Diversidade

A busca pela equidade humana

Empresas que valorizam a diversidade e a equidade de gênero, promovendo ainda lideranças femininas, são capazes de gerar bem-estar na saúde organizacional, segundo estudos que apresento e analiso neste artigo
Elisa Rosenthal é a diretora presidente do Instituto Mulheres do Imobiliário. LinkedIn Top Voices, TEDx Speaker, produz e apresenta o podcast Vieses Femininos. Autora de Proprietárias: A ascensão da liderança feminina no setor imobiliário.

Compartilhar:

Venho reforçando em meus artigos que o peso maior do contexto pandêmico atual recai sobre os ombros femininos, por conta da múltipla jornada de trabalho, que é invisibilizada e não remunerada. A crise, além de tudo, também afetou a nossa rede de apoio.

Completamos um ano de pandemia de Covid-19 e o Brasil ultrapassa 375 mil mortes pela doença. O vírus, além de nos tirar vidas, promove o distanciamento e amplia o abismo social em que vivemos.

O primeiro ano completo de pandemia também pressiona as empresas que precisam compreender que o modelo híbrido de trabalho – presencial e remoto – não é e nem será uma moda passageira.

Enquanto o distanciamento e o abismo social aumentam, o Brasil despenca em ranking global de igualdade entre gêneros. Em levantamento feito pelo Fórum Econômico Mundial (WEF), nosso país ocupa 93º lugar entre 156 nações, uma perda de 26 posições em relação ao de 2006, quando estávamos em 67º.

De forma global, a análise do WEF reflete e reforça o forte impacto da pandemia de coronavírus sobre a população feminina. O Brasil foi citado como um dos países em que a população feminina foi “mais profundamente afetada” pela crise provocada pela pandemia, como destacou Natalie Lacey, executiva do instituto de pesquisa Ipsos e coautora do estudo.

Em agosto de 2012, a advogada, escritora, cientista política e CEO da New America, Anne-Marie Slaughter escreveu o emblemático artigo “Por que as mulheres ainda não podem ter tudo” ([Why Women Still Can’t Have It All](https://www.theatlantic.com/magazine/archive/2012/07/why-women-still-cant-have-it-all/309020/)), no qual reforça o quanto estávamos distantes de uma realidade possível para a equidade de gênero, especialmente no ambiente de trabalho, e que o equilíbrio vida pessoal, família e carreira seria quase que uma utopia no modelo de sociedade na qual vivemos.

Quase uma década depois, suas palavras nunca estiveram tão atuais. Assim como Anne-Marie, eu também acredito que nós, mulheres, podemos tudo – mas não hoje. A diferença é que o “hoje” dela aconteceu há quase nove anos e 2021 demonstra que há um longo caminho para percorrermos.

“Mulheres perderam empregos muito mais rapidamente que os homens e estão sendo recontratadas muito mais lentamente”, afirmou Saadia Zahidi, diretora-executiva do WEF.

## Diversidade gera saúde

Na esperança de melhorar a situação de todas as mulheres e de eliminar o que Justin Wolfers e Betsey Stevenson chamaram de “nova lacuna de gênero”, um estudo publicado em 2009, “O paradoxo do declínio da felicidade feminina” ([The Paradox of Declining Female Happiness](http://ftp.iza.org/dp4200.pdf)), mostrou que, desde 1970 e ao longo das décadas, a infelicidade feminina aumentou em relação aos índices masculinos.

Durante a pandemia, a consultoria internacional Mckinsey & Company publicou no relatório “Diversidade Importa” ([Diversity Matters-2020](https://www.mckinsey.com/br/our-insights/diversity-matters-america-latina)) que as empresas comprometidas com a diversidade são significativamente mais propensas do que outras empresas a terem funcionários felizes, ou seja, uma dimensão-chave da saúde organizacional.

A diferença é praticamente o dobro, sendo que, para empresas com diversidade, 63% dos colaboradores afirmam serem felizes no trabalho, comparados a 31% das empresas que não estão comprometidas com o tema.

Outra descoberta interessante é que os funcionários de [empresas comprometidas com a diversidade](https://www.revistahsm.com.br/post/equidade-de-genero-nas-empresas-uma-questao-de-compliance) geralmente desejam permanecer mais tempo e aspiram alcançar níveis mais elevados na organização.

Como resultado, essas corporações têm maior probabilidade de manter funcionários por mais tempo, independentemente de gênero, etnia ou orientação sexual. Somados ao maior índice de saúde e felicidade, as empresas conseguem gerar ganhos adicionais no desempenho financeiro.

