Gestão de Pessoas

A autoconsciência técnica e seus impactos na cultura de inovação

Entender o contexto da empresa em que atua e o que funciona para seu ambiente e colaboradores e, a partir daí, desenhar estratégias de RH é o fundamento da autoconsciência técnica
Sócio diretor da Tailor | Headhunter & Estrategista de RH. É conselheiro de administração & advisory de startups e mentor de carreiras. Tem grande experiência em processos de identificação de talentos, transformação cultural e turnaround de modelos de negócio. É autor do livro *O acaso não existe*.

Compartilhar:

Trabalho com arquitetura estratégica de gestão de pessoas há mais de vinte anos e sou um neófilo – uma pessoa que simpatiza, segue e é partidário ao novo e às novas experiências. Quando descubro algum movimento que traz novidades e que vem carregado de certa dose de inovação, independentemente de qual área ou segmento for, pode ter certeza que eu vou querer me conectar e estar perto.

Ao mesmo tempo em que ser um néofilo ou simplesmente um curioso proativo é importante nos dias atuais, acredito que os profissionais de RH deveriam ser grandes estudiosos, mesmo sabendo que o mundo corporativo brasileiro, erroneamente, não valoriza o executivo acadêmico e pesquisador, pois acredita que a academia e a prática estão distantes – ledo engano.

A academia antecede e reinventa a prática, amplia horizontes, conecta conhecimentos de diferentes áreas, nos faz aprender a desaprender, e a cada dia a aquisição de novos saberes e sabores serão (como sempre foram) um diferencial para escalonar as carreiras e, por consequência, as organizações num contexto de [lifelong learning](https://www.revistahsm.com.br/post/novas-habilidades-aprender-ou-morrer).

## Entendendo a autoconsciência técnica
Se somarmos o ser curioso e estudioso com o vivenciar no dia a dia os desafios organizacionais, certamente ampliaremos o nível de autoconsciência técnica. Ou seja, os profissionais aumentarão sua capacidade de compreender contextos, ler cenários, interpretar informações e tomar decisões mais assertivas, assim como evitar os efeitos colaterais da implantação de novas práticas, processos, tecnologias, [políticas e rituais de gestão de pessoas](https://www.revistahsm.com.br/post/cultura-agil-e-desafios-comportamentais) em diferentes ambientes culturais.

> A empresa é semelhante a um ser humano e seus órgãos, quando estamos fazendo um tratamento de saúde, o médico nos receita dois remédios: um para a causa e outro para evitar eventuais efeitos colaterais do uso da primeira medicação, como dores no estômago.

E por que trago tudo isso? Porque noto que a estratégia do benchmarking, ou melhor, do copy/adapt ainda é muito utilizada. Não tenho dúvidas que as melhores práticas em gestão de pessoas, compartilhadas em revistas, no meio digital e em eventos, nasceram há anos nas grandes organizações, por meio do entendimento de cenários e momentos específicos destas empresas, com suporte de pesquisas, testes, modelagens e de muitos erros, acertos e aprendizados. Porém, em muitos casos, quando você tem contato com tal prática, talvez ela nem funcione tanto ou nem esteja mais na vanguarda.

## Exercitando a autoconsciência técnica
Sendo assim, o que serve para as outras empresas, não necessariamente servirá para a sua. Diante disso, os profissionais de RH têm uma grande oportunidade de gerar ainda mais valor para os negócios, na medida em que ampliam a sua autoconsciência técnica e conseguem antever os efeitos colaterais ou ciclos de mudanças que podem acontecer em virtude da adoção de novas práticas de gestão de pessoas em suas organizações.

Abaixo trago como exemplos algumas perguntas que ilustram o papel da autoconsciência técnica.

– Quais os possíveis impactos positivos e negativos, no curto, médio e no longo prazo que a [adoção do home office pode causar em sua organização](https://www.revistahsm.com.br/post/cinco-caracteristicas-essenciais-para-uma-lideranca-a-distancia)?

– Quais são as ações paralelas que você deveria planejar e realizar para mitigar os efeitos colaterais à cultura, devido ao kickoff de uma nova iniciativa de RH junto a liderança?

– Quais os possíveis impactos que a implantação de um processo de avaliação 360º poderá causar nas relações entre os avaliados? Quais são os ciclos de maturidade deste processo?

– O que a minha empresa ganha ou perde em ter um processo seletivo 100% online?

## Autoconsciência técnica e inovação cultural
E o que a autoconsciência técnica tem a ver com cultura de inovação? Tudo! Se inovar é gerar valor para o outro, é colocar as pessoas no centro e construir com elas novas [jornadas de experiências gratificantes](https://www.revistahsm.com.br/post/afinal-para-que-serve-um-evp) e que trazem resultados, o baixo nível de consciência técnica faz com que as organizações não enxerguem relevantes impactos organizacionais que vão surgir mediante a adoção de modismos em gestão de pessoas, pois o que vale mais é ser e estar cool e seguir a “tendência”, do que o resultado do business.

