Diversidade

O mercado de trabalho realmente está de portas abertas para a diversidade?

As portas da igualdade e equidade já deveriam estar totalmente abertas para talentos de grupos minorizados no Brasil. Mas essa não é a realidade ainda. Já passou da hora das empresas começarem a se questionar se estão fazendo o suficiente para mudar esse cenário
Fundadora e CEO da Blend Edu, startup que já tem em seu portfólio empresas como 3M, TIM, Reserva, Movile, Grupo Fleury, TechnipFMC, Prumo Logística, brMalls etc. Thalita também está presente na lista da Forbes Under 30 de 2019, como uma dos 6 jovens destaques na categoria Terceiro Setor e Empreendedorismo Social.

Compartilhar:

Ao longo dos últimos dois anos, tenho me feito a seguinte pergunta: será que o mercado de trabalho realmente está de portas abertas para a diversidade?

O Brasil é um dos países mais diversos do mundo na composição da sua população. De acordo com dados do IBGE e Datafolha, somos 52% mulheres, 56% negros, 24% PCD, 9% LGBTI+ e cerca de 1% de pessoas trans. Porém, o cenário muda drasticamente quando olhamos para os espaços de poder, tomada de decisão e liderança dentro das maiores organizações.

![Gráfico 1 (2)](//images.ctfassets.net/ucp6tw9r5u7d/7vMmZjn1Y5PU2o0y1XVWHd/efdae5cc939d545e5718d8e47e8350af/Gr_fico_1__2_.png)

Ou seja, em um País como o nosso, onde as portas da igualdade e equidade deveriam estar totalmente abertas, garantindo que talentos de grupos minorizados tenham a oportunidade de participar plenamente do mercado de trabalho, ainda precisamos lidar com muros difíceis de escalar.

## E o que as empresas estão fazendo para ampliar a representatividade?
Ao longo dos últimos anos, vimos avanços importantes nas iniciativas de ESG e diversidade no ambiente corporativo. A pesquisa de benchmarking *[Panorama das estratégias de diversidade no Brasil em 2022 e tendências para 2023](https://conteudo.blend-edu.com/relatorio-benchmarking-diversidade-2022?material_baixado_hidden=benchmarking_2022)* mostrou que ações de atração, recrutamento e seleção de talentos diversos está entre as 11 mais implementadas pelas organizações que possuem programas estruturados de D&I.

![Gráfico 2 (2)](//images.ctfassets.net/ucp6tw9r5u7d/1vRPEJ0KXOAC8TcYH5o8GV/271bef3569a86eb988b65e3176f8cd87/Gr_fico_2__2_.png)

Esse dado não é tão diferente do que apontado recentemente pela Pesquisa Ethos/Época de Inclusão. Dentre as empresas participantes, foi observado que apenas:

– 58% afirmam dispor de programa para a contratação de mulheres, contendo indicadores, metas e meios de acompanhamento;
– 35% afirmam dispor de um programa para a contratação de pessoas negras, com indicadores, metas e meios de acompanhamento;
– 22% afirmam dispor de programa para a contratação de pessoas trans (travestis, transexuais ou pessoas não binárias), com indicadores, metas e meios de acompanhamento.

O único índice com um percentual mais elevado foi o de programas voltados para a contratação de pessoas com deficiência (78%), provavelmente impulsionado pela necessidade de atendimento da cota de inclusão de pessoas com deficiência.

## Nossos esforços estão sendo o bastante para impulsionar a empregabilidade de grupos minorizados?
Dados levantados pela empresa Gupy mostraram que apenas 1% das oportunidades publicadas em sua plataforma são vagas afirmativas. Este ainda é um número extremamente pequeno diante dos *gap’s* tão gigantes que existem no mercado.

Para tornar o cenário ainda mais crítico, o levantamento *[Diversidade e Inclusão – o impacto da marca empregadora](https://blog-forbusiness.vagas.com.br/diversidade-inclusao-impacto-marca-empregadora/#:~:text=O%20levantamento%20%E2%80%9CDiversidade%20e%20Inclus%C3%A3o,lo%20(46%2C9%25).)* também mostrou que a maioria dos profissionais que atuam com atração conhecem o conceito de viés inconsciente (85,6%), mas quase a metade deles não faz ideia de como evitá-lo (46,9%).

