Assunto pessoal

Você não é o que você faz

Num momento em que o limite entre vida pessoal e profissional está cada vez mais tênue, como separar sua identidade pessoal da sua profissão?

Redação de HSM Management

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Já é sabido: o mundo do trabalho está mudando, várias profissões vão desaparecer e surgirão novos papéis nos próximos anos. Mesmo assim, ainda é comum ouvirmos algo assim: “Olá, sou a Maria, jornalista”, com versões como engenheira, arquiteta de dados…

Tim Herrera, colunista de cultura digital do jornal The New York Times, trouxe à tona o problema de a separação entre identidade profissional e pessoal estar cada vez mais imprecisa, agravado pela migração para o home office desde o início da pandemia. E como a tendência, no retorno pós-pandêmico, é manter o modelo atual ou migrar para soluções híbridas, tratar essa separação com cuidado tornou-se central para a saúde mental e a produtividade de todos nós.
Herrera diz que um dos melhores conselhos sobre carreira que ouviu foi pensar em profissões como verbos e não substantivos. Dessa forma, a apresentação do início deste texto seria: “Olá, eu sou a Maria, e trabalho com jornalismo”. Herrera reconhece que fica estranho em algumas profissões – imagine um cirurgião, ou um engenheiro –, mas diz que o efeito é positivo mesmo quando a frase é dita apenas para si mesmo, mentalmente. Para ele, é um hack que ajuda a separar o que a pessoa é do que ela faz para ganhar o pão de cada dia.

## O que você vai ser quando crescer?
Com essa pergunta, desde crianças aprendemos a associar nossa identidade pessoal ao trabalho, afirma Herrera. Cria-se a percepção de que é a profissão que nos faz crescer. Ele cita Alison Green, criadora do blog Ask the Manager, que diz que, quando você gosta e é competente no que faz, fica mais difícil se desligar dessa relação. “A ideia de ser realmente bom no que se faz é algo muito poderoso”, afirma Green no artigo.

Porém, há bons motivos para você separar os dois mundos. Art Markman, professor da University of Texas em Austin e autor do livro Bring your brain to work, afirma que o dia a dia no trabalho tem altos e baixos e, se sua vida toda estiver focada no trabalho, será uma montanha-russa. Permitir que os problemas de uma das áreas da vida afetem as outras é um risco considerável para a saúde mental, que não aconteceria se houvesse um distanciamento.

Outro benefício direto é o ganho de produtividade. Não adianta sobrecarregar seu cérebro com demandas, é preciso um tempo de pausa real do trabalho. Permitir-se um tempo para o lazer, para a família, ajuda a manter a sua concentração. O que significa, muitas vezes, praticar limites que já “existem”: não responder ligações e e-mails fora da hora combinada, almoçar sem olhar as mensagens. Alison Green sugere que, se você não se sente desconfortável em fazer essa ação, pelo menos converse com seu gestor em busca de uma forma sustentável para todos.
Colocar limites não significa deixar de se importar com o trabalho, mas poder ser você mesmo nesse ambiente. Minda Harts, fundadora da Memo LCC, que desenvolve carreiras para mulheres negras, lembra que, se as pessoas são incentivadas a trazerem seu eu autêntico para o trabalho, devem ser encorajadas também a deixar de fora as partes que não gostariam de expor sem serem penalizadas.

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