Direto ao ponto

A cientista e ativista negra que enfrentou as big techs

A pesquisa de Joy Buolamwini persuadiu Amazon, IBM e Microsoft a rever a tecnologia de reconhecimento facial. Ela agora luta contra o preconceito da IA em outras frentes

Compartilhar:

Em junho, a Amazon anunciou que estava voltando atrás quanto ao uso policial de seu polêmico software de reconhecimento facial, o Rekognition, usado pela polícia durante anos. Na mesma semana, a IBM prometeu parar totalmente de desenvolver o reconhecimento facial, e a Microsoft se comprometeu a suspender seu sistema usado pela polícia até a aprovação de uma regulamentação federal.

Tudo isso, segundo a revista Fast Company, graças à atuação da cientista da computação Joy Buolamwini. A base para esses resultados foi lançada há quatro anos, quando a jovem, então uma formanda de 25 anos no Media Lab do MIT, começou a examinar as disparidades raciais e de gênero incorporadas às tecnologias de reconhecimento facial disponíveis comercialmente.

Sua pesquisa culminou em dois estudos que revelaram como os sistemas das Big Techs foram incapazes de classificar os rostos femininos mais escuros com a mesma precisão dos homens brancos – destruindo o mito da neutralidade da máquina e provocando injustiças. Para Buolamwini, a pausa das Big Techs no desenvolvimento dessa tecnologia não é suficiente: ela está consolidando um movimento para expor as consequências sociais da inteligência artificial.

Por meio de sua organização sem fins lucrativos, a Algorithmic Justice League (AJL), Buolamwini testemunhou perante congressistas dos EUA sobre os perigos do uso de tecnologias de reconhecimento facial sem supervisão.
A ativista digital viveu o problema. Como estudante de graduação na Georgia Tech, ela teve que “pegar emprestado” o rosto de sua colega de quarto para usar em uma tarefa. Na época, a pesquisadora achava que as empresas de tecnologia logo resolveriam o problema. No MIT, percebeu que nem sabiam que o problema existia. Joy decidiu investigar o viés algorítmico quando se viu vestindo uma “máscara branca” para acessar o Media Lab do MIT – sem esse recurso, que escondia totalmente suas feições, o computador não a reconhecia.

Com seus estudos, afirma a reportagem, Buolamwini ajudou a fundar um novo campo de pesquisa acadêmica, que comprova o racismo nos algoritmos. Agora, a AJL, que antes funcionava como uma espécie de coalizão informal de pesquisadores e ativistas digitais, está lançando o Algorithmic Vulnerability Bounty Project, um conjunto de ferramentas que ajudará as pessoas a relatar preconceitos e danos causados pela IA, inspirado nos tipos de programas de recompensa usados para encontrar falhas de segurança na programação.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Calendário

Não, o ano ainda não acabou!

Em meio à letargia de fim de ano, um chamado à consciência: os últimos dias de 2024 são uma oportunidade valiosa de ressignificar trajetórias e construir propósito.

Gestão de Pessoas
Conheça o conceito de Inteligência Cultural e compreenda os três pilares que vão te ajudar a trazer clareza e compreensão para sua comunicação interpessoal (e talvez internacional)

Angelina Bejgrowicz

4 min de leitura
Liderança
Entenda como construir um ambiente organizacional que prioriza segurança psicológica, engajamento e o desenvolvimento genuíno das equipes.

Athila Machado

6 min de leitura
Empreendedorismo
Após a pandemia, a Geração Z que ingressa no mercado de trabalho aderiu ao movimento do "quiet quitting", realizando apenas o mínimo necessário em seus empregos por falta de satisfação. Pesquisa da Mckinsey mostra que 25% da Geração Z se sentiram mais ansiosos no trabalho, quase o dobro das gerações anteriores. Ambientes tóxicos, falta de reconhecimento e não se sentirem valorizados são alguns dos principais motivos.

Samir Iásbeck

4 min de leitura
Empreendedorismo
Otimizar processos para gerar empregos de melhor qualidade e remuneração, desenvolver produtos e serviços acessíveis para a população de baixa renda e investir em tecnologias disruptivas que possibilitem a criação de novos modelos de negócios inclusivos são peças-chave nessa remontagem da sociedade no mundo

Hilton Menezes

4 min de leitura
Finanças
Em um mercado cada vez mais competitivo, a inovação se destaca como fator crucial para o crescimento empresarial. Porém, transformar ideias inovadoras em realidade requer compreender as principais fontes de fomento disponíveis no Brasil, como BNDES, FINEP e Embrapii, além de adotar uma abordagem estratégica na elaboração de projetos robustos.

Eline Casalosa

4 min de leitura
Empreendedorismo
A importância de uma cultura organizacional forte para atingir uma transformação de visão e valores reais dentro de uma empresa

Renata Baccarat

4 min de leitura
Tecnologias exponenciais
Em meio aos mitos sobre IA no RH, empresas que proíbem seu uso enfrentam um paradoxo: funcionários já utilizam ferramentas como ChatGPT por conta própria. Casos práticos mostram que, quando bem implementada, a tecnologia revoluciona desde o onboarding até a gestão de performance.

Harold Schultz

3 min de leitura
Gestão de Pessoas
Diferente da avaliação anual tradicional, o modelo de feedback contínuo permite um fluxo constante de comunicação entre líderes e colaboradores, fortalecendo o aprendizado, o alinhamento de metas e a resposta rápida a mudanças.

Maria Augusta Orofino

3 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A Inteligência Artificial, impulsionada pelo uso massivo e acessível, avança exponencialmente, destacando-se como uma ferramenta inclusiva e transformadora para o futuro da gestão de pessoas e dos negócios

Marcelo Nóbrega

4 min de leitura
Liderança
Ao promover autonomia e resultados, líderes se fortalecem, reduzindo estresse e superando o paternalismo para desenvolver equipes mais alinhadas, realizadas e eficazes.

Rubens Pimentel

3 min de leitura