Estratégia e Execução

A Adobe virou uma martech

Reinventada, a empresa de US$ 9 bi de receita anual se sente uma startup que cresce mais de 20% ao ano

Compartilhar:

> **Saiba mais sobre Federico Grosso**
>
> **Quem é:** Nascido na Itália, é general manager da Adobe para a América Latina, que se reporta diretamente ao VP de Américas (Estados Unidos, Canadá e América Latina).Grosso atualmente gerencia todos os esforços comerciais da Adobe na região, provendo suporte a equipes internas, clientes e parceiros por meio da tecnologia de marketing digital e mensuração do engajamento de seus respectivos canais. 
>
> **Carreira:** Tem mais de 18 anos de experiência no campo de tecnologia e mídia digital e já passou por empresas como Yahoo!, Blinkx e Autonomy, empresa proveniente da HP Company.
>
> **Sobre a Adobe:** Líder mundial em marketing digital e soluções para mídias digitais, que fez uma grande transformação digital de 2013 para cá, simbolizada, entre outras coisas, pelo Adobe Sensei, a inteligência artificial empregada em cada uma de suas soluções. As ações da empresa subiram mais de 400% e, no ano fiscal de 2018, alcançou uma receita anual recorde de US$ 9,03 bilhões, 24% mais que em 2017. Tem 21 mil funcionários no mundo.

**5 – A Adobe é uma inspiração. Como disse em entrevista à MIT Sloan Management Review, soube fazer a própria transformação digital, absor­vendo as tecnologias que poderiam destruí-la. Isso ocorreu de 2013 para cá, com várias aquisições. Como foi a virada por dentro?**

De fato, a empresa transformou seu modelo de negócio ao apostar forte na computação em nuvem e ao investir em uma nova linha de negócios relacionada com SaaS [software como serviço], o que, ao longo do tempo, virou nossa plataforma de gerenciamento de experiências. Como foi isso? Enxergamos que o futuro seria digital e mudamos o mindset. Depois, fizemos aquisições. Para nós, comprar outras empresas não serviu só para agregar as tecnologias delas; quisemos trazer novos profissionais para o time e também buscamos dar novas oportunidades de carreira e novas habilidades aos nossos profissionais. 

Outro ponto: propiciamos um ambiente de trabalho agradável para as pessoas. Afinal, a transformação depende delas! O bom ambiente gera motivação e engajamento, o que se reflete no clima interno – e assim, em 2018, fomos a quarta companhia mais feliz para trabalhar pela CareerBliss. A Adobe tem ainda várias iniciativas internas que visam o bem-estar do colaborador, como a disponibilização de US$ 10 mil ao ano para que cada um possa fazer cursos. E diversidade nos importa; já atingimos, globalmente, a equidade salarial entre homens e mulheres. 

**4 – A unidade Brasil é sobretudo comercial. Como ela participa desse ambiente inovador?**

Entrei na Adobe há quatro anos e meio, quando a companhia decidiu que era o momento correto para acelerar a transformação digital nos escritórios da América Latina. O escritório brasileiro tem uma função principalmente comercial, mas reflete – em todos os aspectos – as práticas da matriz. A mudança foi muito bem assimilada pelo nosso pessoal, porque contratamos profissionais que compartilham nossos valores – inovação, autenticidade, envolvimento e busca contínua de aprimoramento e desenvolvimento.

Mudamos recentemente de escritório, seguindo a mesma linha da matriz de criar uma experiência entre os colaboradores que seja de alto nível e satisfação. No Brasil, estamos entre as cinco melhores empresas para se trabalhar em TI pelo Great Place to Work. A inovadora avaliação de desempenho chamada “check-in” da Adobe é feita aqui no Brasil também e valorizamos a diversidade igualmente. Nossa head de marketing no Brasil, por exemplo, priorizou a maternidade e esteve fora do mercado por dois anos, até que, em 2018, nós a trouxemos para a nossa equipe – era a pessoa certa.

**3 – Nos dias atuais, qual é a importância do Brasil para a Adobe mundial?**

O CEO da Adobe, Shantanu Narayen, e o board enxergam o Brasil como um país com grande potencial para os negócios por conta de alguns fatores importantes, como o tamanho da população e a economia, o fato de ser um país democrático, além de contar com uma população jovem e altamente engajada em mídias digitais. Acreditamos que Brasil, e também América Latina, são mercados ainda em maturação e com amplo espaço para a transformação digital. Há um progressivo amadurecimento digital dos brasileiros e, em consequência, grande demanda das empresas locais por novas tecnologias – elas querem oferecer a melhor experiência possível aos seus clientes. Ao conversar com CEOs e executivos de outras organizações, vejo que já ficou claro para eles que manter o status quo não é mais uma estratégia. 

A Adobe acredita que a visão das marcas deve evoluir de visibilidade de marca para propósito de marca, o que ocorre ao conhecerem e respeitarem o cliente, ao tornarem a tecnologia cada vez mais transparente, ao encantarem o cliente em cada contato durante toda a jornada. Não basta oferecer uma experiência de venda incrível se o SAC não acompanhar o mesmo padrão de excelência. Por isso, os desafios das empresas são gigantes e a Adobe, que passou ela mesma por transformação digital, está aqui para ajudar a superá-los.