## Liderança feminina

Em uma enquete recente que fiz no meu perfil do LinkedIn, perguntei sobre o entendimento a respeito de liderança feminina. Dos 571 votos, 61% creditaram ao maior número de mulheres em cargos de liderança e os 39% restantes a uma forma mais feminina de liderar.

Na palestra do TED realizada em 2013 intitulada de “Nós podemos ter tudo?” ([Can we have it all”?](https://www.ted.com/talks/anne_marie_slaughter_can_we_all_have_it_all)), Anne-Marie diz que, no ambiente de trabalho, a verdadeira igualdade significa a valorização da família tanto quanto o trabalho e a compreensão de que homens e mulheres se reforçam mutuamente, acrescentando: “como líder e como gerente, eu tenho sempre agido sob o mantra: se a família está em primeiro lugar, o trabalho não vem em segundo lugar – a vida está no conjunto.”

[Liderança feminina é, sim, sobre mais equidade de gênero e sobre mais equidade humana](https://www.revistahsm.com.br/post/da-equidade-de-genero-a-lideranca-feminina). O caminho para construirmos um futuro equânime passa por olhar para a saúde e a felicidade das empresas, da sociedade e, essencialmente, das mulheres.

*Gostou do texto da Elisa Tawil? Saiba mais sobre diversidade e equidade de gênero assinando gratuitamente [nossas newsletters](https://www.revistahsm.com.br/newsletter) e escutando [nossos podcasts](https://www.revistahsm.com.br/podcasts) em sua plataforma de streaming favorita.*

Compartilhar:

Artigos relacionados

Liderança
14 de novembro de 2025
Como dividir dúvidas, receios e decisões no topo?

Rubens Pimentel - CEO da Trajeto Desenvolvimento Empresarial

2 minutos min de leitura
Sustentabilidade
13 de novembro de 2025
O protagonismo feminino se consolidou no movimento com a Carta das Mulheres para a COP30

Luiza Helena Trajano e Fabiana Peroni

5 min de leitura
ESG, Liderança
13 de novembro de 2025
Saiba o que há em comum entre o desengajamento de 79% da força de trabalho e um evento como a COP30

Viviane Mansi - Conselheira de empresas, mentora e professora

3 minutos min de leitura
Inovação & estratégia
12 de novembro de 2025
Modernizar o prazo de validade com o conceito de “best before” é mais do que uma mudança técnica - é um avanço cultural que conecta o Brasil às práticas globais de consumo consciente, combate ao desperdício e construção de uma economia verde.

Lucas Infante - CEO da Food To Save

3 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, ESG
11 de novembro de 2025
Com a COP30, o turismo sustentável se consolida como vetor estratégico para o Brasil, unindo tecnologia, impacto social e preservação ambiental em uma nova era de desenvolvimento consciente.

André Veneziani - Vice-Presidente Comercial Brasil & América Latina da C-MORE Sustainability

3 minutos min de leitura
Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
10 de novembro de 2025
A arquitetura de software deixou de ser apenas técnica: hoje, ela é peça-chave para transformar estratégia em inovação real, conectando visão de negócio à entrega de valor com consistência, escalabilidade e impacto.

Diego Souza - Principal Technical Manager no CESAR, Dayvison Chaves - Gerente do Ambiente de Arquitetura e Inovação e Diego Ivo - Gerente Executivo do Hub de Inovação, ambos do BNB

8 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde
7 de novembro de 2025
Investir em bem-estar é estratégico - e mensurável. Com dados, indicadores e integração aos OKRs, empresas transformam cuidado com corpo e mente em performance, retenção e vantagem competitiva.

Luciana Carvalho - CHRO da Blip, e Ricardo Guerra - líder do Wellhub no Brasil

4 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
6 de novembro de 2025
Incluir é mais do que contratar - é construir trajetórias. Sem estratégia, dados e cultura de cuidado, a inclusão de pessoas com deficiência segue sendo apenas discurso.

Carolina Ignarra - CEO da Talento Incluir

5 minutos min de leitura
Liderança
5 de novembro de 2025
Em um mundo sem mapas claros, o profissional do século 21 não precisa ter todas as respostas - mas sim coragem para sustentar as perguntas certas. Neste artigo, exploramos o surgimento do homo confusus, o novo ser humano do trabalho, e como habilidades como liderança, negociação e comunicação intercultural se tornam condições de sobrevivência em tempos de ambiguidade, sobrecarga informacional e transformações profundas nas relações profissionais.

Angelina Bejgrowicz - Fundadora e CEO da AB – Global Connections

12 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde
4 de novembro de 2025
Na era da hiperconexão, encerrar o expediente virou um ato estratégico - porque produtividade sustentável exige pausas, limites e líderes que valorizam o tempo como ativo de saúde mental.

Tatiana Pimenta - Fundadora e CEO da Vittude

3 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)