Liderança, times e cultura, Cultura organizacional, Gestão de pessoas

A banalização da metodologia DISC e a urgência de uma abordagem responsável

Entenda como utilizar a metodologia DISC em quatro pontos e cuidados que você deve tomar no uso deste assessment tão popular nos dias de hoje.
Valéria Pimenta é diretora de negócios na Thomas International Brasil, provedora de avaliações comportamentais, presente em 60 países.

Compartilhar:

Nos últimos anos, a metodologia DISC tem se popularizado amplamente, tanto em ambientes corporativos quanto pessoais. No entanto, esse boom trouxe consigo um problema significativo: a banalização desse importante assessment ferramenta. Muitas vezes, podemos afirmar que ele é utilizado de maneira superficial e irresponsável, desconsiderando a importância de um uso adequado, cuidadoso e acompanhado por um profissional qualificado para conduzir conversas relevantes e empáticas sobre as preferências comportamentais de maneira correta.

Vale lembrar que a metodologia DISC é um instrumento que mede as preferências comportamentais de um indivíduo apresentando aos recrutadores ou qualquer profissional que esteja liderando o projeto quatro perfis principais: Dominância, Influência, Estabilidade e Conformidade. Cada um desses possui características específicas que ajudam a entender melhor os comportamentos observáveis das pessoas em diferentes contextos.

Com o aumento da popularidade do DISC, tem-se observado uma proliferação de plataformas que prometem apresentar resultados acurados. No entanto, muitas dessas são construídas a partir de planilhas que trazem os resultados considerando somente com um dos fatores do DISC no perfil de uma pessoa. E podemos afirmar que isso é muito raso, pois um perfil se apresenta a partir da combinação dos quatro fatores e da intensidade com que cada um se manifesta nas preferências de um indivíduo.

Esse fenômeno tem levado a uma interpretação equivocada e muitas vezes prejudicial dos perfis comportamentais. Sem uma compreensão profunda dos princípios que fundamentam o DISC e das nuances de cada perfil, os resultados podem ser mal interpretados, levando a decisões inadequadas tanto no ambiente profissional quanto no pessoal.

A aplicação correta da metodologia DISC requer, antes de tudo, um profissional devidamente preparado, com formação específica e experiência prática, que deve ser capaz de analisar três pontos-chave:

• Compreender a teoria por trás do DISC: conhecer os fundamentos teóricos que sustentam a metodologia é essencial para uma interpretação precisa dos perfis comportamentais;

• Interpretar os resultados com profundidade: ir além das características superficiais e entender as motivações e contextos que influenciam o comportamento dos indivíduos;

• Utilizar o DISC como parte de um processo mais amplo: integrar a metodologia DISC em um contexto mais amplo de desenvolvimento pessoal e profissional, utilizando-a como uma ferramenta complementar, e não como um fim em si mesma.

Vale lembrar que a utilização irresponsável da metodologia DISC pode ter diversas consequências negativas, das quais três podem ser as mais impactantes:

• Tomada de decisões erradas: basear decisões importantes em interpretações superficiais pode levar a escolhas inadequadas, especialmente em processos de recrutamento e seleção – e em processos de liderança, por vezes, os erros podem ser ainda mais prejudiciais às companhias;

• Perda de credibilidade: a banalização da ferramenta pode levar à perda de credibilidade do DISC como um método de avaliação válido.

• Desmotivação, conflitos e rótulos: interpretações erradas podem causar desmotivação e conflitos entre colaboradores, afetando negativamente o ambiente de trabalho. Muitas pessoas rotulam as preferências a partir de seus próprios “filtros” e somente uma orientação correta pode eliminar estas interpretações errôneas.

Para que a metodologia DISC seja utilizada de maneira eficaz e responsável, é fundamental que seja conduzida por profissionais qualificados e preparados. A banalização do DISC não apenas compromete a validade do assessment, mas também pode gerar consequências prejudiciais. Portanto, é essencial valorizar e investir na formação de profissionais que possam utilizá-lo de forma ética e competente, garantindo, assim, a relevância e a eficácia da avaliação comportamental.

Compartilhar:

Artigos relacionados

O futuro dos eventos: conexões que transformam

Eventos não morreram, mas 78% dos participantes já rejeitam formatos ultrapassados. O OASIS Connection chega como antídoto: um laboratório vivo onde IA, wellness e conexões reais recriam o futuro dos negócios

Tecnologias exponenciais
Setores que investiram em treinamento interno sobre IA tiveram 57% mais ganhos de produtividade. O segredo está na transição inteligente.

Vitor Maciel

6 min de leitura
Empreendedorismo
Autoconhecimento, mentoria e feedback constante: a nova tríade para formar líderes preparados para os desafios do trabalho moderno

Marcus Vaccari

6 min de leitura
Tecnologias exponenciais
Se seu atendimento não é 24/7, personalizado e instantâneo, você já está perdendo cliente para quem investiu em automação. O tempo de resposta agora é o novo preço da fidelização

Edson Alves

4 min de leitura
Inovação
Enquanto você lê mais um relatório de tendências, seus concorrentes estão errando rápido, abolindo burocracias e contratando por habilidades. Não é só questão de currículos. Essa é a nova guerra pela inovação.

Alexandre Waclawovsky

8 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A aplicação da inteligência artificial e um novo posicionamento da liderança tornam-se primordiais para uma gestão lean de portfólio

Renata Moreno

4 min de leitura
Finanças
Taxas de juros altas, inovação subfinanciada: o mapa para captar recursos em melhorias que já fazem parte do seu DNA operacional, mas nunca foram formalizadas como inovação.

Eline Casasola

5 min de leitura
Empreendedorismo
Contratar um Chief of Staff pode ser a solução que sua empresa precisa para ganhar agilidade e melhorar a governança

Carolina Santos Laboissiere

7 min de leitura
ESG
Quando 84% dos profissionais com deficiência relatam saúde mental afetada no trabalho, a nova NR-1 chega para transformar obrigação legal em oportunidade estratégica. Inclusão real nunca foi tão urgente

Carolina Ignarra

4 min de leitura
ESG
Brasil é o 2º no ranking mundial de burnout e 472 mil licenças em 2024 revelam a epidemia silenciosa que também atinge gestores.
5 min de leitura
Inovação
7 anos depois da reforma trabalhista, empresas ainda não entenderam: flexibilidade legal não basta quando a gestão continua presa ao relógio do século XIX. O resultado? Quiet quitting, burnout e talentos 45+ migrando para o modelo Talent as a Service

Juliana Ramalho

4 min de leitura