Uncategorized

A Agenda 2030 e a construção de um futuro desejável

Exemplo de processo democrático na cooperação internacional, a Agenda 2030 nos inspira a transformar nossas comunidades para chegarmos a um futuro mais igual e justo
Mulher negra brasileira protagonista na construção de um futuro sustentável para todas e todos. Delegada brasileira do grupo de engajamento jovem do G20 em 2021 no track de inovação, digitalização e futuro do trabalho.

Compartilhar:

1º de janeiro de 2030. Uma jovem marroquina acorda para mais um dia de trabalho. Vai até a sua geladeira e se serve de um copo d’água potável em sua casa própria. Após se preparar, pega os equipamentos para a sua bicicleta e se despede dos filhos: “Até a noite. Bom dia na escola, queridos!”. Seu andar é abastecido por energia motora e ainda reduz a emissão de gases poluentes e nocivos ao planeta.

Em 2020, eu me levanto para mais um dia de trabalho. Vou até a geladeira da casa da minha mãe, pego o meu café da manhã. Com pressa, me arrumo, pego as chaves de casa e me despeço: “Estou indo, não posso me atrasar. Dia longo hoje, não me espere para o jantar”.

Quais são os futuros possíveis? O que eu estou fazendo para que um novo futuro seja possível para a nossa sociedade?

A [Agenda 2030 das Nações Unidas](https://odsbrasil.gov.br/relatorio/sintese), composta pelos seus 17 objetivos, 169 metas e 247 indicadores é um guia de medidas ousadas e transformadoras, urgentemente necessárias para que alcancemos a totalidade do conceito de [desenvolvimento sustentável](https://www.revistahsm.com.br/post/futuro-no-agora-negocios-conscientes-responsaveis-e-humanizados) até o ano de 2030. Isto significa equilibrar as três dimensões: social, ambiental e econômica, erradicando a pobreza em todas as suas formas e dimensões e protegendo o nosso mundo, garantindo as necessidades da geração atual, sem comprometer as gerações futuras. Tudo isso, sem deixar ninguém para trás.

![Agenda 2030](//images.contentful.com/ucp6tw9r5u7d/6lbB9SCDBfxJl1kr5y45DY/ef0eddc32c2845d1c639782ad0b2433a/agenda2030-ods-onu.png) Fonte: Agenda 2030 da ONU

Eu, uma jovem negra brasileira de 28 anos, estou conectada de inúmeras formas com a marroquina citada anteriormente. Falo de interdependência, de nos vermos como parte de um todo. Eu, como uma mulher que vê o futuro como uma chance de construir novas histórias. Ela, como uma mulher do futuro, que eu sonho para todas. Embora tenha recorrido a um exemplo Brasil-Marrocos, poderia comparar uma situação somente da realidade nacional, extremamente desafiadora quando o tema é desigualdade.

## Construindo o futuro
“Não somos estatística, somos o futuro”, diz o slogan pessoal do jovem empreendedor social, Lucas Lima. Somos história. O meu fazer é extremamente desafiador e conectado com a ferramenta que eu acredito ser a mais útil para que essa história seja feliz. Estudante de escola pública por toda a minha vida, identifiquei cedo que gostava de surpreender as pessoas por meio da criatividade. E quem trabalha com a criatividade apresentando os fatos de forma inovadora? Os publicitários.

Na faculdade, o incentivo de uma professora me levou além: vivi uma experiência de intercâmbio acadêmico na Espanha por seis meses. Ao retornar, iniciei em uma instituição que desenvolve negócios de jovens da minha cidade, onde estou até hoje. Porém, não são quaisquer negócios. Afinal, se for para criar um novo negócio, que explore recursos humanos e recursos naturais, que ele pratique ao menos boas práticas socioambientais, e no máximo, tenha um modelo de impacto. Isso é o que faz sentido para mim.