Ou seja, nem estamos impulsionando oportunidades afirmativas na proporção que precisamos, nem estamos mitigando os vieses e os preconceitos que impedem talentos minorizados de ascender profissionalmente.

## Diversidade é o caminho para a inovação, criatividade, crescimento social e econômico
Entendemos que, quando pessoas diferentes se unem, novas ideias florescem, e a capacidade de resolver problemas complexos se amplia. Sabemos que deve ser do interesse de todas as pessoas que o mercado de trabalho seja verdadeiramente diverso, equânime e inclusivo.

É imperativo que questionemos se nossas empresas estão realmente de portas abertas para a diversidade. E mais do que isso, que sejamos protagonistas de uma transformação.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Tecendo caminhos de Baku para Belém

Entre nós e o futuro desejado, está a habilidade de tecer cada nó de um intricado tapete que une regeneração, adaptação e compromisso climático — uma jornada que vai de Baku a Belém, com a Amazônia como palco central de um novo sistema econômico sustentável.

Empreendedorismo
Saiba como transformar escassez em criatividade, ativar o potencial das pessoas e liderar mudanças com agilidade e desapego com 5 hacks práticos que ajudam empresas a inovar e crescer mesmo em tempos de incerteza.

Alexandre Waclawovsky

4 min de leitura
ESG
Para 70% das empresas brasileiras, o maior desafio na comunicação interna é engajar gestores a serem comunicadores dentro das equipes

Nayara Campos

7 min de leitura
Gestão de Pessoas
A liderança C-Level como pilar estratégico: a importância do desenvolvimento contínuo para o sucesso organizacional e a evolução da empresa.

Valéria Pimenta

4 min de leitura
Gestão de Pessoas
Um convite para refletir sobre como empresas e líderes podem se adaptar à nova mentalidade da Geração Z, que valoriza propósito, flexibilidade e experiências diversificadas em detrimento de planos de carreira tradicionais, e como isso impacta a cultura corporativa e a gestão do talento.

Valeria Oliveira

6 min de leitura
Empreendedorismo
Um guia para a liderança se antecipar às consequências não intencionais de suas decisões

Lilian Cruz e Andréa Dietrich

4 min de leitura
ESG
Entre nós e o futuro desejado, está a habilidade de tecer cada nó de um intricado tapete que une regeneração, adaptação e compromisso climático — uma jornada que vai de Baku a Belém, com a Amazônia como palco central de um novo sistema econômico sustentável.

Bruna Rezende

5 min de leitura
ESG
Crescimento de reclamações à ANS reflete crise na saúde suplementar, impulsionada por reajustes abusivos e falta de transparência nos planos de saúde. Empresas enfrentam desafios para equilibrar custos e atender colaboradores. Soluções como auditorias, BI e humanização do atendimento surgem como alternativas para melhorar a experiência dos beneficiários e promover sustentabilidade no setor.
4 min de leitura
Finanças
Brasil enfrenta aumento de fraudes telefônicas, levando Anatel a adotar medidas rigorosas para proteger consumidores e empresas, enquanto organizações investem em tecnologia para garantir segurança, transparência e uma comunicação mais eficiente e personalizada.

Fábio Toledo

4 min de leitura
Finanças
A recente vitória de Donald Trump nos EUA reaviva o debate sobre o protecionismo, colocando em risco o acesso do Brasil ao segundo maior destino de suas exportações. Porém, o país ainda não está preparado para enfrentar esse cenário. Sua grande vulnerabilidade está na dependência de um número restrito de mercados e produtos primários, com pouca diversificação e investimentos em inovação.

Rui Rocha

0 min de leitura
Finanças
O Revenue Operations (RevOps) está em franca expansão global, com estimativa de que 75% das empresas o adotarão até 2025. No Brasil, empresas líderes, como a 8D Hubify, já ultrapassaram as expectativas, mais que dobrando o faturamento e triplicando o lucro ao integrar marketing, vendas e sucesso do cliente. A Inteligência Artificial é peça-chave nessa transformação, automatizando interações para maior personalização e eficiência.

Fábio Duran

3 min de leitura