está atualmente na Diageo e passou por empresas como Toyota, GE, Votorantim e MSD. É coautora de Emoção e Comunicação – Reflexão para humanização das relações de trabalho.
Viviane Mansi é executiva da Toyota e da Fundação Toyota do Brasil, conselheira e professora. Participou da COP27, em novembro de 2022.

Compartilhar:

Eis que recebo um convite pra lá de especial – você toparia escrever sobre liderança? Resposta imediata (porque eu sou impulsiva, admito) – claro que eu aceito. Cinco minutos depois vem a dúvida: mas qual enfoque? 

Falar sobre liderança é como falar sobre um oceano inteiro, com seus mistérios, seus encantos, seus desafios. Não falta literatura, não falta guru, não falta estudo, mas a gente sente que ainda falta um pouco de “jeito” pra coisa no dia a dia. Às vezes a gente é meio selvagem, desumano. 

Minha abordagem é prática, criada na prática, por meio das várias interações em diversas empresas e com diversos alunos que eu conheci numa longa jornada em sala de aula.

No meu primeiro emprego, onde eu fiquei por 14 anos, tive chefes sensacionais. Gente divertida, inspiradora, que fazia o dia valer a pena. Era uma empresa fantástica. 

Eis que eu fui fazer uma pós-graduação e uma das cadeiras da grade era Gestão de Pessoas. Por horas as pessoas reclamavam de seus chefes, de como o trabalho era desumano, e das mazelas que elas viviam como rotina. Aquele encantamento que eu vivia era praticamente só meu. 

Definitivamente isso me marcou a ponto de refletir mais sobre essa questão. Virou tema de estudo, de mestrado, de livro e de palpites despretensiosos por aí. 

Acabei me dedicando ao estudo do encontro (ou desencontro, em muitos casos) entre a comunicação e o diálogo, pois são temas muito interligados. 

A liderança exige de nós **presença, conversa, escuta, atenção.** Exige, portanto, comunicação constante. Aí surgiu a “Liderança na ponta de língua”, essa coluna que eu apresento pra vocês agora. 

Gosto de abordar a questão da comunicação porque a palavra constrói ou destrói. A escolha é sempre nossa. Nunca um berro levou pessoas mais longe que um elogio. O susto (do berro) até pode acelerar uma ação, mas ela não se sustenta. O resultado acaba bem rápido. Fica o resultado (eventualmente até bom), mas fica também a frustração, o não-lugar, a dúvida se vale a pena continuar ou não. 

Há ainda quem ache que um pouco de pressão faz bem. Sou mais da turma que acha que um pouco de inspiração faz melhor ainda. Ambientes organizacionais não deveriam ser espaço de dor e frustração. Quando isso acontece é uma disfunção – a gente tem que corrigir. 

Nosso legado, como líderes, é desenvolver gente melhor que a gente sendo exemplo, porto-seguro. Não é tornar a vida corporativa fácil, mas sim significativa. É ajudar de fato as pessoas a saírem melhor do que elas entraram. 

Isso exige, claro, um pouco de técnica, mas arrisco dizer que exige também um pouco de arte. Se fosse fácil não teríamos tantos dilemas por aí. 

Falar de comunicação e diálogo é um caminho, entre tantos possíveis, para melhorarmos nossas habilidades de gestão. Não é simples porque não depende só de nós, mas da nossa capacidade de nos relacionarmos com outras histórias, outras competências, outras necessidades. É uma dança que a gente tem que dançar junto com parceiros que nem sempre conhecemos tão bem para encaixar o passo de primeira. 

É sobre isso que vamos bater papo nesse espaço generosamente oferecido pela HSM. O bom é que colocar em prática não exige muita coisa. Como diria meu filósofo francês queridinho – Edgar Morin – um bom diálogo só precisa de três coisas: **abertura, simpatia e generosidade.**

Bora?

Compartilhar:

__Viviane Mansi__ é executiva, conselheira e professora. Está atualmente na Diageo e passou por empresas como Toyota, GE, Votorantim e MSD. É coautora de Emoção e Comunicação – Reflexão para humanização das relações de trabalho.

Artigos relacionados

Uso de PDI tem sido negligenciado nas companhias

Apesar de ser uma ferramenta essencial para o desenvolvimento de colaboradores, o Plano de Desenvolvimento Individual (PDI) vem sendo negligenciado por empresas no Brasil. Pesquisa da Mereo mostra que apenas 60% das companhias avaliadas possuem PDIs cadastrados, com queda no engajamento de 2022 para 2023.