**2 – Como o mercado brasileiro percebe a Adobe hoje?**

Hoje o mercado já reconhece a Adobe para além do criativo, enxergando a companhia como uma das grandes martechs do Brasil. Nesta década, nossa base de clientes tem se diversificado, expandindo o nosso core de ferramenta criativa e documental para incluir o mundo do marketing digital. As três nuvens da Adobe hoje cobrem uma oferta muito diversificada que incluem desde o freelancer de design e fotografia e das grandes agências de comunicação, veículos de mídia e criação, até os grandes clientes corporativos do setor financeiro, varejo, aviação e diversos outros segmentos de negócios. 

 Como exemplo de clientes corporativos, posso mencionar o trabalho muito bem-sucedido que realizamos com empresas brasileiras como Youse e Webmotors, que utilizaram nossas soluções para entender melhor o comportamento de seus clientes e para converter esses dados em uma experiência que conseguisse fidelizá-los. 

**1 – Essa nova Adobe vem mudando você como executivo?**

Minha carreira nasceu no digital duas décadas atrás – com a Yahoo!, na Itália –, e tive a oportunidade de respirar, já lá atrás, esse clima de liberdade de gestão, onde o organograma tradicional (cargos, experiência, faixa etária) era substituído pela meritocracia. 

Na Adobe, hoje, vejo algumas dessas características também, como o foco em meritocracia, a preocupação com a experiência do colaborador, o contexto organizado em torno de propósito claros e uma atenção à diversidade e à inclusão. Tudo isso já está bem amadurecido e consolidado, fazendo do nosso ambiente corporativo um lugar muito dinâmico para trabalhar.

A cultura da Adobe me permitiu exercer um modelo de liderança aberto, inclusivo, colaborativo e que deixa muito espaço ao coaching.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Organização

A difícil arte de premiar sem capitular

Desde Alfred Nobel, o ato de reconhecer os feitos dos seres humanos não é uma tarefa trivial, mas quando bem-feita costuma resultar em ganho reputacional para que premia e para quem é premiado

Liderança
A liderança eficaz exige a superação de modelos ultrapassados e a adoção de um estilo que valorize autonomia, diversidade e tomada de decisão compartilhada. Adaptar-se a essa nova realidade é essencial para impulsionar resultados e construir equipes de alta performance.

Rubens Pimentel

6 min de leitura
Tecnologias exponenciais
O DeepSeek, modelo de inteligência artificial desenvolvido na China, emerge como força disruptiva que desafia o domínio das big techs ocidentais, propondo uma abordagem tecnológica mais acessível, descentralizada e eficiente. Desenvolvido com uma estratégia de baixo custo e alto desempenho, o modelo representa uma revolução que transcende aspectos meramente tecnológicos, impactando dinâmicas geopolíticas e econômicas globais.

Leandro Mattos

0 min de leitura
Empreendedorismo
País do sudeste asiático lidera o ranking educacional PISA, ao passo que o Brasil despencou da 51ª para a 65ª posição entre o início deste milênio e a segunda década, apostando em currículos focados em resolução de problemas, habilidades críticas e pensamento analítico, entre outros; resultado, desde então, tem sido um brutal impacto na produtividade das empresas

Marina Proença

5 min de leitura
Empreendedorismo
A proficiência amplia oportunidades, fortalece a liderança e impulsiona carreiras, como demonstram casos reais de ascensão corporativa. Empresas visionárias que investem no desenvolvimento linguístico de seus talentos garantem vantagem competitiva, pois comunicação eficaz e domínio do inglês são fatores decisivos para inovação, negociação e liderança no cenário global.

Gilberto de Paiva Dias

9 min de leitura
Tecnologias exponenciais
Com o avanço da inteligência artificial, a produção de vídeos se tornou mais acessível e personalizada, permitindo locuções humanizadas, avatares realistas e edições automatizadas. No entanto, o uso dessas tecnologias exige responsabilidade ética para evitar abusos. Equilibrando inovação e transparência, empresas podem transformar a comunicação e o aprendizado, criando experiências imersivas que inspiram e engajam.

Luiz Alexandre Castanha

4 min de leitura
Empreendedorismo
A inteligência cultural é um diferencial estratégico para líderes globais, permitindo integrar narrativas históricas e práticas locais para impulsionar inovação, colaboração e impacto sustentável.

Angelina Bejgrowicz

7 min de leitura
Empreendedorismo
A intencionalidade não é a solução para tudo, mas é o que transforma escolhas em estratégias e nos permite navegar a vida com mais clareza e propósito.

Isabela Corrêa

6 min de leitura
Liderança
Construir e consolidar um posicionamento executivo é essencial para liderar com clareza, alinhar valores e princípios à gestão e impulsionar o desenvolvimento de carreira. Um posicionamento bem definido orienta decisões, fortalece relações profissionais e contribui para um ambiente de trabalho mais ético, produtivo e sustentável.

Rubens Pimentel

4 min de leitura
Empreendedorismo
Impacto social e sustentabilidade financeira não são opostos – são aliados essenciais para transformar vidas de forma duradoura. Entender essa relação foi o que permitiu ao Aqualuz crescer e beneficiar milhares de pessoas.

Anna Luísa Beserra

5 min de leitura
ESG
Infelizmente a inclusão tem sofrido ataques nas últimas semanas. Por isso, é necessário entender que não é uma tendência, mas uma necessidade estratégica e econômica. Resistir aos retrocessos é garantir um futuro mais justo e sustentável.

Carolina Ignarra

0 min de leitura