Uncategorized

Marcas e pessoas: o que tem mudado nessa relação? – parte 2

Há uma quarta transformação em curso: os resultados focados foram ampliados e incluem aspectos qualitativos. Isso modifica a relação entre patrocinador e patrocinado

Compartilhar:

Em janeiro, conversamos neste espaço sobre as três mudanças de arenas de marketing que mais têm sido percebidas pelos executivos brasileiros. Gostaria de avançar um pouco mais nessa discussão, trazendo para vocês uma quarta mudança tão importante quanto essas três e que as orienta de muitos modos, porém é menos percebida: o foco em resultados. 

Relembrando, falamos (1) do maior cuidado não apenas com a produção de conteúdos relevantes, mas também com sua distribuição precisa;  (2) da evolução da mera exposição de marca para verdadeiras experiências com a marca, integrando empresas patrocinadoras com o objeto patrocinado em um contexto de relevância; e (3) da migração de estratégias single touch para multitouch, que distribuem recursos por um período ampliado de tempo com um formato de entrega mesclado (blended). E os resultados? 

Faz tempo que a gestão brasileira em geral voltou sua atenção para os resultados empresariais desejados – de uns tempos para cá, até a gestão pública tem desenhado modelos de gestão com foco em resultados. O que está mudando é o que se entende como resultados. Inicialmente, o conceito abarcava apenas resultados econômicos. Agora, porém, os resultados evoluíram para um espectro ampliado, quantitativo e qualitativo.

Na escola de negócios da HSM, nos programas in company, temos utilizado bastante uma metodologia denominada 6Ds, de seis disciplinas que buscam transformar treinamentos em resultados concretos para o negócio. A primeira dessas disciplinas é justamente “determinar os resultados esperados”. O que os executivos treinados vão fazer melhor após a conclusão do programa? Desenhamos a solução educacional com base nesses resultados, de trás para frente. 

A lógica que temos aplicado em nossa área de eventos, especialmente para nossos patrocinadores, é a mesma. Em vez de oferecer pacotes de patrocínio prontos, buscamos entender, em conjunto com o cliente, os resultados que ele espera obter com aquela ação e desenhamos a solução a partir daí, sempre a quatro mãos. Bonin Bough, head de mídia e e-commerce da Mondelez International (ex-Kraft Foods), compartilhou uma experiência interessante recentemente: ele deixou de ser procurado para comprar patrocínios para se tornar um vendedor de patrocínios em um evento que organizou. As dificuldades que enfrentou o fizeram repensar o modo de fazer e ele registrou seus aprendizados resumindo-os em quatro pilares que devem orientar a relação patrocinador-patrocinado: 

 (1) tornar o patrocinador parte do conteúdo; (2) ser sincero sobre as expectativas; (3) focar ganhos mútuos; (4) criar interações reais. Os itens 1 e 4 estão bastante relacionados com os tópicos trazidos em meu artigo anterior, referentes a produzir e distribuir conteúdo relevante e a evoluir da exposição de marca para a experiência de marca. 

Já os itens 2 e 3 estão diretamente relacionados com o tema deste artigo, de que mudam os resultados esperados pelo cliente. Aos poucos, essa mudança nos resultados esperados está fazendo o mercado sair da lógica segundo a qual a empresa que busca patrocínio pensa só no próprio umbigo, oferecendo pacotes prontos. 

O paradigma emergente é o de desenhar as soluções a quatro mãos, para que sejam realmente adequadas às necessidades do patrocinador. A mim essa quarta mudança agrada tanto quanto as outras três: eu as vejo como grandes passos para parcerias mais sólidas e duradouras entre patrocinados e patrocinadores

Compartilhar:

Artigos relacionados

Tecnologias exponenciais
O futuro da liderança em tempos de IA vai além da tecnologia. Exige preservar o que nos torna humanos em um mundo cada vez mais automatizado.

Manoel Pimentel

7 min de leitura
Tecnologias exponenciais
Setores que investiram em treinamento interno sobre IA tiveram 57% mais ganhos de produtividade. O segredo está na transição inteligente.

Vitor Maciel

6 min de leitura
Empreendedorismo
Autoconhecimento, mentoria e feedback constante: a nova tríade para formar líderes preparados para os desafios do trabalho moderno

Marcus Vaccari

6 min de leitura
Tecnologias exponenciais
Se seu atendimento não é 24/7, personalizado e instantâneo, você já está perdendo cliente para quem investiu em automação. O tempo de resposta agora é o novo preço da fidelização

Edson Alves

4 min de leitura
Inovação
Enquanto você lê mais um relatório de tendências, seus concorrentes estão errando rápido, abolindo burocracias e contratando por habilidades. Não é só questão de currículos. Essa é a nova guerra pela inovação.

Alexandre Waclawovsky

8 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A aplicação da inteligência artificial e um novo posicionamento da liderança tornam-se primordiais para uma gestão lean de portfólio

Renata Moreno

4 min de leitura
Finanças
Taxas de juros altas, inovação subfinanciada: o mapa para captar recursos em melhorias que já fazem parte do seu DNA operacional, mas nunca foram formalizadas como inovação.

Eline Casasola

5 min de leitura
Empreendedorismo
Contratar um Chief of Staff pode ser a solução que sua empresa precisa para ganhar agilidade e melhorar a governança

Carolina Santos Laboissiere

7 min de leitura
ESG
Quando 84% dos profissionais com deficiência relatam saúde mental afetada no trabalho, a nova NR-1 chega para transformar obrigação legal em oportunidade estratégica. Inclusão real nunca foi tão urgente

Carolina Ignarra

4 min de leitura
ESG
Brasil é o 2º no ranking mundial de burnout e 472 mil licenças em 2024 revelam a epidemia silenciosa que também atinge gestores.
5 min de leitura