Regulamentação da IA: Como empresas podem conciliar responsabilidades éticas e inovação? 

A inteligência artificial (IA) está revolucionando o mundo dos negócios, mas seu avanço rápido exige uma discussão sobre regulamentação. Enquanto a Europa avança com regras para garantir benefícios éticos, os EUA priorizam a liberdade econômica. No Brasil, startups e empresas se mobilizam para aproveitar as vantagens competitivas da IA, mas aguardam um marco legal claro.

Governança estratégica: a gestão de riscos psicossociais integrada à performance corporativa

A gestão de riscos psicossociais ganha espaço nos conselhos, impulsionada por perdas estimadas em US$ 3 trilhões ao ano. No Brasil, a atualização da NR1 exige que empresas avaliem e gerenciem sistematicamente esses riscos. Essa mudança reflete o reconhecimento de que funcionários saudáveis são mais produtivos, com estudos mostrando retornos de até R$ 4 para cada R$ 1 investido

Empreendedorismo
Trazer os homens para a discussão, investir em ações mais intencionais e implementar a licença-paternidade estendida obrigatória são boas possibilidades.

Renata Baccarat

4 min de leitura
Uncategorized
Apesar de ser uma ferramenta essencial para o desenvolvimento de colaboradores, o Plano de Desenvolvimento Individual (PDI) vem sendo negligenciado por empresas no Brasil. Pesquisa da Mereo mostra que apenas 60% das companhias avaliadas possuem PDIs cadastrados, com queda no engajamento de 2022 para 2023.

Ivan Cruz

4 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A inteligência artificial (IA) está revolucionando o mundo dos negócios, mas seu avanço rápido exige uma discussão sobre regulamentação. Enquanto a Europa avança com regras para garantir benefícios éticos, os EUA priorizam a liberdade econômica. No Brasil, startups e empresas se mobilizam para aproveitar as vantagens competitivas da IA, mas aguardam um marco legal claro.

Edmee Moreira

4 min de leitura
ESG
A gestão de riscos psicossociais ganha espaço nos conselhos, impulsionada por perdas estimadas em US$ 3 trilhões ao ano. No Brasil, a atualização da NR1 exige que empresas avaliem e gerenciem sistematicamente esses riscos. Essa mudança reflete o reconhecimento de que funcionários saudáveis são mais produtivos, com estudos mostrando retornos de até R$ 4 para cada R$ 1 investido

Ana Carolina Peuker

4 min de leitura
Gestão de Pessoas
Conheça o conceito de Inteligência Cultural e compreenda os três pilares que vão te ajudar a trazer clareza e compreensão para sua comunicação interpessoal (e talvez internacional)

Angelina Bejgrowicz

4 min de leitura
Liderança
Entenda como construir um ambiente organizacional que prioriza segurança psicológica, engajamento e o desenvolvimento genuíno das equipes.

Athila Machado

6 min de leitura
Empreendedorismo
Após a pandemia, a Geração Z que ingressa no mercado de trabalho aderiu ao movimento do "quiet quitting", realizando apenas o mínimo necessário em seus empregos por falta de satisfação. Pesquisa da Mckinsey mostra que 25% da Geração Z se sentiram mais ansiosos no trabalho, quase o dobro das gerações anteriores. Ambientes tóxicos, falta de reconhecimento e não se sentirem valorizados são alguns dos principais motivos.

Samir Iásbeck

4 min de leitura
Empreendedorismo
Otimizar processos para gerar empregos de melhor qualidade e remuneração, desenvolver produtos e serviços acessíveis para a população de baixa renda e investir em tecnologias disruptivas que possibilitem a criação de novos modelos de negócios inclusivos são peças-chave nessa remontagem da sociedade no mundo

Hilton Menezes

4 min de leitura
Finanças
Em um mercado cada vez mais competitivo, a inovação se destaca como fator crucial para o crescimento empresarial. Porém, transformar ideias inovadoras em realidade requer compreender as principais fontes de fomento disponíveis no Brasil, como BNDES, FINEP e Embrapii, além de adotar uma abordagem estratégica na elaboração de projetos robustos.

Eline Casalosa

4 min de leitura
Empreendedorismo
A importância de uma cultura organizacional forte para atingir uma transformação de visão e valores reais dentro de uma empresa

Renata Baccarat

4 min de leitura