ESG

ESG e a expansão de negócios de impacto socioambiental

Explorando como a integração de práticas ESG e o crescimento dos negócios de impacto socioambiental estão transformando o setor corporativo e promovendo um desenvolvimento mais sustentável e responsável.
Coordenadora do Projeto InovAtiva de Impacto Socioambiental e Head de Aceleração do Impact Hub São Paulo. Apaixonada por negócios de impacto social, comunicação e política internacional. Gestora de Projetos Sociais pela Ink Inspira e voluntária do Global Shapers Florianópolis.

Compartilhar:

O compromisso de empresas com práticas sustentáveis e de responsabilidade social vem crescendo progressivamente. Não é à toa que o termo ESG (abreviação em inglês de environmental, social and governance), que se refere à adoção de melhores práticas ambientais, sociais e de governança, ganha destaque dentro do setor corporativo em todo o mundo.

O conceito surgiu por meio de uma provocação do então secretário-geral da ONU, Kofi Annan, a 50 CEOs de grandes instituições financeiras para considerarem a sustentabilidade em seus investimentos. A partir daí, foi publicada a obra Who Cares Wins (Ganha Quem se Importa), em 2004, por meio de uma parceria entre o Banco Mundial, o Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU) e instituições financeiras de nove países. O texto estabelece bases para investimentos sustentáveis e, mesmo tendo começado no mercado financeiro, expandiu-se para o mercado empresarial.

Como parte da agenda estratégica das companhias – priorizando todas as partes interessadas ao invés de focar exclusivamente no lucro – os investimentos em ESG nas organizações devem chegar a US$ 53 trilhões até 2025, segundo o relatório ESG Radar 2023, realizado pela consultoria Infosys. Esse investimento também gera retorno financeiro às instituições, já que, conforme o estudo, 90% dos entrevistados afirmaram que as iniciativas de ESG mostram retornos financeiros positivos.

# ESG x negócios de impacto

A relação entre ESG e negócios de impacto socioambiental é profunda e ambos os conceitos estão ligados ao compromisso das empresas com práticas sustentáveis e responsáveis. Enquanto o ESG se concentra em garantir que as empresas incorporem considerações ambientais, sociais e de governança em suas estratégias e práticas, os empreendimentos de impacto socioambiental são especificamente dedicados a desenvolver soluções que endereçam desafios ambientais e sociais complexos.

Outro ponto de conexão está relacionado ao investimento em inovação e tecnologia. Isso porque, negócios de impacto socioambiental desenvolvem soluções e ferramentas de base tecnológica para abordar questões socioambientais. Essas soluções podem variar de tecnologias limpas e renováveis a plataformas digitais que promovem inclusão social e acesso a serviços básicos, aspectos ligados diretamente aos princípios ESG.

O investimento responsável também é um ponto compartilhado entre as instituições de impacto e estratégias de ESG. Uma vez que investidores e instituições parceiras consideram critérios ambientais, sociais e de governança em suas decisões de investimento, já estão mais propensos a apoiar startups e negócios de impacto socioambiental. Isso acontece, especialmente, porque essas empresas seguem alinhadas a valores e objetivos de investimento responsável e sustentável.

# Expansão de negócios de impacto socioambiental

Reconhecidos por sua contribuição positiva para o meio ambiente e a sociedade, os negócios de impacto socioambiental vêm ganhando força ao longo dos últimos anos. Para se ter uma ideia, o Observatório Sebrae Startups divulgou pela primeira vez relatório que aponta que o país possui 408 empresas desse segmento. O número representa um crescimento considerável, visto que, só em 2023, foram criadas 97 startups no setor – 22 a mais do que no ano anterior.

Em termos de sustentabilidade, a pesquisa mostra que 79% são voltados para resolver problemas da área ambiental; cerca de 18,7% atuam com a reciclagem e gestão de resíduos; 18,3% buscam reduzir as emissões de gases de efeito estufa; e 17,5% tratam do uso sustentável dos recursos naturais. Na área social, dar suporte ao empreendedorismo e à inclusão social de grupos minoritários são os destaques, sendo 10,9% e 10,1%, respectivamente.

Vale ressaltar que, como critério, empresas desse segmento são avaliadas conforme o impacto positivo que geram para o meio ambiente e para a sociedade, somados ao seu desempenho financeiro.

Por fim, é inegável observar que o ESG e os empreendimentos de impacto socioambiental compartilham de uma missão em comum: promover práticas empresariais sustentáveis e responsáveis. E o crescimento de modelos de negócio voltados a esses valores são essenciais para o desenvolvimento de uma sociedade mais justa, equitativa e sustentável para as gerações futuras.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Organização

A difícil arte de premiar sem capitular

Desde Alfred Nobel, o ato de reconhecer os feitos dos seres humanos não é uma tarefa trivial, mas quando bem-feita costuma resultar em ganho reputacional para que premia e para quem é premiado

Tecnologias exponenciais
A IA não é só para tech giants: um plano passo a passo para líderes transformarem colaboradores comuns em cientistas de dados — usando ChatGPT, SQL e 360 horas de aprendizado aplicado

Rodrigo Magnago

21 min de leitura
ESG
No lugar de fechar as portas para os jovens, cerque-os de mentores e, por que não, ofereça um exemplar do clássico americano para cada um – eles sentirão que não fazem apenas parte de um grupo estereotipado, mas que são apenas jovens

Daniela Diniz

05 min de leitura
Empreendedorismo
O Brasil já tem 408 startups de impacto – 79% focadas em soluções ambientais. Mas o verdadeiro potencial está na combinação entre propósito e tecnologia: ferramentas digitais não só ampliam o alcance dessas iniciativas, como criam um ecossistema de inovação sustentável e escalável

Bruno Padredi

7 min de leitura
Finanças
Enquanto mulheres recebem migalhas do venture capital, fundos como Moon Capital e redes como Sororitê mostram o caminho: investir em empreendedoras não é ‘caridade’ — é fechar a torneira do vazamento de talentos e ideias que movem a economia

Ana Fontes

5 min de leitura
Empreendedorismo
Desde Alfred Nobel, o ato de reconhecer os feitos dos seres humanos não é uma tarefa trivial, mas quando bem-feita costuma resultar em ganho reputacional para que premia e para quem é premiado

Ivan Cruz

7 min de leitura
ESG
Resgatar nossas bases pode ser a resposta para enfrentar esta epidemia

Lilian Cruz

5 min de leitura
Liderança
Como a promessa de autonomia virou um sistema de controle digital – e o que podemos fazer para resgatar a confiança no ambiente híbrido.

Átila Persici

0 min de leitura
Liderança
Rússia vs. Ucrânia, empresas globais fracassando, conflitos pessoais: o que têm em comum? Narrativas não questionadas. A chave para paz e negócios está em ressignificar as histórias que guiam nações, organizações e pessoas

Angelina Bejgrowicz

6 min de leitura
Empreendedorismo
Macro ou micro reducionismo? O verdadeiro desafio das organizações está em equilibrar análise sistêmica e ação concreta – nem tudo se explica só pela cultura da empresa ou por comportamentos individuais

Manoel Pimentel

0 min de leitura
Gestão de Pessoas
Aprender algo novo, como tocar bateria, revela insights poderosos sobre feedback, confiança e a importância de se manter na zona de aprendizagem

Isabela Corrêa

0 min de leitura