O quanto jovens líderes podem influenciar para a [construção de um futuro possível baseado na Agenda 2030](https://www.revistahsm.com.br/post/o-que-nutre-as-disputas-entre-agro-cidades-e-meio-ambiente)? Greta, a menina sueca ativista ambiental, chama os jovens para a ação, mas redobra a responsabilidade dos mais velhos, dos líderes estabelecidos. Onde eles estavam que não viram a necessidade de olhar para a sustentabilidade do planeta e das pessoas?

## Imagine 2030!
Segundo o *SDG 2020 report*, que apresenta a implementação dos índices dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 nos países membros da ONU, o Marrocos avançou mais em relação a três ODS, 1, 6 e 13, referentes à erradicação da pobreza, água potável e saneamento e ação contra a mudança global do clima. No Brasil, os ODS que tendem a estar mais avançados até 2030 são os 6, 7 e 13, sendo o ODS 6 sobre energia limpa e acessível.

No contexto atual, parece improvável que uma mulher africana tenha um trabalho decente, água potável em sua casa própria equipada e acesso ao transporte de qualidade. E ainda tenha dois filhos com acesso a educação de qualidade. No contexto brasileiro, a situação se agrava ainda mais. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), as mulheres ainda são sub-representadas e sub-remuneradas no mercado de trabalho. A saúde da mulher é carente de políticas públicas.

Em seu livro *Sapiens*, Yuval Harari afirma que “a realidade é uma construção”. Eu acrescentaria que [a realidade é uma construção coletiva](https://www.revistahsm.com.br/post/intraempreendedorismo-de-impacto-no-brasil) de alguns e que precisa urgentemente passar a ser construída por todos nós. A visualização futurística do início deste artigo é e deve ser o futuro que queremos, resultado da transformação do nosso mundo por meio de um plano de ação universal para pessoas, planeta e prosperidade, ainda que a desigualdade de gênero se mostre um impedimento ao desenvolvimento sustentável.

## Exemplo democrático
A elaboração da Agenda 2030 é um grande exemplo de processo democrático na cooperação internacional, tornando-se um modelo de alcance e significado sem precedentes. Um compromisso estabelecido por todos os países que reitera a importância do valor da transculturalidade. Governos, organizações e sociedade civil juntos, olhando para suas ações do presente e suas consequências em um futuro não muito distante. Se não agirmos juntos agora, nada será possível.

A sociedade é a sua comunidade, a sua cidade, o seu bairro. É seu, é nosso. E como nós podemos começar a nos ver como agentes da transformação, agentes da mudança necessária para que possamos visitar o futuro e nos sentirmos orgulhosos do que construímos. Como podemos nos sentir contemplados pelo futuro desejável?

Todos nós podemos ser agentes do futuro melhor. [Somos protagonistas e parte da solução](https://www.revistahsm.com.br/post/lideranca-a-muitas-maos). Todos podemos. A mudança começa com cada um de nós. E se podemos, por que ainda não estamos fazendo?

Uma fonte importantíssima para executivos que querem aplicar a Visão 2030 em suas empresas aqui no Brasil é o [*Relatório Luz da Sociedade Civil sobre a Agenda 2030*](https://gtagenda2030.org.br/relatorio-luz/relatorio-luz-2020/). O documento aponta as metas em retrocesso, as ameaçadas, as estagnadas, as em que as ações estão insuficientes e as que estão com um nível satisfatório de atingimento no Brasil. Adicionalmente, o relatório ainda apresenta recomendações para cada um dos ODS.

Neste sentido, entendendo o potencial e a importância de um cidadão “comum” fazer a diferença, recomendo uma publicação da ONU chamada *[Guia da pessoa preguiçosa para salvar o mundo](https://nacoesunidas.org/guiadopreguicoso/sobre/)*. O *Guia do Preguiçoso* traz dicas divididas em categorias: Superstar do Sofá, Heroína ou Herói da Família e Pessoa Legal do Bairro, de acordo com o grau de envolvimento e dificuldade da mudança de comportamento”. A [versão em inglês](https://www.un.org/sustainabledevelopment/takeaction/) ainda conta com um quarto nível: o Líder do Trabalho. Esse pode ser um primeiro passo, o que acha?

