Uncategorized

A Eletropaulo aposta na indústria 4.0

Entenda promessas tecnológicas como IA e a transformação da companhia em corporation
Adriana Salles Gomes é diretora-editorial de HSM Management.

Compartilhar:

**5 Inteligência artificial, atendimento ao cliente… qual é “o” desafio hoje?**

As coisas estão ligadas. O desafio é garantir a execução de nossa estratégia de criação de valor para a companhia, que tem como um dos principais direcionadores o Plano de Produtividade. Uma de suas frentes é o uso de novas tecnologias, o que, por sua vez, vai facilitar o autoatendimento e a solução das solicitações dos clientes no primeiro contato. Vamos investir nisso cerca de R$ 4 bilhões no ciclo 2017-2021 – R$ 940 milhões já em 2017. Temos os primeiros resultados, inclusive: o DEC [duração da interrupção de energia por consumidor] foi de 14,12 horas no segundo trimestre deste ano , o que é uma melhoria de 33% em relação ao mesmo período de 2016. 

Destaco ainda as iniciativas de automação da rede de distribuição de energia elétrica, que incluem a instalação de religadoras automáticas (em caso de falha de fornecimento de energia, a rede religa automaticamente) e de detectores de falhas (identificam automaticamente em qual ponto da rede elétrica há falta de energia). Até o fim deste ano, esperamos instalar 2.500 religadoras automáticas e 7.200 identificadores de falta de energia. Além disso, já estamos usando analytics e self healing, que nos possibilitam utilizar os dados para otimizar o trabalho das equipes e fazer programas de manutenção preventiva e preditiva. 

Nossa transformação digital começou há dez anos. Mais de 70% de nossos atendimentos já são feitos por canais digitais. Digitalizamos todas as subestações e automatizamos mais de 1.200 câmaras subterrâneas, além de ter uma central de operação digital. Somos a primeira distribuidora do Brasil a ter medidores inteligentes homologados pelo Inmetro e pela Anatel – são feitos no Brasil, e com comunicação híbrida por radiofrequência mesh (RF) e por fio de rede elétrica (PLC). O medidor possibilita leitura remota para faturamento e maior controle de consumo pelo cliente, que com ele também consegue gerar a própria energia se quiser e “vender” o excedente no sistema de distribuição tradicional. A cidade de Barueri inteira deve ter medidores até 2019; o projeto começou em 2013, funcionando como um living lab. 

Temos uma visão clara do emprego da IA também: é possível automatizar inspeções da rede elétrica por reconhecimento de imagem usando drones com câmeras e melhorar a interação com os clientes com chatbots. O objetivo é fazer isso nos próximos meses. 

Para inovar, cocriamos com startups, seja pelo programa Acelera – cujos direcionadores tecnológicos são eficiência energética, energy storage, carros elétricos, internet das coisas e geração distribuída –, seja em nosso próprio ambiente, no Cubo Coworking. 

**Saiba mais sobre**
**Lenzi e a Eletropaulo**

**Quem é:** CEO da AES Eletropaulo desde fevereiro de 2016, fez carreira em várias unidades da AES, inclusive na Índia. Ficou fora da empresa entre 2010 e 2016, quando foi presidente-executivo da Abragel, entidade dedicada à geração de energia limpa.
**Formação:** Graduado em engenharia eletrônica pela PUC-RS, tem pós em gestão pela FGV, especialização em automação pela Unicamp e programas executivos de gestão e liderança pelo Insead e pela Darden School.**A empresa:** Distribui energia para a capital paulista e mais 23 cidades, atendendo 20 milhões de pessoas em contrato de concessão até 2028, renovável até 2058. Tem 7,3 mil funcionários e receita operacional bruta anual de R$ 20,5 bilhões (2016).

**4 E as pressões para usar energias renováveis e enterrar fios em cidades?**

Estudamos parcerias para isso. Em maio, em resposta a uma chamada da Aneel, instalamos uma miniusina de geração solar em dois parques da capital, Villa-Lobos e Cândido Portinari. Em parceria com o governo estadual, colocamos 262 painéis solares no Palácio dos Bandeirantes. Juntas, as iniciativas devem poupar 730 MWh por ano. E investiremos quase R$ 60 milhões nas fases iniciais do projeto de enterramento de fios, que começa pela região central – é parceria com a prefeitura e as telecoms. 