Acredito que grande parte dos CEOs, donos de empresas, acionistas e membros do conselho ficariam muito mais satisfeitos se os times de RH deixassem alguns modismos de lado, e ampliassem seu nível de consciência técnica. Assim, ao invés de simplesmente replicarem modelos, processos e ferramentas reconhecidas pelo mercado, os profissionais de RH devem repensar seus papéis, passando de eficientes implantadores para importantes arquitetos de soluções para gestão de pessoas. Essa mudança contribuirá para a melhoria do processo de tomada de decisão e influenciará diretamente na geração de valor e resultados dos negócios.

*Saiba mais sobre gestão de pessoas em [nossas newsletters](https://www.revistahsm.com.br/newsletter) e [nossos podcasts](https://www.revistahsm.com.br/podcasts).*

Compartilhar:

Artigos relacionados

Quando o corpo pede pausa e o negócio pede pressa

Entre liderança e gestação, uma lição essencial: não existe performance sustentável sem energia. Pausar não é fraqueza, é gestão – e admitir limites pode ser o gesto mais poderoso para cuidar de pessoas e negócios.

Inovação e comunidades na presença digital

A creators economy deixou de ser tendência para se tornar estratégia: autenticidade, constância e inovação são os pilares que conectam marcas, líderes e comunidades em um mercado digital cada vez mais colaborativo.

Bem-estar & saúde
9 de dezembro de 2025
Entre liderança e gestação, uma lição essencial: não existe performance sustentável sem energia. Pausar não é fraqueza, é gestão - e admitir limites pode ser o gesto mais poderoso para cuidar de pessoas e negócios.

Tatiana Pimenta - Fundadora e CEO da Vittude,

3 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde
8 de dezembro de 2025
Com custos de saúde corporativa em alta, a telemedicina surge como solução estratégica: reduz sinistralidade, amplia acesso e fortalece o bem-estar, transformando a gestão de benefícios em vantagem competitiva.

Loraine Burgard - Cofundadora da h.ai

3 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde, Liderança
5 de dezembro de 2025
Em um mundo exausto, emoção deixa de ser fragilidade e se torna vantagem competitiva: até 2027, lideranças que integram sensibilidade, análise e coragem serão as que sustentam confiança, inovação e resultados.

Lisia Prado - Consultora e sócia da House of Feelings

5 minutos min de leitura
Finanças
4 de dezembro de 2025

Antonio de Pádua Parente Filho - Diretor Jurídico, Compliance, Risco e Operações no Braza Bank S.A.

3 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Marketing & growth
3 de dezembro de 2025
A creators economy deixou de ser tendência para se tornar estratégia: autenticidade, constância e inovação são os pilares que conectam marcas, líderes e comunidades em um mercado digital cada vez mais colaborativo.

Gabriel Andrade - Aluno da Anhembi Morumbi e integrante do LAB Jornalismo e Fernanda Iarossi - Professora da Universidade Anhembi Morumbi e Mestre em Comunicação Midiática pela Unesp

3 minutos min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial
2 de dezembro de 2025
Modelos generativos são eficazes apenas quando aplicados a demandas claramente estruturadas.

Diego Nogare - Executive Consultant in AI & ML

4 minutos min de leitura
Estratégia
1º de dezembro de 2025
Em ambientes complexos, planos lineares não bastam. O Estuarine Mapping propõe uma abordagem adaptativa para avaliar a viabilidade de mudanças, substituindo o “wishful thinking” por estratégias ancoradas em energia, tempo e contexto.

Manoel Pimentel - Chief Scientific Officer na The Cynefin Co. Brazil

10 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Liderança
29 de novembro de 2025
Por trás das negociações brilhantes e decisões estratégicas, Suits revela algo essencial: liderança é feita de pessoas - com virtudes, vulnerabilidades e escolhas que moldam não só organizações, mas relações de confiança.

Lilian Cruz - Fundadora da Zero Gravity Thinking

3 minutos min de leitura
Estratégia, Marketing & growth
28 de novembro de 2025
De um caos no trânsito na Filadélfia à consolidação como código cultural no Brasil, a Black Friday evoluiu de liquidação para estratégia, transformando descontos em inteligência de precificação e redefinindo a relação entre consumo, margem e reputação

Alexandre Costa - Fundador do grupo Attitude Pricing (Comunidade Brasileira de Profissionais de Pricing)

4 minutos min de leitura
Inovação & estratégia
27 de novembro de 2025
A pergunta “O que você vai ser quando crescer?” parece ingênua, mas carrega uma armadilha: a ilusão de que há um único futuro esperando por nós. Essa mesma armadilha ronda o setor automotivo. Afinal, que futuros essa indústria, uma das mais maduras do mundo, está disposta a imaginar para si?

Marcello Bressan, PhD, futurista, professor e pesquisador do NIX - Laboratório de Design de Narrativas, Imaginação e Experiências do CESAR

4 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança