Business content, E-dossiê: Gestão de times de híbridos, Gestão de pessoas

Aqui estão algumas ideias para gerenciar um time híbrido

Não voltaremos ao modelo de trabalho pré-pandemia. Adaptação e flexibilidade são as competências essenciais do momento
Leonardo Pujol e Paulo César Teixeira são colaboradores de HSM Management.

Compartilhar:

Com a eclosão da covid-19, em março de 2020, as empresas se viram obrigadas a adotar abruptamente o trabalho remoto. Não havia opção – tratava-se de uma emergência sanitária. Com o avanço da vacinação, porém, a retomada de cenários anteriores à pandemia aos poucos começa a se tornar realidade. Será que queremos voltar àquele passado?

Na verdade, seria um tremendo retrocesso voltarmos ao modelo de trabalho predominante no início de 2020. O home office se mostrou produtivo e prazeroso para boa parcela das pessoas, de modo que os gestores se veem agora diante de uma nova realidade, que tem tudo para ficar: os [times híbridos](https://www.revistahsm.com.br/dossie/gestao-de-times-hibridos).

O que se anuncia é um sistema no qual uma parte do trabalho é conduzida presencialmente no escritório e outra parte de forma remota, a distância.[ As empresas ainda estão buscando](https://www.revistahsm.com.br/post/como-gerenciar-o-escritorio-na-era-do-trabalho-hibrido) o modelo que melhor atende às próprias necessidades. De maneira geral, o trabalho remoto tende a preencher entre 25% e 75% do tempo de trabalho, de acordo com as consultorias de gestão, tecnologia da informação e outsourcing.

## O que é um time híbrido?

Com a junção dos dois tipos de regime de trabalho, uma definição atualizada de [time híbrido](https://www.revistahsm.com.br/post/times-hibridos-resultados-de-um-metodo-pratico) consiste em uma equipe formada por pessoas que escolhem onde trabalhar. Desse modo, algumas delas atuam em tempo integral no escritório, outras full time em casa, enquanto um terceiro grupo alterna as duas modalidades ao longo da semana.

Essa tendência se confirma ao menos na preferência das equipes, que comprovaram adaptabilidade aos novos tempos, conforme pesquisa da Accenture produzida em março deste ano, com 9.326 trabalhadores em 11 países, incluindo o Brasil. Pela consulta, 40% dos entrevistados sentem que podem ser produtivos e saudáveis, seja em [home office](https://blog.vee.digital/home-office-tendencias-e-dicas-para-melhorar-o-seu-rendimento/), trabalhando em local específico ou ainda em uma combinação de ambos os modelos.

## Mudança de cultura

Embora tome corpo a cada dia, a ideia dos times híbridos ainda encontra certa resistência entre [lideranças](https://blog.vee.digital/lideranca-humanizada/). Levantamento da Society for Human Resource Management (SHRM), por exemplo, indicou que, nos Estados Unidos, 72% dos chefes preferem que os funcionários trabalhem no escritório. Além do mais, dois terços estão convencidos de que home office em tempo integral é prejudicial para os objetivos de carreira de seus colaboradores.

A opinião é chancelada por Peter Cappelli, diretor do Centro de Recursos Humanos e professor de administração da Wharton School of Business, da University of Pennsylvania. Em seu novo livro, *[Work from Home, Remote Work, and the Hard Choices We All Face](https://www.upenn.edu/pennpress/book/16379.html)*, o especialista afirma que quem quiser subir na hierarquia da empresa terá que voltar ao escritório. Em outras palavras: quem optar pelo 100% online tem grandes chances de sair perdendo.

Estamos frente a uma mudança de hábitos que colide com uma reação cultural, sugere Johnny C. Taylor, CEO da SHRM. “O ditado ‘longe dos olhos, longe do coração’ explica por que esse sentimento existe entre os chefes e mostra como a ideia do trabalho cara a cara está profundamente arraigada em nossa cultura.”

É provável que a resistência esteja relacionada a uma concepção de “comando e controle”, que ainda prevalece na maioria das lideranças, o que pode determinar obstáculos para a transformação digital das companhias. Afinal, inovação exige, necessariamente, uma cultura colaborativa entre os diferentes níveis de hierarquia.

## Preparação de lideranças

Para a gestão de times híbridos, a figura que se impõe é a do [líder facilitador](https://www.revistahsm.com.br/post/lider-facilitador-tem-algum-na-sua-empresa), em contraposição à liderança que adota o lema “comando e controle”. Jair Moggi, sócio-diretor da Adigo, consultoria de desenvolvimento de lideranças que trabalha com grandes empresas, explica que facilitador é o líder “coaching e comunicação” por excelência.

Essa interpretação coincide com a avaliação de Maya Middlemiss, especialista em trabalho remoto, com sede em Valência, na Espanha, para quem gerenciar uma equipe remota exige novas habilidades. “Muita gente está despreparada. Não é de se estranhar que estejamos tendo uma reação negativa, e que as pessoas que não se adaptaram bem a essa forma de gestão de grupo preferem ter todos de volta ao local de trabalho.”

## Cultura e tecnologia ajudam na mudança

Se, nos últimos meses, os gestores enfrentaram dificuldades para supervisionar times completamente remotos, é de se imaginar que gerenciar times híbridos, com pessoas em diferentes locais e às vezes até com fusos horários diferentes, será tão ou mais desafiador.

Como manter a comunicação entre os profissionais, de que maneira alinhar os objetivos e validá-los? Como preservar a proximidade com cada colaborador? De que modo incentivar a coesão de um time que não se encontra presencialmente? Como organizar as agendas? São perguntas que preocupam os gestores nessa fase de transição para novos sistemas de trabalho.

Veja algumas sugestões que poderão ajudar na gestão de times híbridos.

