Empreendedorismo
7 min de leitura

A difícil arte de premiar sem capitular

Desde Alfred Nobel, o ato de reconhecer os feitos dos seres humanos não é uma tarefa trivial, mas quando bem-feita costuma resultar em ganho reputacional para que premia e para quem é premiado
Ivan Cruz é cofundador da Athon Consulting e da Mereo, empreendedor, consultor de gestão, conselheiro e “longlife learner”. Atuou como consultor no Brasil, nos Estados Unidos, na Alemanha, na Colômbia, na China e na França.

Compartilhar:

Organização

O ato de conceder um reconhecimento, homenagem ou láurea a um feito proporcionado por algum ser humano é antigo. Mas foi na virada dos séculos XIX para o XX que o “premiar” ganhou camadas relevantes no imaginário da população mundo afora. Desde que o industrial sueco Alfred Nobel resolveu deixar sua fortuna sob a batuta de uma organização que leva o seu nome, a Fundação Nobel, o ato de laurear os feitos da humanidade passou a ganhar outros contornos.

A Fundação Nobel, criada em 1900, assumiu a condição de fiel da balança no ato de conceder relevantes honrarias. E tem sido assim desde 1901, quando os primeiros prêmios foram dados nas áreas do conhecimento em Física, Química, Medicina, Literatura e o mais famoso deles: Prêmio Nobel da Paz.

Inspirado na relevância de reconhecer alguém, outras tantas fundações, entidades da sociedade civil organizada, companhias, entre outros, resolveram se enveredar pelo caminho do laurear. Mas apesar do desejo, há requisitos para que um prêmio ganhe o verniz necessário. E nem se trata apenas da repetição, ancorada no calendário greco-romano que rege parte do planeta, especialmente o mundo ocidental. Mas sim de respeito e credibilidade na coleta, análise, categorização e premiação, de fato, dos indicadores que norteiam esse momento.

Sim, porque há prêmios e prêmios. Os que pegam e os que nem de longe convencem.

Ciente do tamanho do desafio, resolvemos nos lançar nesse mundo do reconhecimento. Como HR Tech, ou seja, startup focada na Gestão de Pessoas, tínhamos clareza de que o desenvolvimento de um prêmio não deveria se limitar a simplesmente congraçar e reconhecer que alcançou níveis de excelência na gestão de pessoal. Precisaria abranger o negócio como um todo.

Até porque como cerca de 10% das 500 maiores empresas do Brasil contratam nossos serviços, distribuídos por mais de 40 setores da economia, como construção, agronegócio e finanças, o racional exigia um desenho acurado na delimitação das categorias. Foi assim que definimos “Excelência em Gestão”, “Engajada” e

“Performance” como as mais apropriadas para acomodar o anseio de reconhecimento no gerenciamento de um departamento de Gente, mas também na complexidade espalhada pelas áreas do core business.

Foi assim que nasceu o Mereo Awards, que premiou neste ano a Atto Sementes na categoria “Performance”, a Intelbras em “Excelência em Gestão” e a AddSales na categoria “Engajada”.

Referência no mercado de sementes brasileiro, a Atto Sementes tem mais de quatro décadas de história, emprega cerca de 1000 pessoas e ostenta mais de 2 milhões de hectares plantados a partir de seus produtos. E para ocupar a primeira posição, precisou levar em consideração a realização e alcance de metas lastreadas no percentual dos pontos atingidos.

Já Intelbras, fundada em Santa Catarina, em 1976, e conhecida por fabricar centrais condominiais, telefonia, switches e outros, foi considerada a melhor na gestão, porque abraçou uma abordagem mais estratégica e equilibrada para o desenvolvimento dos colaboradores e também para alcançar os objetivos organizacionais.

Contudo, a premiação não se limitou ao universo de companhias nascidas no Brasil. A portuguesa AddSales, que atua no segmento de Tecnologia da Informação, faturou o posicionamento de melhor no engajamento. Fundada há 20 anos, e presente no Brasil desde 2009, registrou o melhor eNPS, ou seja, liderou a métrica do Employee Net Promoter Score. Em outras palavras, o Nível de Engajamento e Satisfação do quadro de colaboradores. Nessa medição, o vitorioso precisava ter um indicador igual ou superior a 50. E ela o fez.

Portanto, a prática de premiar e reconhecer empresas tem ainda um efeito motivacional e de comparação. Organizações que estão em fase inicial ou em processo de maturação podem se inspirar naquelas já consolidadas como referência, promovendo uma competição saudável e incentivando a elevação dos padrões de excelência entre todas as participantes. O resultado é um ecossistema empresarial mais forte e colaborativo.

Além disso, premiar também propicia a interação entre as empresas participantes. O evento, no nosso caso, se transforma em um espaço fértil para networking e benchmarking, no qual líderes e gestores podem trocar experiências, compartilhar boas práticas e gerar conexões estratégicas que fortalecem não apenas suas próprias empresas, mas o setor como um todo.

Para assegurar a seriedade e a representatividade da premiação, criamos critérios e avaliações que realmente refletem as referências mais sólidas no mercado. O objetivo é estabelecer um selo de credibilidade e excelência, sinalizando que as empresas

reconhecidas são, de fato, exemplos em gestão do negócio, governança, engajamento e desenvolvimento de pessoas.

