Uncategorized

A discussão ética da inteligência artificial avança

No último SxSW, especialistas alertaram: é preciso desenvolver sistemas de IA em três frentes de atuação, para que sejam mais transparentes, compreensíveis e responsáveis

Compartilhar:

À medida que avançam as aplicações da inteligência artificial (IA), crescem também as dúvidas sobre como verdadeiramente se dá o aprendizados das máquinas. Em outras palavras, que caminhos os sistemas inteligentes, que têm a tecnologia de machine learning, percorrem para fazer o que fazem, ou para chegar às conclusões que apresentam. 

Esse foi o tema central do painel “Ética e IA: como se planejar para o imprevisível”, que fez parte da edição deste ano da tradicional feira de tecnologia, música e cinema South by Southwest (SxSW), realizada desde 1987 no Texas. Eis a conclusão dos especialistas, de acordo com reportagem do portal SingularityHub: é preciso desenvolver sistemas de IA mais transparentes, compreensíveis e responsáveis. 

Ryan Welsh, fundador e diretor da startup de AI Kyndi, destacou três frentes de atuação prioritárias para que os sistemas de inteligência artificial deixem de ser algo incompreensível para a maior parte da sociedade:

• Em primeiro lugar vem a transparência, ou seja, a capacidade de identificar as unidades de maior influência em uma rede de machine learning, assim como os pesos de cada uma dessas unidades e como elas se relacionam com os dados e os resultados obtidos. 

• Em seguida, surge a questão da procedência. É preciso saber de onde vêm os dados utilizados. No cenário ideal, um sistema de IA deveria ser capaz de citar, como referência, estudos e artigos criados por seres humanos.

• Por fim, os sistemas de IA devem ser capazes de explicar como funcionam em uma linguagem compreensível para a média dos usuários, com sentenças como: “Cheguei a esse resultado porque x, y, z…”. 

“Os seres humanos são únicos em seu desejo e em sua habilidade de perguntar por quê”, afirmou Josh Marcuse, diretor-executivo do Defense Innovation Board, que presta consultoria aos Departamento de Defesa do governo dos Estados Unidos em assuntos relativos à inovação. “Buscamos explicações das pessoas para entender o sistema de crenças delas, para decidir se concordamos com esse sistema e para saber se queremos seguir com aquele diálogo ou trabalho conjunto”, acrescentou.

Os seres humanos nem sempre conseguem explicar claramente suas escolhas, mas pelo menos tentam fazê-lo, de modo a demonstrar seu processo de tomada de decisões. As máquinas capazes de aprender ainda não fazem isso. Portanto, garantem os especialistas, o caminho é trabalhar na identificação dos dados responsáveis por desencadear o processo que leva à decisão pelo sistema de IA, mesmo que o processo e a decisão em si não sejam perfeitos.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Organização

A difícil arte de premiar sem capitular

Desde Alfred Nobel, o ato de reconhecer os feitos dos seres humanos não é uma tarefa trivial, mas quando bem-feita costuma resultar em ganho reputacional para que premia e para quem é premiado

Inovação
O SXSW 2025 transformou Austin em um laboratório de mobilidade, unindo debates, testes e experiências práticas com veículos autônomos, eVTOLs e micromobilidade, mostrando que o futuro do transporte é imersivo, elétrico e cada vez mais integrado à tecnologia.

Renate Fuchs

4 min de leitura
ESG
Em um mundo de conhecimento volátil, os extreme learners surgem como protagonistas: autodidatas que transformam aprendizado contínuo em vantagem competitiva, combinando autonomia, mentalidade de crescimento e adaptação ágil às mudanças do mercado

Cris Sabbag

7 min de leitura
Gestão de Pessoas
Geração Beta, conflitos ou sistema defasado? O verdadeiro choque não está entre gerações, mas entre um modelo de trabalho do século XX e profissionais do século XXI que exigem propósito, diversidade e adaptação urgent

Rafael Bertoni

0 min de leitura
Empreendedorismo
88% dos profissionais confiam mais em líderes que interagem (Edelman), mas 53% abandonam perfis que não respondem. No LinkedIn, conteúdo sem engajamento é prato frio - mesmo com 1 bilhão de usuários à mesa

Bruna Lopes de Barros

0 min de leitura
ESG
Mais que cumprir cotas, o desafio em 2025 é combater o capacitismo e criar trajetórias reais de carreira para pessoas com deficiência – apenas 0,1% ocupam cargos de liderança, enquanto 63% nunca foram promovidos, revelando a urgência de ações estratégicas além da contratação

Carolina Ignarra

4 min de leitura
Tecnologias exponenciais
O SXSW revelou o maior erro na discussão sobre IA: focar nos grãos de poeira (medos e detalhes técnicos) em vez do horizonte (humanização e estratégia integrada). O futuro exige telescópios, não lupas – empresas que enxergarem a IA como amplificadora (não substituta) da experiência humana liderarão a disrupção

Fernanda Nascimento

5 min de leitura
Liderança
Liderar é mais do que inspirar pelo exemplo: é sobre comunicação clara, decisões assertivas e desenvolvimento de talentos para construir equipes produtivas e alinhada

Rubens Pimentel

4 min de leitura
ESG
A saúde mental no ambiente corporativo é essencial para a produtividade e o bem-estar dos colaboradores, exigindo ações como conscientização, apoio psicológico e promoção de um ambiente de trabalho saudável e inclusivo.

Nayara Teixeira

7 min de leitura
Empreendedorismo
Selecionar startups vai além do pitch: maturidade, fit com o hub e impacto ESG são critérios-chave para construir ecossistemas de inovação que gerem valor real

Guilherme Lopes e Sofia Szenczi

9 min de leitura
Empreendedorismo
Processos Inteligentes impulsionam eficiência, inovação e crescimento sustentável; descubra como empresas podem liderar na era da hiperautomação.

Tiago Amor

6 min de leitura