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Quais são os líderes empresariais mais admirados pela comunidade de negócios brasileira? Para 71% dos jovens, 70% da média gerência e 62% dos executivos seniores, os líderes focados em desenvolver as habilidades da equipe são preferíveis àqueles que são só referência de conhecimento em sua área. Essa é a grande revelação feita pela edição de 2017 da pesquisa Carreira dos sonhos, feita pela Cia de Talentos e pela Nextview People.
Não é de hoje que as empresas discutem a necessidade do aprendizado contínuo, é claro. “Os profissionais já ouviam que precisam continuar estudando, que só graduação não basta e que a busca de conhecimento deve ser contínua”, diz Danilca Galdini, diretora da Nextview People. No entanto, o consenso de colocar a educação no centro da carreira está se formando agora, e a razão disso é que “o conteúdo técnico e formal, aquele que aprendemos nos cursos ‘tradicionais’, requer atualização muito antes do que acontecia no passado”, como completa Galdini. O mundo em que vivemos, marcado por alta volatilidade, fluxos de informações constantes e grandes incertezas, é que antecipa a obsolescência dos conteúdos.
Por sua vez, a maior necessidade de atualização leva a uma transformação dos parâmetros de liderança. Assim, os profissionais não se contentam mais com o líder que detém conhecimento. Hoje, Liderança e pessoas reportagem líder é aquela pessoa que está próxima, que ensina e, principalmente, que estimula o aprendizado. “De novo, sempre tivemos de aprender coisas novas, mas agora temos de aprender uma quantidade e variedade maior delas, e em um tempo menor”, explica Galdini.“Nesse mar revolto de conteúdo, o líder cumpre o papel de ‘filtrar’ o que é importante saber, não só para a empresa, como também para o desenvolvimento do profissional.”
A mudança é significativa: de certo modo, o líder se tornou o responsável pela empregabilidade de seus subordinados, entendendo a empregabilidade como a medida em que o profissional está preparado para assumir desafios. “Hoje, os profissionais enxergam que é no desenvolvimento dentro da empresa que eles conseguirão se abastecer de habilidades para assumir seus desafios. A percepção é de que não adianta estar preparado se não há desafio, assim como não adianta ser preparado de uma forma que não funciona na prática”, observa a diretora da Nextview People.
Não é só o paradigma de líder que muda. O paradigma da empresa também é alterado. Tanto que a busca dos profissionais, nos últimos anos, é por empresas que, acima de tudo, proporcionem oportunidades de desenvolvimento constantes. “Aprender mais é o que permite aos profissionais assumir projetos mais complexos e os deixa prontos para encarar novos desafios dentro ou fora da empresa. Esse é o círculo virtuoso que os profissionais procuram hoje”, pontua Galdini. O papel das empresas e dos líderes, em outras palavras, passa a ser o de não deixar que os colaboradores fiquem na zona de conforto.
**O QUE APRENDER, COM QUEM APRENDER**
A pesquisa _Carreira dos sonhos_ foi realizada com uma amostra significativa no Brasil: 82.173 profissionais, sendo 65.833 estudantes universitários e recém-formados, 11.804 ocupantes de cargos de coordenadores a gerentes plenos e 4.536 gestores seniores e presidentes. O mapeamento incluiu, como em todos os anos, um ranking dos líderes mais admirados, e foram seis os nomes de líderes comuns na admiração de jovens profissionais, média gerência e alta liderança. A razão? É com eles que esses três públicos gostariam de aprender. Encabeça o ranking dos jovens o cofundador da Microsoft Bill Gates; os rankings de gerência média e sênior são liderados por Jorge Paulo Lemann. Silvio Santos aparece bem colocado para os três públicos e Steve Jobs, mesmo seis anos depois de morto, continua a marcar presença – especialmente para os mais jovens. [_Veja o ranking na página anterior, que detalha a posição de cada líder nos três públicos e o aprendizado buscado com cada um._]
O que os profissionais mais querem aprender com quem é bem-sucedido diz respeito a resultados e pessoas. São conhecimentos que funcionam como uma bússola diante do caos. Os entrevistados citam especificamente bater metas, ter foco, inspirar pessoas e construir cultura forte. A necessidade de aprender é comum a todos, porque eles entendem cada vez mais que, em um mundo VUCA (sigla em inglês de volátil, incerto, complexo e ambíguo), ninguém mais tem certeza de nada. Hoje, a bagagem de um profissional, por mais experiência que ele tenha, serve principalmente de ponto de partida. É um contexto sem respostas prontas.
Há 16 anos a Cia de Talentos realiza a pesquisa _Carreira dos sonhos_, mapeando as aspirações dos profissionais em diferentes momentos de vida, e há sempre mudanças. Porém a preferência por líderes desenvolvedores parece ter vindo para ficar.