**3 Segundo a LoveMondays, os funcionários gostam das empresas de energia; os millennials também?**

É um setor onde as carreiras são longas e as empresas oferecem bons benefícios, o que explica o afeto. Mas sabemos que precisamos de jovens questionadores e protagonistas para inovar; com as novas fontes de energia e a geração distribuída, teremos grandes mudanças. Buscamos atrair esses jovens com nosso programa de trainee e nos aproximando das startups. 

**2 Quanto o ambiente VUCA e a crise brasileira dificultam a vida do CEO?**

No VUCA, as tecnologias nos trazem pressões de transformação, porém nos dão mais soluções. Agora, como nosso setor é regulado e precisa tomar decisões de longo prazo, sempre é desejável um ambiente um pouco mais estável. No Brasil, as distribuidoras ganham preocupações extras por serem as grandes arrecadadoras de impostos do setor de energia. Falta alocar melhor o risco entre os agentes para as distribuidoras poderem focar mais em fornecer bem os serviços.

**1 O mercado se agita, com Neoenergia comprando Elektro, e AES podendo sair da Eletropaulo até 2020. Qual é o futuro?**

Devemos migrar para o Novo Mercado da B3 ainda este ano; já tivemos a aprovação dos acionistas preferencialistas. Além de promover o avanço da governança, a migração vai facilitar nosso acesso a capitais. O futuro é sermos uma corporation. Não significa a saída dos acionistas atuais, só a desconsolidação, pois não haverá acionista controlador majoritário.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Uncategorized
A inovação vai além das ideias: exige criatividade, execução disciplinada e captação de recursos. Com métodos estruturados, parcerias estratégicas e projetos bem elaborados, é possível transformar visões em impactos reais.

Eline Casasola

0 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A IA é um espelho da humanidade: reflete nossos avanços, mas também nossos vieses e falhas. Enquanto otimiza processos, expõe dilemas éticos profundos, exigindo transparência, educação e responsabilidade para que a tecnologia sirva à sociedade, e não a domine.

Átila Persici

9 min de leitura
ESG

Luiza Caixe Metzner

4 min de leitura
Finanças
A inovação em rede é essencial para impulsionar P&D e enfrentar desafios globais, como a descarbonização, mas exige estratégias claras, governança robusta e integração entre atores para superar mitos e maximizar o impacto dos investimentos em ciência e tecnologia

Clarisse Gomes

8 min de leitura
Empreendedorismo
O empreendedorismo no Brasil avança com 90 milhões de aspirantes, enquanto a advocacia se moderniza com dados e estratégias inovadoras, mostrando que sucesso exige resiliência, visão de longo prazo e preparo para as oportunidades do futuro

André Coura e Antônio Silvério Neto

5 min de leitura
ESG
A atualização da NR-1, que inclui riscos psicossociais a partir de 2025, exige uma gestão de riscos mais estratégica e integrada, abrindo oportunidades para empresas que adotarem tecnologia e prevenção como vantagem competitiva, reduzindo custos e fortalecendo a saúde organizacional.

Rodrigo Tanus

8 min de leitura
ESG
O bem-estar dos colaboradores é prioridade nas empresas pós-pandemia, com benefícios flexíveis e saúde mental no centro das estratégias para reter talentos, aumentar produtividade e reduzir turnover, enquanto o mercado de benefícios cresce globalmente.

Charles Schweitzer

5 min de leitura
Finanças
Com projeções de US$ 525 bilhões até 2030, a Creator Economy busca superar desafios como dependência de algoritmos e desigualdade na monetização, adotando ferramentas financeiras e estratégias inovadoras.

Paulo Robilloti

6 min de leitura
ESG
Adotar o 'Best Before' no Brasil pode reduzir o desperdício de alimentos, mas demanda conscientização e mudanças na cadeia logística para funcionar

Lucas Infante

4 min de leitura
Tecnologias exponenciais
No SXSW 2025, a robótica ganhou destaque como tecnologia transformadora, com aplicações que vão da saúde e criatividade à exploração espacial, mas ainda enfrenta desafios de escalabilidade e adaptação ao mundo real.

Renate Fuchs

6 min de leitura