– Faça encontros diários de 10 a 15 minutos, que contribuem para alinhar a comunicação. Em caso de temas muito específicos, essas reuniões podem se limitar aos principais envolvidos.
– [Ferramentas](https://blog.vee.digital/ferramentas-de-produtividade-na-gestao-remota/) como videoconferência, mensagens e chats agora são imprescindíveis. Algumas empresas priorizam o WhatsApp, mas, para não misturar uso pessoal e profissional, outros aplicativos podem ser utilizados, como Slack ou Discord.
– As soluções na nuvem fazem com que as equipes não dependam de servidores locais para acessar arquivos quando não se encontram no escritório, casos do hub do Google ou da Microsoft.
– Mesmo durante as reuniões presenciais, é aconselhável criar um link para chamada de vídeo, caso alguém esteja trabalhando fora do escritório naquele momento.
– Nos encontros presenciais, documentos e informações devem estar disponíveis online, para acesso de todos os participantes.

Não se deve subestimar também questões aparentemente subjetivas, como a sensação de isolamento e solidão dos que estão trabalhando remotamente. Fora isso, é preciso adotar ações para evitar rivalidades entre quem está presencial ou não, o que representaria grave prejuízo para a conexão do time.

– Crie um grupo em aplicativos de mensageria focado em temas não relacionados ao trabalho, com espaço para memes, sugestões de filmes, livros, músicas, etc.
– No início ou ao final da reunião, reserve um tempo para conversas pessoais e relaxantes.
– Agende encontros remotos focados apenas em se divertir e se conectar, tais como happy hour ou um jogo do qual todos participem.

É hora de adaptação e flexibilidade para encarar os novos tempos.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Quando a IA desafia o ESG: o dilema das lideranças na era algorítmica

A inteligência artificial está reconfigurando decisões empresariais e estruturas de poder. Sem governança estratégica, essa tecnologia pode colidir com os compromissos ambientais, sociais e éticos das organizações. Liderar com consciência é a nova fronteira da sustentabilidade corporativa.

Semana Mundial do Meio Ambiente: desafios e oportunidades para a agenda de sustentabilidade

Construímos um universo de possibilidades. Mas a pergunta é: a vida humana está realmente melhor hoje do que 30 anos atrás? Enquanto brasileiros — e guardiões de um dos maiores biomas preservados do planeta — somos chamados a desafiar as retóricas de crescimento e consumo atuais. Se bem endereçados, tais desafios podem nos representar uma vantagem competitiva e um fôlego para o planeta

Tecnologia, mãe do autoetarismo

Ninguém fala disso, mas muitos profissionais mais velhos estão discriminando a si mesmos com a tecnofobia. Eles precisam compreender que a revolução digital não é exclusividade dos jovens

Tecnologias exponenciais
A inteligência artificial está reconfigurando decisões empresariais e estruturas de poder. Sem governança estratégica, essa tecnologia pode colidir com os compromissos ambientais, sociais e éticos das organizações. Liderar com consciência é a nova fronteira da sustentabilidade corporativa.

Marcelo Murilo

7 min de leitura
ESG
Projeto de mentoria de inclusão tem colaborado com o desenvolvimento da carreira de pessoas com deficiência na Eurofarma

Carolina Ignarra

6 min de leitura
Saúde mental, Gestão de pessoas
Como as empresas podem usar inteligência artificial e dados para se enquadrar na NR-1, aproveitando o adiamento das punições para 2026
0 min de leitura
ESG
Construímos um universo de possibilidades. Mas a pergunta é: a vida humana está realmente melhor hoje do que 30 anos atrás? Enquanto brasileiros — e guardiões de um dos maiores biomas preservados do planeta — somos chamados a desafiar as retóricas de crescimento e consumo atuais. Se bem endereçados, tais desafios podem nos representar uma vantagem competitiva e um fôlego para o planeta

Filippe Moura

6 min de leitura
Carreira, Diversidade
Ninguém fala disso, mas muitos profissionais mais velhos estão discriminando a si mesmos com a tecnofobia. Eles precisam compreender que a revolução digital não é exclusividade dos jovens

Ricardo Pessoa

4 min de leitura
ESG
Entenda viagens de incentivo só funcionam quando deixam de ser prêmios e viram experiências únicas

Gian Farinelli

6 min de leitura
Liderança
Transições de liderança tem muito mais relação com a cultura e cultura organizacional do que apenas a referência da pessoa naquela função. Como estão estas questões na sua empresa?

Roberto Nascimento

6 min de leitura
Inovação
Estamos entrando na era da Inteligência Viva: sistemas que aprendem, evoluem e tomam decisões como um organismo autônomo. Eles já estão reescrevendo as regras da logística, da medicina e até da criatividade. A pergunta que nenhuma empresa pode ignorar: como liderar equipes quando metade delas não é feita de pessoas?

Átila Persici

6 min de leitura
Gestão de Pessoas
Mais da metade dos jovens trabalhadores já não acredita no valor de um diploma universitário — e esse é só o começo da revolução que está transformando o mercado de trabalho. Com uma relação pragmática com o emprego, a Geração Z encara o trabalho como negócio, não como projeto de vida, desafiando estruturas hierárquicas e modelos de carreira tradicionais. A pergunta que fica: as empresas estão prontas para se adaptar, ou insistirão em um sistema que não conversa mais com a principal força de trabalho do futuro?

Rubens Pimentel

4 min de leitura
Tecnologias exponenciais
US$ 4,4 trilhões anuais. Esse é o prêmio para empresas que souberem integrar agentes de IA autônomos até 2030 (McKinsey). Mas o verdadeiro desafio não é a tecnologia – é reconstruir processos, culturas e lideranças para uma era onde máquinas tomam decisões.

Vitor Maciel

6 min de leitura