Recebi, há dois anos, um convite instigante: integrar um laboratório social formado por inovadores com perfis diversos (acadêmicos, ativistas, empreendedores, empresários, políticos, entre outros) e de diferentes partes do mundo, como Alemanha, Brasil, Butão, EUA, Índia e Sri lanka.
O tema central era sedutor: desenvolver novas formas de promover e medir bem-estar e felicidade, complementares ao atual paradigma de desenvolvimento econômico. Aceitei e, desde 2014, venho vivenciando o projeto intensamente –seja entendendo melhor as limitações das métricas econômicas tradicionais, especialmente o pIB, seja participando de discussões sobre a insustentabilidade do atual modelo de crescimento, baseado no esgotamento ambiental e no consumo excessivo. Estamos todos entendendo que a sociedade derivada disso tem indivíduos ricos materialmente, mas vazios e desconectados de propósitos maiores.
O projeto não tem a pretensão de encontrar a bala de prata que traga uma solução definitiva, é claro, mas certamente está agregando outras visões ao desenho de iniciativas e permitirá testar e validar novos caminhos em áreas como governos, educação, saúde e negócios de impacto social.
Quero dividir com você, no entanto, o que achei mais surpreendente até agora: o estímulo ao aprendizado vivencial do inovador –que eu particularmente considero o ponto de partida de todo e qualquer processo de inovação. O laboratório social nos trouxe conceitos da Teoria U, desenvolvida por Otto Scharmer, do Massachusetts Institute of Technology (MIT), utilizando um modelo de “jornadas de aprendizado” (learning journeys), para nos tirar de nossas zonas de conforto. Vivenciamos experiências que nos levaram a compreender coisas de modos novos e nos despertaram o ímpeto de criar realidades alternativas. Nessas jornadas, fomos levados a lugares pouco (ou nada) conhecidos pela maioria de nós, como as escolas e fazendas de produção orgânica do Butão, país mundialmente conhecido por adotar o FIB (Felicidade Interna Bruta), as favelas do Rio de Janeiro, as comunidades ribeirinhas amazônicas.
Aprender com a vivência é algo que alinha a atenção e a intenção do inovador e, assim, proporciona a ele (ou a ela) insights que dificilmente emergiriam na rotina do dia a dia. Ficou claro para mim: as próximas inovações de ruptura não surgirão apenas da investigação de grandes bases de dados ou de tendências tecnológicas. A imersão em realidades desconhecidas será fundamental para quem quer criar o futuro. E o ponto de partida para tudo isso é você, inovador.