Tecnologia e inovação

Seu RH já está orientado a dados?

Provavelmente não. Veja como reverter esse quadro e se beneficiar do people analytics
Maria Clara Lopes é colaboradora da revista HSM Management.

Compartilhar:

Com os algoritmos e inteligência artificial invadindo cada vez mais a vida cotidiana e no hype das redes sociais, é surpreendente que uma área estratégica como a de gestão de pessoas ainda esteja com um grau tão baixo de adesão à tecnologia. Segundo o estudo *Como o RH tem usado a tecnologia*, realizado pela Falconi em parceria com a Think Work, 69% dos entrevistados disseram que a gestão de sua empresa é pouco ou nada orientada a dados. “O nível de utilização ainda é muito baixo”, confirmou Fernando Ladeira, diretor de Soluções de Gente da Falconi. “As decisões de pessoas nas empresas ainda são muito qualitativas e baseadas em percepções”, explica ele.

E quem usa? Da amostra entrevistada, 28% dizem que a inteligência de dados está muito presente na organização, e apenas 3% afirmam estar totalmente presente, sendo usada diariamente pelas lideranças na sua tomada de decisão. E, para esse grupo, os benefícios compensam o investimento: 86% relatam melhoria significativa na tomada de decisão na empresa, 59% dizem antecipar situações futuras, o que possibilita ação preventiva e 51% dizem que torna a gestão de pessoas mais objetiva. E a gestão das equipes pela liderança ficou melhor para 44%.

Sendo assim, por que a maioria não usa? Pela pesquisa, o principal fator apresentado é a falta de uma cultura orientada a dados (49%), seguido por falta de profissionais com expertise necessária dentro da empresa (37%) e a dificuldade de integrar os sistemas da organização em terceiro.

Para Ladeira, no entanto, existe outra causa, que está, de certa forma, ligada à grande expansão do mercado de HRtechs nos últimos três anos e ao grande volume de dados gerados por elas, mas que ainda não estão integrados. “Ainda é novo para as empresas começarem a organizar todos os dados que as startups trouxeram para dentro em informações úteis”, avalia. Quando se coloca todos os dados para conversar, se consegue insights poderosos, avalia o executivo.

Outro motivo é ainda uma crença de que o uso de dados “coisifica” as pessoas. “O que vemos é justamente o contrário”, conta ele, principalmente nas empresas grandes. “Qual é a chance de um RH conhecer as 40 mil pessoas que trabalham em uma empresa? Nenhuma. São os líderes, que não necessariamente têm skills, que conhecem as pessoas. Então a tecnologia entra como suporte. Sozinha ela não faz nada”, argumenta.

Com praticamente 70% das empresas ainda sem esse instrumental, qual o caminho? Para Fernando Ladeira, primeiro é preciso começar pequeno. “Não adianta querer abraçar o mundo e querer fazer coisas muito mirabolantes”. Ele recomenda que o RH comece compartilhando insights com as lideranças. “Gente definitivamente não é um tema só de RH, é tema de CEO, de todo mundo”. Como, bem lembra ele, a linguagem dos executivos de negócios é mais pragmática, a segunda recomendação é que se crie bons casos para dialogar com os executivos de negócio, e a terceira é cuidar bem dos dados.

Os dados de RH estão, atualmente, dispersos em cerca de sete sistemas diferentes, desde folha, passando por gestão de desempenho, entre outros. “Para esses casos, a gente normalmente recomenda que cuidem bem dos seus dados e organizem tudo em um mesmo lugar, porque bons insights só são gerados quando os dados das diversas aplicações conversam entre si”, pontua.

## O caminho para a predição
Frente a um mercado em que convivem tantas soluções diferentes, o foco da Falconi foi criar uma solução que potencialize o people analytics. Fernando Ladeira explica que ela se divide em três grandes etapas. A primeira é a construção de um data lake (um repositório utilizado para armazenar todos os dados, estruturados ou não). “É a parte dura, como se fossemos criar o saneamento básico de uma cidade”, compara o diretor da Falconi. Os dados de todos os sistemas da empresa são consolidados nessa base única, que permite cruzar as informações das pessoas.

