Cultura organizacional, Marketing e vendas

O segredo é encantar

O CEO do Grupo Renner explica por que a empresa foi eleita, em pesquisa recente, a varejista brasileira que mais soube entregar valor a seus públicos: “Buscamos superar expectativas o tempo todo”

Compartilhar:

**Há pouco, a Renner alcançou o primeiro lugar entre mais de 300 empresas na pesquisa Mais Valor Produzido (MVP) – Varejo Geral 2016. A que se pode atribuir esse resultado em um ano difícil?**

Acho que tudo começa com a nossa missão:  “Encantar a todos é a nossa realização”.  Não deixamos essas palavras dormirem em um quadro bonito na parede.  Nossa diferença é que buscamos praticar o princípio o tempo todo. Em 1996, quando demos início à transformação da Renner, queríamos que a empresa não só satisfizesse os consumidores, como fosse além de seus desejos, superasse suas expectativas. É isso que “encantar” significa, e foi a partir daí que definimos a missão. E, por todos, queremos dizer que essa missão deve abranger os diversos públicos, de clientes a colaboradores, de fornecedores a acionistas. 

**Como funciona, na prática, a busca diária por esses encantamentos?**

A proposta de valor que queremos em nossas lojas é a da excelência na prestação dos serviços. Significa ter colaboradores à disposição, preocupação  com o atendimento rápido, provadores confortáveis, música ambiente agradável,  ar-condicionado na temperatura ideal – tudo o que precisa funcionar perfeitamente. Nada acontece se não tivermos colaboradores igualmente encantados, porque quem faz o encantamento são eles.  A área de compras tem de encantar com produtos de qualidade e preços competitivos.  A de produtos deve encantar com boas instalações e bom layout.  A de visual merchandising precisa garantir uma boa exposição.  A de TI tem de encantar com softwares rápidos. É isso que faz com que nosso consumidor pague a conta mais rápido e se encante. Reduzimos em 30% o tempo de espera na fila ao trocar as etiquetas plásticas por etiquetas costuradas nas roupas. Mudamos o software de PDV e reduzimos mais 15%. 

**De que maneira a Renner acompanha os níveis de satisfação dos stakeholders?**

Em nossos princípios e valores, falamos que é preciso tirar o “bumbum da cadeira” e fazemos isso para saber o que está acontecendo com o cliente e em toda a cadeia. Os executivos vão às lojas sempre e, uma vez por ano, também nos reunimos com os principais fornecedores para saber o que está bom e o que pode melhorar. Temos “encantômetros” nas lojas, onde os consumidores nos avaliam, e na nossa matriz, onde os fornecedores dão sua opinião. E estimulamos os funcionários a escrever suas histórias de encantamento; a Renner já conta com nada menos que 780 mil histórias de encantamento. Que empresa no mundo tem isso?

**Como fazer para disseminar esse espírito entre 16 mil colaboradores?**

Nunca sabemos qual será o ponto de contato do cliente com a marca – pode ser com o vendedor, o auxiliar de crediário, o gerente, o segurança da loja, o atendimento por telefone. Por isso, partimos do pressuposto de que todos os colaboradores precisam estar preparados para atender o cliente e damos 120 horas per capita de treinamento por ano, presencialmente ou pela internet.  Nossos resultados serão uma consequência de conseguirmos encantar todos. 

**Como o sr. e sua equipe fazem esse marketing de encantamento?**

 Temos um banco de dados extremamente desenvolvido, com 24 milhões de cartões de crédito, que nos ajuda a ter muitas informações. Fazemos pesquisas constantemente, mas irmos às lojas continua indispensável. Para analisar dados, é preciso ter sensibilidade, e esta se adquire na loja, na proximidade com os clientes, falando com os vendedores. Nas segundas-feiras, boa parte de nosso pessoal de compras começa o dia nas lojas. Eu mesmo não fico um fim de semana sem passar em duas ou três unidades. Sou apaixonado pelo marketing, viu?! Fico indignado quando vejo alguma menção pejorativa ao marketing, como se fosse algo praticado por feiticeiros. 

