Desenvolvimento pessoal

Camila Farani: Eliminando as distrações

Compartilhar:

O tempo de deslocamento dos trabalhadores nas principais áreas urbanas do Brasil acarreta prejuízos de R$ 111 bilhões por ano, segundo dados da Firjan, a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro. O trânsito afeta a competitividade da indústria, do comércio e das demais áreas empresariais, além de interferir diretamente na produtividade profissional. 

Os engarrafamentos, em geral, são sinônimo de tempo perdido. Exceto para quem pode e quer aproveitar esses momentos para aprender ou produzir. “No trânsito, gosto de ouvir podcasts e despachar as coisas mais operacionais”, afirma a investidora-anjo Camila Farani. 

Presidente da G2 Capital e uma das juradas do programa Shark Tank Brasil, exibido pelo canal de TV a cabo Sony, Farani tem 38 anos. Ela trabalha desde os 16, quando, após o pai falecer, precisou ajudar na tabacaria da família. A experiência de lidar com a contabilidade do pequeno negócio fez Farani descobrir sua veia empreendedora. Desde então, formou-se em Direito, fez cursos de especialização e criou diversos negócios. 

Com o tempo, Camila Farani migrou para a área de investimento. De 2016 a 2018, presidiu o Gávea Angels, um dos primeiros grupos de investimento-anjo do Brasil. Ao montar a G2, em 2017, concentrou esforços e recursos em market­places, retailtechs (varejo), edtechs (educação) e startups com modelo de receita SaaS (software as a service). O portfólio da investidora inclui mais de 30 startups, mais de mil mulheres mentoradas e dezenas de palestras ministradas no Brasil e no exterior. 

Envolvida em tantos afazeres, Camila Farani passa mais tempo fora do que dentro do escritório. “Eu até gosto de mesclar as atividades de escritório com viagens e compromissos externos”, diz. Por isso, além dos podcasts e dos despachos de rotina, ela aproveita o tempo no trânsito para dar atenção à leitura – de livros, jornais, artigos. “Tenho muitos insights quando leio. Isso aguça bastante a minha criatividade.”

Farani se orienta com base em um planejamento pessoal e anual, dividido em metas mensais. Com o volume de reuniões, acaba fazendo rearranjos semanais. O acompanhamento é realizado de maneira mais profunda a cada três meses, quando ela desenha o ciclo 5W2H – soma das primeiras letras (em inglês) de cada diretriz: 

> **What** – O que será feito (etapas)
>
> **Why** – Por que será feito (justificativa)
>
> **Where** – Onde será feito (local)
>
> **When** – Quando será feito (tempo)
>
> **Who** – Por quem será feito (responsabilidade)
>
> **How** – Como será feito (método)
>
> **How much** – Quanto custará fazer (custo)

Para levar a efeito as metas, Farani não abre mão de ferramentas como Google Keep, Google Agenda, Trello, o calendário da caixa de e-mails e uma plataforma que a permite acompanhar seus investimentos em tempo real. O gerenciamento dos apps é feito preferencialmente nos dias úteis. Ela trabalha de segunda a sexta-feira, por até 12 horas. “Dessas, cerca de 8 horas rendem de fato”, afirma a investidora, explicando em seguida que não tem uma regra em relação a intervalos. “Procuro concluir a tarefa que estou me propondo a desenvolver e depois faço intervalos.” 

Com a correria do dia a dia, Farani tem dedicado os fins de semana para os amigos e a família. “No domingo, estou sempre com a minha mãe.” À noite, ela opta por assistir a um documentário antes de dormir – já perto da meia noite. Ao despertar, pela manhã, medita por 15 minutos, brinca com os cachorros e não resiste a uma olhadinha no smartphone. Ela considera este último hábito ruim. Tanto que está adaptando a rotina (e o mindset) para acompanhar o WhatsApp de maneira menos frequente. “Produtividade tem a ver com tempo de execução”, ela define. “Descubra o que lhe distrai e elimine isso do seu dia a dia.”

> Pior hábito. Passar mais tempo do que o necessário no celular, ou executar muitas tarefas ao mesmo tempo. “Se você não fica ao menos uma hora focado em sua atividade, não conseguirá se aprofundar no que está fazendo e o trabalho se torna superficial.”
>
> **Melhores hábitos.** Ler pelo menos um livro por mês, além de jornais e artigos. Também faz meditação diária, busca manter boas relações interpessoais e não marca mais de duas reuniões por dia. 
>
> **Rotina produtiva.** A produtividade de Farani se concentra em 8 das cerca de 12 horas diárias dedicadas ao trabalho. Ela procura concluir uma tarefa antes de fazer intervalos. 
>
> **Planejamento.** Anual, com metas mensais e rearranjos semanais, em virtude do volume de reuniões. Também faz um profundo acompanhamento a cada três meses. Usa ferramentas Google Keep, Google Agenda e e-mails.
>
> **WhatsApp.** Usa aplicativo para negócios, mas está adaptando a rotina (e o mindset) para acompanhá-lo com menos frequência. 
>
> Como fazer metas. “Desenhe os 20 principais objetivos para os próximos anos e escolha cinco deles para executar”, sugere. E os outros 15? “Risque-os, porque senão você tentará fazer tudo ao mesmo tempo e não terá sucesso.”

Compartilhar:

Artigos relacionados

Segredos para um bom processo de discovery

Com a evolução da agenda de transformação digital e a adoção de metodologias ágeis, as empresas se viram frente ao desafio de gerar ideias, explorar

Sim, a antropologia é “as a service”

Como o ferramental dessa ciência se bem aplicado e conectado em momentos decisivos de projetos transforma o resultado de jornadas do consumidor e clientes, passando por lançamento de produtos ou até de calibragem de público-alvo.

Sua empresa pratica o carewashing?

Uma empresa contrata uma palestra de gerenciamento de tempo para melhorar o bem-estar das pessoas. Durante o workshop, os participantes recebem um e-mail da liderança