A segunda etapa é alimentar a inteligência artificial. “Com as informações unificadas, o algoritmo faz testes de hipóteses – um problema de turnover, por exemplo – e, em uma análise multivariável, ele analisa quais são as mais importantes para resolver o problema”, detalha Ladeira. A terceira etapa é justamente explorar essas informações, entender as causas, porque foram ou não priorizadas. As informações geram insights seja para o profissional de RH, seja para o business partner ou para a liderança. “A grande sacada do people analytics é o casamento do humano com o tecnológico”.

O uso da predição ajuda, inclusive, as lideranças a serem mais assertivas em sua comunicação com o colaborador. Fernando Ladeira conta que, em uma conversa difícil, a análise ajuda a subsidiar um feedback trazendo, por exemplo, causas de comportamentos, o que ajuda o líder a abordar o tema de uma forma diferente.

Veja, a seguir, outros resultados do estudo *Como o RH tem usado a tecnologia*.

![WhatsApp Image 2022-12-07 at 14.05.50](//images.ctfassets.net/ucp6tw9r5u7d/ukEsIrcFLbQG7y0Fj2MHI/cd24847b4d008eebde61c65ccbcd6c09/WhatsApp_Image_2022-12-07_at_14.05.50.jpeg)

![WhatsApp Image 2022-12-07 at 14.05.50 (1)](//images.ctfassets.net/ucp6tw9r5u7d/4NQYJ8v4ZD2dklui1kvK7Z/8fae9ba12bf169d4a0317d50773fd6b0/WhatsApp_Image_2022-12-07_at_14.05.50__1_.jpeg)

![WhatsApp Image 2022-12-07 at 14.05.51](//images.ctfassets.net/ucp6tw9r5u7d/1dYUdeYZKiKfD8YODZCWCY/17441411eb91190861d15dd34798c4f5/WhatsApp_Image_2022-12-07_at_14.05.51.jpeg)

![WhatsApp Image 2022-12-07 at 14.05.51 (1)](//images.ctfassets.net/ucp6tw9r5u7d/5Ekn7kcweYjw7X6xATqRGs/cd8bbf67358af0dd72dc106857176c20/WhatsApp_Image_2022-12-07_at_14.05.51__1_.jpeg)

![WhatsApp Image 2022-12-07 at 14.05.51 (2)](//images.ctfassets.net/ucp6tw9r5u7d/7i0biZrBCVm9oKho3Ry8LE/2f4fdc72134952935bad4fccbde5f2a1/WhatsApp_Image_2022-12-07_at_14.05.51__2_.jpeg)

![WhatsApp Image 2022-12-07 at 14.05.51 (3)](//images.ctfassets.net/ucp6tw9r5u7d/7cMGPNqmsWjbqi3NCZKSG/69c1b31bfa4995ebef9cd5660b87a2ac/WhatsApp_Image_2022-12-07_at_14.05.51__3_.jpeg)

![WhatsApp Image 2022-12-07 at 14.05.52](//images.ctfassets.net/ucp6tw9r5u7d/5mWzoGAIgJmOAxPnVdz759/3851248423ad5520d04dcfba949a3291/WhatsApp_Image_2022-12-07_at_14.05.52.jpeg)

Compartilhar:

Artigos relacionados

Reputação sólida, ética líquida: o desafio da integridade no mundo corporativo

No mundo corporativo, reputação se constrói com narrativas, mas se sustenta com integridade real – e é justamente aí que muitas empresas tropeçam. É o momento de encarar os dilemas éticos que atravessam culturas organizacionais, revelando os riscos de valores líquidos e o custo invisível da incoerência entre discurso e prática.

Vivemos a reinvenção do CEO?

Está na hora de entender como o papel de CEO deixou de ser sinônimo de comando isolado para se tornar o epicentro de uma liderança adaptativa, colaborativa e guiada por propósito. A era do “chefão” dá lugar ao maestro estratégico que rege talentos diversos em um cenário de mudanças constantes.