> **SAIBA MAIS SOBRE  JOSÉ GALLÓ**
>
> **Quem é:** Gaúcho, preside desde 1999 o Grupo Renner. **Trajetória:** Iniciou na varejista J. A. Veríssimo como estagiário, passou pela rede de eletrodomésticos Imconsul, abriu uma loja de móveis própria e fez consultoria de planejamento estratégico, inclusive para a Renner, que o contratou para executar o plano e depois o tornou presidente. É chamado de Sam Walton brasileiro, pela simplicidade e estilo espartano. **A Renner:** Corporation típica (de capital pulverizado em bolsa), teve receita líquida de R$ 6,1 bilhões e lucro líquido de  R$ 578,8 milhões em 2015; inclui Renner, Camicado e YouCom.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Liderança na gestão do mundo híbrido

Este modelo que nasceu da necessidade na pandemia agora impulsiona o engajamento, reduz custos e redefine a gestão. Para líderes, o desafio é alinhar flexibilidade, cultura organizacional e performance em um mercado cada vez mais dinâmico.

Data economy: Como a inteligência estratégica redefine a competitividade no século XXI

Na era digital, os dados emergem como o ativo mais estratégico, capaz de direcionar decisões, impulsionar inovações e assegurar vantagem competitiva. Transformar esse vasto volume de informações em valor concreto exige infraestrutura robusta, segurança aprimorada e governança ética, elementos essenciais para fortalecer a confiança e a sustentabilidade nos negócios.

China

O Legado do Progresso

A celebração dos 120 anos de Deng Xiaoping destaca como suas reformas revolucionaram a China, transformando-a em uma potência global e marcando uma era de crescimento econômico, inovação e avanços sociais sem precedentes.

Inovação
Hábitos culturais e volume de usuários dão protagonismo ao Brasil na evolução de serviços financeiros por aplicativos de mensageria

Rodrigo Battella

0 min de leitura
Uncategorized
Este modelo que nasceu da necessidade na pandemia agora impulsiona o engajamento, reduz custos e redefine a gestão. Para líderes, o desafio é alinhar flexibilidade, cultura organizacional e performance em um mercado cada vez mais dinâmico.

Ana Fontes

4 min de leitura
Uncategorized
Na era digital, os dados emergem como o ativo mais estratégico, capaz de direcionar decisões, impulsionar inovações e assegurar vantagem competitiva. Transformar esse vasto volume de informações em valor concreto exige infraestrutura robusta, segurança aprimorada e governança ética, elementos essenciais para fortalecer a confiança e a sustentabilidade nos negócios.

Marcelo Murilo

7 min de leitura
Uncategorized
A celebração dos 120 anos de Deng Xiaoping destaca como suas reformas revolucionaram a China, transformando-a em uma potência global e marcando uma era de crescimento econômico, inovação e avanços sociais sem precedentes.

Edward Tse

3 min de leitura
Gestão de Pessoas
Polímatas e Lifelong Learners: explorando perfis distintos que, juntos, podem transformar o ambiente de trabalho em um espaço de inovação, aprendizado contínuo e versatilidade.

Rafael Bertoni

4 min de leitura
Uncategorized
Liderança em tempos de brain rot: como priorizar o que realmente importa para moldar um futuro sustentável e inspirador.

Anna Luísa Beserra

0 min de leitura
Gestão de Pessoas
Em meio à letargia de fim de ano, um chamado à consciência: os últimos dias de 2024 são uma oportunidade valiosa de ressignificar trajetórias e construir propósito.

Laís Macedo

4 min de leitura
Empreendedorismo
Liderar empresas que continuamente estão inovando é um desafio diário, mas cada questão se torna um aprendizado se feito com empatia e valorização.

Ana Carolina Gozzi

3 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A experiência varia do excepcional ao frustrante, e a Inteligência Artificial (IA) surge como uma aliada para padronizar e melhorar esses serviços em escala global.

Flavio Gonçalves

4 min de leitura
Gestão de Pessoas
No cenário globalizado, a habilidade de negociar com pessoas de culturas distintas é mais do que desejável; é essencial. Desenvolver a inteligência cultural — combinando vontade, conhecimento, estratégia e ação — permite evitar armadilhas, criar confiança e construir parcerias sustentáveis.

Angelina Bejgrowicz

4 min de leitura