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#RoleModel: João Kepler, empreendedor, investidor e pai de 3 filhos

A educação empreendedora mudou a vida de joão kepler que, como investidor e pai de três filhos, se dedica a passar essa mensagem adiante

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“Tive uma criação dura, do tipo ‘se vira moleque’. Meu pai tinha uma boa condição financeira, mas nunca me deu nada. Aliás, me deu sim: um emprego de office-boy na empresa dele, quando eu era muito novo.” E foi assim que começou a carreira de João Kepler. Nascido em Macapá e criado em Belém do Pará, o empreendedor aprendeu cedo que, para ter suas coisas, precisava correr atrás.

Aos 18 anos foi estudar nos Estados Unidos, onde teve a oportunidade de aprender mais sobre informática, o que o ajudou a conquistar seu primeiro emprego ao retornar ao Brasil: coordenador de CPD (Centro de Processamento de Dados) de um grupo empresarial em Maceió, onde passou a viver. 

Depois dessa experiência corporativa, Kepler decidiu empreender e montou uma consultoria de informática. E, desde então, não parou mais. Casou-se em Maceió, virou empreendedor em série e pai de três filhos: Théo, Davi e Maria. 

Foi para pedir investimento para uma de suas empresas que Kepler viajou ao Vale do Silício.  “Levei um belo não, que mudou o curso da minha vida. Além de aprender o que os investidores buscavam em uma startup, notei que o mundo do venture capital (capital de risco) ainda era bastante desconhecido por aqui”, relembra.

Na volta ao Brasil, Kepler decidiu começar a investir em sturtups com capital próprio. Modalidade conhecida como “investimento anjo”, ele rodava o Brasil palestrando, conhecendo empresas e empreendedores, e investindo em negócios com alto potencial de crescimento.

Em casa, com esposa e filhos, Kepler mantinha a coerência com suas crenças de investidor: se houver recursos suficientes, as pessoas se acomodam e não correm atrás. É por isso que seus filhos nunca tiveram mesada. O pai incentivava os jovens a gerarem seus próprios recursos com atividades que eles gostavam de fazer. 

Deu certo. Théo, hoje com 20 anos, estuda e tem uma empresa de agenciamento de DJs. Maria, 15 anos, é apaixonada por gastronomia e faz doces sob encomenda. E Davi, de 18 anos, fundou sua primeira empresa aos 13 e já tem no currículo um “exit” – termo usado no mundo do investimento quando um sócio ou investidor entrega sua parte da empresa em troca de dinheiro. Atualmente, ele estuda nos EUA e vem com frequência ao Brasil divulgar seu livro Empreender grande desde pequeno. 

“Tenho muito orgulho dos meus filhos. Escassez lá em casa só de dinheiro, porque amor e diálogo nunca faltaram”, comenta Kepler. Com a comprovação de que seu modelo de criação empreendedora é escalável, Kepler escreveu o livro Educando filhos para empreender e dedica parte de seu tempo à divulgação desta ideia.

Há anos Kepler mora em São Paulo e, além de investidor anjo, ele também é sócio da Bossa Nova Investimentos, empresa de venture capital que possui centenas de startups em seu portifólio. “Tenho 50 anos e não desacelerei. Poderia parar por conta do que já conquistei, mas me movo pelo desafio de democratizar o acesso ao capital no Brasil. Com mais dinheiro no ecossistema, a gente gera mais renda, mais trabalho e essa é a contribuição que quero deixar para o meu País”, finaliza o empreendedor. 

Quer saber mais sobre João Kepler? Confira a seguir a íntegra da entrevista que ele concedeu à nossa editora-executiva, Gabrielle Teco.

![](https://revista-hsm-public.s3.amazonaws.com/uploads/57d36ad4-84ec-41f9-998a-bbfac9b42aca.png)

O conteúdo a seguir foi produzido para a edição 136-eXtra e é **exclusivo para assinantes.**

**Entrevista 136 eXtra :: Role Model :: João Kepler**

**Com tantas iniciativas ao mesmo tempo, como você definiria sua atividade profissional?**

Sou empreendedor. Já tive muitos negócios na economia tradicional e, desde 2008, assumi também o papel de investidor. Portanto, sou um empreendedor que investe, que sente as dificuldades e as necessidades dos empreendedores, pois já passei por isso. 

**E por que começou a investir em empresas?**

Em 2008, quando eu ainda era dono de um e-commerce de ingresso, decidi buscar investimento no Vale do Silício e recebi um belo de um não. E descobri que recebi onão porque não sabia o que era uma startup.Os investidores me explicaram que, além da tecnologia, era importante ser enxuta, escalável, e um monte de outras coisas que eu desconhecia. Com um repertório novo, voltei ao Brasil e decidi começar como investidor-anjo porque, além do dinheiro, você aporta também conhecimento, conexões e mentorias. 

**E do investimento-anjo à fundação da Bossa Nova, como foi?**

Em 2015 me unia outro empreendedor e fundamos a Bossa Nova, com uma tese de investimento que era de investir valores mais baixos e em uma quantidade maior de empresas. Em 2016, tivemos um exit que gerou um importante caixa para a empresa, e aí passamos a investir mais e mais. No fim de 2016, quando já tínhamos 100 empresas investidas, o grupo BMG entrou na sociedade e criamos um fundo de R$ 100 milhões. Nossa meta é ter um unicórnio em dez anos. Já se passaram quatro.Além do dinheiro, nossas investidas contam com o apoio de todo o ecossistema, com treinamentos, encontros e mentorias. 