No próximo artigo, vamos falar sobre como jovens líderes e empresas estão atuando para alcançarmos esse tal futuro desejável.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Mercado de RevOps desponta e se destaca com crescimento acima da média 

O Revenue Operations (RevOps) está em franca expansão global, com estimativa de que 75% das empresas o adotarão até 2025. No Brasil, empresas líderes, como a 8D Hubify, já ultrapassaram as expectativas, mais que dobrando o faturamento e triplicando o lucro ao integrar marketing, vendas e sucesso do cliente. A Inteligência Artificial é peça-chave nessa transformação, automatizando interações para maior personalização e eficiência.

Uso de PDI tem sido negligenciado nas companhias

Apesar de ser uma ferramenta essencial para o desenvolvimento de colaboradores, o Plano de Desenvolvimento Individual (PDI) vem sendo negligenciado por empresas no Brasil. Pesquisa da Mereo mostra que apenas 60% das companhias avaliadas possuem PDIs cadastrados, com queda no engajamento de 2022 para 2023.

Regulamentação da IA: Como empresas podem conciliar responsabilidades éticas e inovação? 

A inteligência artificial (IA) está revolucionando o mundo dos negócios, mas seu avanço rápido exige uma discussão sobre regulamentação. Enquanto a Europa avança com regras para garantir benefícios éticos, os EUA priorizam a liberdade econômica. No Brasil, startups e empresas se mobilizam para aproveitar as vantagens competitivas da IA, mas aguardam um marco legal claro.

Governança estratégica: a gestão de riscos psicossociais integrada à performance corporativa

A gestão de riscos psicossociais ganha espaço nos conselhos, impulsionada por perdas estimadas em US$ 3 trilhões ao ano. No Brasil, a atualização da NR1 exige que empresas avaliem e gerenciem sistematicamente esses riscos. Essa mudança reflete o reconhecimento de que funcionários saudáveis são mais produtivos, com estudos mostrando retornos de até R$ 4 para cada R$ 1 investido

Transformação Digital, Estratégia
Este texto é uma aula de Alan Souza, afinal, é preciso construir espaços saudáveis e que sejam possíveis para que a transformação ocorra. Aproveite a leitura!

Alan Souza

4 min de leitura
Liderança
como as virtudes de criatividade e eficiência, adaptabilidade e determinação, além da autorresponsabilidade, sensibilidade, generosidade e vulnerabilidade podem coexistir em um líder?

Lilian Cruz

4 min de leitura
Gestão de Pessoas, Liderança
As novas gerações estão redefinindo o conceito de sucesso no trabalho, priorizando propósito, bem-estar e flexibilidade, enquanto muitas empresas ainda lutam para se adaptar a essa mudança cultural profunda.

Daniel Campos Neto

4 min de leitura
ESG, Empreendedorismo
31/07/2024
O que as empresas podem fazer pelo meio ambiente e para colocar a sustentabilidade no centro da estratégia

Paula Nigro

3 min de leitura
ESG
Exercer a democracia cada vez mais se trata também de se impor na limitação de ideias que não façam sentido para um estado democrático por direito. Precisamos ser mais críticos e tomar cuidado com aquilo que buscamos para nos representar.
3 min de leitura
Empreendedorismo, ESG
01/01/2001
A maior parte do empreendedorismo brasileiro é feito por mulheres pretas e, mesmo assim, o crédito é majoritariamente dado às empresárias brancas. A que se deve essa diferença?
0 min de leitura
ESG, ESG, Diversidade
09/10/2050
Essa semana assistimos (atônitos!) a um CEO de uma empresa de educação postar, publicamente, sua visão sobre as mulheres.

Ana Flavia Martins

2 min de leitura
ESG
Em um mundo onde o lucro não pode mais ser o único objetivo, o Capitalismo Consciente surge como alternativa essencial para equilibrar pessoas, planeta e resultados financeiros.

Anna Luísa Beserra

3 min de leitura