Preparando-se para a liderança na Era da personalização

Liderar hoje exige muito mais do que seguir um currículo pré-formatado. O que faz sentido para um executivo pode não ressoar em nada para outro. A forma como aprendemos precisa acompanhar a velocidade das mudanças, os contextos individuais e a maturidade de cada trajetória profissional. Chegou a hora de parar de esperar por soluções genéricas – e começar a desenhar, com propósito, o que realmente nos prepara para liderar.

Cultura organizacional, ESG, Gestão de pessoas, Liderança, Marketing
5 de agosto de 2025
No mundo corporativo, reputação se constrói com narrativas, mas se sustenta com integridade real - e é justamente aí que muitas empresas tropeçam. É o momento de encarar os dilemas éticos que atravessam culturas organizacionais, revelando os riscos de valores líquidos e o custo invisível da incoerência entre discurso e prática.

Cristiano Zanetta

6 minutos min de leitura
Inteligência artificial e gestão, Estratégia e Execução, Transformação Digital, Gestão de pessoas
29 de julho de 2025
Adotar IA deixou de ser uma aposta e se tornou urgência competitiva - mas transformar intenção em prática exige bem mais do que ambição.

Vitor Maciel

3 minutos min de leitura
Carreira, Aprendizado, Desenvolvimento pessoal, Lifelong learning, Pessoas, Sociedade
27 de julho de 2025
"Tudo parecia perfeito… até que deixou de ser."

Lilian Cruz

5 minutos min de leitura
Inteligência Artificial, Gestão de pessoas, Tecnologia e inovação
28 de julho de 2025
A ascensão dos conselheiros de IA levanta uma pergunta incômoda: quem de fato está tomando as decisões?

Marcelo Murilo

8 minutos min de leitura
Liderança, Cultura organizacional, Liderança
25 de julho de 2025
Está na hora de entender como o papel de CEO deixou de ser sinônimo de comando isolado para se tornar o epicentro de uma liderança adaptativa, colaborativa e guiada por propósito. A era do “chefão” dá lugar ao maestro estratégico que rege talentos diversos em um cenário de mudanças constantes.

Bruno Padredi

2 minutos min de leitura
Desenvolvimento pessoal, Carreira, Carreira, Desenvolvimento pessoal
23 de julho de 2025
Liderar hoje exige muito mais do que seguir um currículo pré-formatado. O que faz sentido para um executivo pode não ressoar em nada para outro. A forma como aprendemos precisa acompanhar a velocidade das mudanças, os contextos individuais e a maturidade de cada trajetória profissional. Chegou a hora de parar de esperar por soluções genéricas - e começar a desenhar, com propósito, o que realmente nos prepara para liderar.

Rubens Pimentel

4 minutos min de leitura
Pessoas, Cultura organizacional, Gestão de pessoas, Liderança, times e cultura, Liderança, Gestão de Pessoas
23 de julho de 2025
Entre idades, estilos e velocidades, o que parece distância pode virar aprendizado. Quando escuta substitui julgamento e curiosidade toma o lugar da resistência, as gerações não competem - colaboram. É nessa troca sincera que nasce o que importa: respeito, inovação e crescimento mútuo.

Ricardo Pessoa

5 minutos min de leitura
Liderança, Marketing e vendas
22 de julho de 2025
Em um mercado saturado de soluções, o que diferencia é a história que você conta - e vive. Quando marcas e líderes investem em narrativas genuínas, construídas com propósito e coerência, não só geram valor: criam conexões reais. E nesse jogo, reputação vale mais que visibilidade.

Anna Luísa Beserra

5 minutos min de leitura
Tecnologia e inovação
15 de julho 2025
Em tempos de aceleração digital e inteligência artificial, este artigo propõe a literacia histórica como chave estratégica para líderes e organizações: compreender o passado torna-se essencial para interpretar o presente e construir futuros com profundidade, propósito e memória.

Anna Flávia Ribeiro

17 min de leitura
Inovação
15 de julho de 2025
Olhar para um MBA como perda de tempo é um ponto cego que tem gerado bastante eco ultimamente. Precisamos entender que, num mundo complexo, cada estudo constrói nossas perspectivas para os desafios cotidianos.

Frederike Mette e Paulo Robilloti

6 min de leitura