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7 armadilhas que merecem atenção

Os profissionais de coaching, que acabam trabalhando com forças de caráter, costumam cometer os erros que questionam, e talvez você mesmo faça isso num self-coaching; evite | Por Ryan Niemiec

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Em meu trabalho de coaching, no ensino aos praticantes da psicologia positiva, nas observações de pesquisas de campo e de conversas com pesquisadores de diversos países tenho feito uma descoberta persistente.

Todas os praticantes das forças de caráter, mesmo os que dizem basear sua vida nisso, dão, vez ou outra, passos em falso, que são armadilhas comportamentais que nascem de ideias equivocadas, levando a um círculo vicioso. Relaciono os sete mais comuns, para você ver se se identifica, e sugiro como cada um deles pode ser corrigido ou melhorado implantando-se a abordagem baseada nas forças de caráter.

**1. Apenas comparecer**

Como o campo das forças é uma área amorfa e subjetiva, em que a maioria dos praticantes não dá muita atenção aos diferentes tipos de forças, a dimensionalidade e os modelos de trabalho baseados nelas são fáceis e, portanto, é comum que os praticantes improvisem. Por conhecerem algumas atividades baseadas nas forças e adotarem uma abordagem positiva, muitos sentem-se confiantes de que sabem o necessário.

Colocam o ônus no cliente e, portanto, acreditam que estar munido de algumas perguntas sobre forças será o suficiente, pois o cliente é quem faz o trabalho. Na realidade, isso não é sinal de competência, mas de despreparo. 

Estratégia sugerida: o praticante (coach ou terapeuta) deve preparar-se com a preativação de recursos, personalizando o trabalho; basta dedicar alguns minutos para refletir sobre as forças do cliente que será atendido. 

(Pergunte, nessa reflexão: Quais são as forças de assinatura do cliente? Que discussões, com base nas forças, você já teve com ele? Que forças ele superutiliza? Que forças ele utiliza na vida diária? Nos encontros com você?)

**2. Corrigir as forças mais baixas, deficiências e fraquezas**

Qual a primeira coisa que a pessoa faz quando recebe os resultados por ordem de classificação do Questionário VIA de um cliente? Ela olha para o final de seu perfil e exclama que quer ou precisa melhorar uma ou mais forças. Essa é uma reação automática, enraizada em nossa natureza de consertar ou corrigir o que está errado. É fascinante que adotemos essa abordagem, pulando quase 20 qualidades positivas para chegar embaixo! Por que somos tão focados nas fraquezas e deficiências? Há muitas razões, incluindo nossa biologia de lutar ou fugir, que nos programa para ver inconsistências, falhas e perigos potenciais muito rapidamente. 

As pesquisas têm mostrado repetidamente que o ruim é mais forte do que o que é bom, o que significa que o impacto dos aspectos negativos de nossa psicologia tem efeitos mais substanciais e duradouros do que o do que é bom. Outra pesquisa mostra que as pessoas percebem suas fraquezas como sendo mais maleáveis que suas forças e, por sua vez, veem suas forças como constantes. As pessoas também esperam que suas fraquezas melhorem e têm maior desejo de corrigir ou mudá-las. Consideram as forças como garantidas, o que as faz perder de vista a verdadeira realidade e o potencial das próprias forças.

Estratégia sugerida: eduque o cliente e, depois, monitore sua resistência.

**3. Entrar em ação antes de compreender**

Os praticantes, especialmente aqueles no domínio da psicologia positiva, empolgam-se muito com os exercícios e as intervenções que podem beneficiar seus clientes e funcionários. Isso os leva, às vezes, a apressar uma ação antes de elaborar uma compreensão mais profunda a respeito do cliente. Na linguagem do modelo conscientizar–explorar–aplicar, isso é equivalente a pular a fase do explorar e ir do conscientizar imediatamente para a ação. O clássico exemplo é o praticante que pede ao cliente para responder ao Questionário VIA, e, então, diz a ele imediatamente quais ações deve realizar com suas forças ou como alcançar suas metas.

Há muitas razões para um praticante pular a fase exploratória no trabalho com as forças. Pode haver impaciência por parte do praticante que quer agradar o cliente logo no início e quer mostrar alguma especialidade ao oferecer uma solução. A impaciência pode também ser motivada pelo cliente, que quer um remédio rápido para seu problema e não está disposto a refletir, manter um diário e responder várias perguntas sobre suas forças. E alguns praticantes podem não saber como “se aprofundar” com as forças, e, então, pulam o passo do conscientizar para o aplicar.