**Você escreveu o livro “Criando filhos para empreender”. De onde veio essa ideia de educação empreendedora?**

Desde o nascimento do Theo, meu filho mais velho, hojecom 20 anos; o Davi, de 18;e a Maria, de 15, desenvolvi em casa um ambiente de criatividade. Sempre os desafiei para que não ficassem acomodados ou satisfeitos. Eu acredito que uma pessoa só consegue desenvolver algo se ela tiver uma vontade, se for desafiada, se tiver paixão por alguma coisa. E nunca quis deixar meus filhos satisfeitos, sempre os provoquei a quererem mais. Com isso, criei algumas regras em casa como, por exemplo, nunca dar mesada. Porque a mesada dá a sensação do emprego com o fixo garantido, e eu queria que eles estivessem preparados para as adversidades, como a vida se apresenta. Além disso, eu costumava conversar com eles sobre os problemas na minha vida empresarial, sempre pedindo ajuda para pensar em soluções. E eles eram sempre muito criativos. Outra coisa que eu fazia era incentivá-los a testar novas atividades, até que eles pudessem achar algo de que realmente gostassem. No esporte, na leitura, no trabalho, não importava, o importante era continuar testando até encontrar.

**Por que é importante criar filhos com uma mentalidade empreendedora?**

Acredito que a gente precisa preparar os jovens para a vida muito cedo. Claro que eles precisam brincar, estudar, se divertir. Aliás, isso nunca faltou em casa. Mas empreender é importante para que eles aprendam a resolver problemas, para que eles saibam suprir suas necessidades, de um jeito criativo. Assim eu os ensinei a nunca esperarem alguém lhes dar algo, foi correndo atrás que eles conquistaram as coisas deles. 

**O que os seus filhos conquistaram?**

Theo mora em SP, tem uma agência de DJs, faz faculdade e é independente financeiramente há muito tempo. A Maria é cozinheira de mão cheia e, quando precisam de doces para festinhas, ela faz churros, brigadeiros e vende. Digo que a Maria é empreendedora por necessidade, porque ela faz isso só quando precisa. Vende coisas na OLX, Mercado Livre, é desenrolada para fazer negócios. Já o Davi montou uma startup aos 13 anos e agora, aos 18, vendeu a empresa para um concorrente. Há dois anos ele mora nos EUA, faz faculdade por lá, e me dá muito orgulho porque compartilha com jovens que não tiveram oportunidade aquilo que ele aprendeu ao longo da vida.

**Ele escreveu um livro também, né?**

Sim, o livro se chama _Empreender grande desde pequeno_, e costuma distribuir em escolas públicas no Brasil. Ele também dá palestras e mentorias quando vem para cá e tudo que ele conquistou foi correndo atrás. E eu não dei investimento para ele. Oqueeu fiz foi emprestar um dinheiro no começo com o compromisso de que, no primeiro faturamento, ele me devolveria. Só me arrependo de não ter cobrado juros por isso (risos). Nada foi fácil para o Davi. Ele foi no _SharkTank_, recebeu um não dos tubarões, e eu confesso que comemorei muito esse não. As coisas não são fáceis mesmo e os nãos nos ensinam muito. 

**Como foi sua educação?**

Minha educação foi do tipo “se vira, moleque”. Meu pai tinha boas condições, mas não me dava nada e também não me explicava. Ele era muito rígido, queria que eu me virasse, mas não conversava comigo sobre isso. Com 11 anos, comecei a trabalhar na empresa dele como office-boy. Não tinha essa de trabalho infantil, ele mandava ver (risos). E foi lá que me apaixonei pela área de computadores que, mais tarde, virou uma profissão.

**Então você não começou empreendendo?**

Não. Nasci em Macapá, no Amapá, com 6 ou 7 anos nosmudamos para Belém do Pará. Quando eu tinha de 17 para 18 anos, fui fazer universidade nos EUA. Quando voltei, fui direto para Maceió trabalhar em um grupo empresarial na área de tecnologia. Lá eu coordenei o CPD deles [Centro de Processamento de Dados], isso nos anos 1990. Comecei a trabalhar com informática basicamente porque tive experiências no laboratório da universidade. No grupo eu fiz a interligação dos computadores em rede e parti para trabalhar com microcomputadores. Só depois dessa experiência é que montei uma consultoria para fazer para outras empresas o que eu tinha feito à frente do CPD. E foi assim que comecei a empreender e não parei mais.

**Por que você faz o que faz?**

Tenho 50 anos e não desacelerei. Poderia parar por conta do que já conquistei, mas me movo por desafios. Meu sonho é democratizar o acesso ao capital, trazer mais dinheiro para o venture capital. Assim, mais empreendedores receberão investimento, e com mais investimento vamos gerar mais inovação, mais emprego, mais renda. Essa é a contribuição que eu quero deixar para o Brasil.

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