Ou seja, seguimos olhando para o futuro. Nos próximos anos, novas categorias serão criadas, com o intuito de segmentar ainda mais as empresas conforme seu porte, setor de atuação e nível de maturidade nas práticas de gestão. Assim, conseguiremos ampliar o alcance e a relevância do Awards, acompanhando a evolução do mercado e reforçando o nosso compromisso com o desenvolvimento sustentável das organizações.

Compartilhar:

Artigos relacionados

A aposta calculada que levou o Boticário a ser premiado no iF Awards

Enquanto concorrentes correm para lançar coleções sazonais inspiradas em tendências efêmeras, o Boticário demonstra que compreende um princípio fundamental: o verdadeiro valor do design não está na estética superficial, mas em sua capacidade de gerar impacto social e econômico simultaneamente. A linha Make B., vencedora do iF Design Award 2025, não é um produto de beleza – é um manifesto estratégico.

Quando o colaborador é o problema

Ambientes tóxicos nem sempre vêm da cultura – às vezes, vêm de uma única pessoa. Entenda como identificar e conter comportamentos silenciosos que desestabilizam equipes e ameaçam a saúde organizacional.

Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Estratégia, Inovação & estratégia, Tecnologia e inovação
22 de agosto de 2025
Em tempos de alta complexidade, líderes precisam de mais do que planos lineares - precisam de mapas adaptativos. Conheça o framework AIMS, ferramenta prática para navegar ambientes incertos e promover mudanças sustentáveis sem sufocar a emergência dos sistemas humanos.

Manoel Pimentel - Chief Scientific Officer na The Cynefin Co. Brazil

8 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Finanças, Marketing & growth
21 de agosto de 2025
Em tempos de tarifas, volta de impostos e tensão global, marcas que traduzem o cenário com clareza e reforçam sua presença local saem na frente na disputa pela confiança do consumidor.

Carolina Fernandes, CEO do hub Cubo Comunicação e host do podcast A Tecla SAP do Marketês

4 minutos min de leitura
Uncategorized, Empreendedorismo, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
20 de agosto de 2025
A Geração Z está redefinindo o que significa trabalhar e empreender. Por isso é importante refletir sobre como propósito, impacto social e autonomia estão moldando novas trajetórias profissionais - e por que entender esse movimento é essencial para quem quer acompanhar o futuro do trabalho.

Ana Fontes

4 minutos min de leitura
Inteligência artificial e gestão, Transformação Digital, Cultura organizacional, Inovação & estratégia
18 de agosto de 2025
O futuro chegou - e está sendo conversado. Como a conversa, uma das tecnologias mais antigas da humanidade, está se reinventando como interface inteligente, inclusiva e estratégica. Enquanto algumas marcas ainda decidem se vão aderir, os consumidores já estão falando. Literalmente.

Bruno Pedra, Gerente de estratégia de marca na Blip

3 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Estratégia, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
15 de agosto de 2025
Relatórios de tendências ajudam, mas não explicam tudo. Por exemplo, quando o assunto é comportamento jovem, não dá pra confiar só em categorias genéricas - como “Geração Z”. Por isso, vale refletir sobre como o fetiche geracional pode distorcer decisões estratégicas - e por que entender contextos reais é o que realmente gera valor.

Carol Zatorre, sócia e CO-CEO da Kyvo. Antropóloga e coordenadora regional do Epic Latin America

4 minutos min de leitura
Liderança, Bem-estar & saúde, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
14 de agosto de 2025
Como a prática da meditação transformou minha forma de viver e liderar

Por José Augusto Moura, CEO da brsa

5 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
14 de agosto de 2025
Ainda estamos contratando pessoas com deficiência da mesma forma que há décadas - e isso precisa mudar. Inclusão começa no processo seletivo, e ignorar essa etapa é excluir talentos. Ações afirmativas e comunicação acessível podem transformar sua empresa em um espaço realmente inclusivo.

Por Carolina Ignarra, CEO da Talento Incluir e Larissa Alves, Coordenadora de Empregabilidade da Talento Incluir

5 minutos min de leitura
Saúde mental, Gestão de pessoas, Estratégia
13 de agosto de 2025
Lideranças que ainda tratam o tema como secundário estão perdendo talentos, produtividade e reputação.

Tatiana Pimenta, CEO da Vittude

2 minutos min de leitura
Gestão de Pessoas, Carreira, Desenvolvimento pessoal, Estratégia
12 de agosto de 2025
O novo desenho do trabalho para organizações que buscam sustentabilidade, agilidade e inclusão geracional

Cris Sabbag - Sócia, COO e Principal Research da Talento Sênior

5 minutos min de leitura
Liderança, Gestão de Pessoas, Lifelong learning
11 de agosto de 2025
Liderar hoje exige mais do que estratégia - exige repertório. É preciso parar e refletir sobre o novo papel das lideranças em um mundo diverso, veloz e hiperconectado. O que você tem feito para acompanhar essa transformação?

Bruno Padredi

3 minutos min de leitura