Estratégia sugerida: antes da ativação, consolide o conhecimento e explore.

**4. Começar com “o que deu errado?”**

Há uma percepção profundamente arraigada de muitos praticantes de que falar sobre problemas e dificuldades – “as coisas complexas” – acrescenta credibilidade. Mas, quem disse que o trabalho com as forças de caráter não é igualmente desafiador? Na realidade, é um tanto fácil encontrar falhas – o que não deu certo, que erros foram cometidos e quando as coisas tomaram um rumo ruim. Adotamos essa abordagem de ver primeiro o negativo conosco mesmos, então é apenas natural isso ser transferido para nossos clientes.

Muitas vezes, após sair de uma reunião de trabalho ou de negócios, especialmente aquelas envolvendo interações a dois, uma voz em minha cabeça dizia:

•• Você deveria ter dito.

•• Por que você não mencionou? Por que você se conteve?

•• Você poderia ter sido mais suave quando estava discutindo.

•• A outra pessoa não foi receptiva a minha ideia. Deveria ter explicado melhor.

Estratégia sugerida: começar com a pergunta “o que deu certo?”

**5. Ser rígido sobre as forças do topo**

É possível ficar preso nas forças do topo (por exemplo, as cinco forças do topo), as de assinatura, e negligenciar as outras. Ficar preso é estar em conflito com o princípio de que “todas as 24 forças importam” e refletir uma abordagem mais rígida e ingênua em relação às forças do que qualquer outra coisa.

Estratégia sugerida: priorizar as forças do topo, mas atender a todas. 

**6. Exagerar a superutilização**

A superutilização das forças de caráter é uma armadilha em que os praticantes caem com frequência. O coach/terapeuta que superutiliza uma força de caráter do cliente tende a expressá-la muito fortemente para a situação, o que leva a uma tensão aumentada, a um problema particular, a um conflito de relacionamento etc. O conceito da superutilização oferece uma ótima maneira de reformular os problemas (por exemplo, em vez de chamar alguém de teimoso e cabeça dura, pode-se dizer que esteja superutilizando sua força da perseverança). Isso torna a superutilização um tópico verdadeiramente fascinante e estimulante. O problema não é se a superutilização das forças deve ser abordada ou não, a questão é quando e em que medida. 

Estratégia sugerida: compreenda, expanda e aprecie antes de revisar a superutilização.

**7. Utilizar a abordagem prescritiva/autoritária**

Focar nas forças em vez de explorá-las é um modo autoritário de dizer para a pessoa o que é mais importante para ela construir, em vez de coexplorar as forças. Essa abordagem é generalizada nas escolas. Durante muitas décadas, o campo da ciência do caráter foi dominado pelas abordagens delineadas por um enfoque autoritário. O caráter, a psicologia do caráter e a educação sobre o caráter têm um longo histórico.

A palavra caráter é proveniente da palavra grega que significa “marca gravada” e “símbolo/selo na alma”. Essas expressões implicam uma qualidade imutável, bem como um sentido de permanência. Tais descrições são reforçadas pelos programas que tentam treinar ou ensinar o “bom” caráter, vastamente encontrados em programas de esportes e de educação, e muitos são extensões de uma agenda religiosa, política ou educacional.

Estratégia sugerida: pratique ser um jardineiro confiável, ou seja, cultive as sementes, não molde a argila! 

Lições fundamentais
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Há oito bons hábitos de coaches, terapeutas e praticantes da psicologia positiva que você pode observar – e valorizar:

•• Fazer perguntas com frequência e como padrão.

•• Dar oportunidade para a expressão criativa das forças únicas do cliente.

•• Enfatizar a exploração pessoal e significativa do que é bom.

•• Observar e identificar as qualidades positivas no momento.

•• Cultivar e desenvolver essas qualidades positivas.

•• Dar feedback apreciativo quando as forças são expressas.

•• Criar um ambiente no qual as expressões das forças de caráter sejam desejadas e reforçadas.

•• Organizar um ambiente para o diálogo aberto e mútuo sobre as forças.

*** Artigo baseado nos highlights do livro _Intervenções com forças de caráter_, de Ryan Niemiec (ed. Vida Integral).**

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