Estratégia e Execução

A evolução dos veículos autônomos

Como publica a Rotman Management, a economia dos VAs está se desenhando. será que o Brasil, 25º país no ranking KPMG de prontidão para VAs, conseguirá acompanhar?

Compartilhar:

Veículos autônomos (VAs) prometem tráfego mais suave e segurança aprimorada. Por isso, mais de 55 cidades no mundo já se comprometeram a implantá-los em futuro próximo, e outras 27 estão se preparando para a automação realizando pesquisas sobre questões regulatórias, de planejamento e de governança quanto a esses veículos. Entre as que puxam o cordão estão Austin, Boston, San Jose e Pittsburgh, nos EUA; Gotemburgo, na Suécia; Londres e Milton Keynes, no Reino Unido; Paris, na França; Helsinque e Tampere, na Finlândia; Trikala, na Grécia; Montreal, no Canadá; e Singapura.

Uma pesquisa dos professores Opher Baron, Oded Berman e do fellow Mehdi Nourinejad, da Rotman School, ligada à University of Toronto, Canadá, publicada na revista Rotman Management, tratou da economia do carro autônomo. Embora o Brasil olhe pouco para o tema, é crucial olhar.

O setor privado está ativamente buscando a automação. Como escrevem Baron, Berman e Nourinejad, a maioria dos fabricantes de carros já tem uma divisão VA e espera disponibilizar a tecnologia para o mercado de massa por volta de 2025. E pasme: até 2045, a participação de mercado dos VAs deve ser de 87,2%. 

A Daimler AG (Mercedes-Benz) é considerada a montadora-líder no desenvolvimento de tecnologias de condução automatizadas atualmente instaladas em veículos no mercado. Seu sistema Drive Pilot permite que o motorista permaneça na mesma faixa, mantenha distância segura dos outros, pare quando necessário no congestionamento, e ainda ajuda na direção – na mudança de faixa e na ultrapassagem de outros carros quando o motorista sinaliza querer fazer isso. O sistema Autopilot da Tesla, instalado em seus principais modelos, apresenta um conjunto similar de funções. 

Outro bom exemplo é a Nissan Motor Corporation, talvez a mais interessada em desenvolver tecnologias de direção autônoma. Ela tem trabalhado com o sistema ProPILOT, que tem funções de se manter na faixa e guardar distância em estradas, e siga e pare para dirigir quando há trânsito engarrafado. A Subaru foi reconhecida por sua ferramenta EyeSight – sistema de frenagem de emergência para ajudar a evitar ou reduzir danos em casos de colisão, bem como manter-se na faixa e guardar distância, que são instaladas em muitos de seus principais modelos.

Um novo modo de usar. Muitos fabricantes de automóveis estão reconhecendo a potencial “capacidade de compartilhamento” dos VAs e planejam iniciar seus próprios programas de compartilhamento de viagens. Por exemplo, a Ford lançou um plano para lançar VAs de nível 4 [só inferiores aos de nível 5], projetados para aplicativos de compartilhamento de passeio comercial até 2025. A GM também vem desenvolvendo Chevy Bolts autônomos para uso compartilhado. E a Waymo (Google) está criando, em parceria com a Chrysler, uma empresa dedicada a VAs para compartilhamento.

O impacto econômico decorrente do impacto no trânsito. Os mais céticos afirmam que os VAs vão entupir grandes ruas urbanas – alguns preveem que o tráfego geral aumente até 15%. Isso aconteceria por conta de viagens de retorno à “base” após concluir um percurso, apelidadas de “viagens zumbi”. Já os defensores da automação estimam que as velocidades poderão aumentar de 23% a 39% em condições que permitem poupar combustível, e de 8% a 13% quando houver congestionamento. Eles esperam que as reduções de acidentes também melhorem o tráfego, já que 25% do congestionamento é atribuído aos acidentes, ao menos nos EUA. Tais índices poderão ser melhorados quando houver melhorias sistêmicas decorrentes dos VAs, como a eliminação de semáforos nos cruzamentos. 

Ações dos governos. Com os recentes avanços na tecnologia de automação, muitos governos provinciais e estaduais na América do Norte, Europa e sul da Ásia estão emitindo licenças para VAs em rodovias específicas. Os EUA são líderes nessa fase de testes; sua autoridade rodoviária tem um conjunto de diretrizes para o uso de veículos sem motorista em todo o país. E só o Google já rodou 3,2 milhões de quilômetros em testes com veículos autônomos em Mountain View, Austin, Phoenix e Kirkland. 

No Brasil, testes são feitos em São Carlos (SP) e no Espírito Santo, e há uma startup dedicada ao assunto – a 3DSoft. Mas as barreiras legais são imensas aqui, ainda que o levantamento de 2019 da consultoria KPMG sobre os países mais preparados para receber tecnologias autônomas coloque o Brasil na 25ª posição (vem caindo; em 2018, era o 17º).

Com a fase de testes completa, o próximo passo para os VAs no mundo será a regulamentação. E já existem 17 estados nos EUA estudando a legislação, por exemplo. 

Em geral, segundo os especialistas da Rotman, são necessárias três políticas:

**1. Subsídios e incentivos governamentais. Deve ser possível às montadoras oferecer descontos aos compradores.**

**2. Impostos que financiam. Os descontos são fornecidos aos proprietários de VAs utilizando fundos gerados de um imposto cobrado de proprietários dos veículos regulares, não autônomos.**

**3. Foco no compartilhamento. O setor automobilístico, incentivado por governos ou não, promove o compartilhamento de VAs entre usuários para distribuir os custos de propriedade.**

 O fato é que parte relevante do planeta vem se mexendo em relação aos VAs. Carros semiautônomos já estão à venda e os 100% autônomos chegarão em menos de dez anos. E o Brasil?

Compartilhar:

Artigos relacionados

Homo confusus no trabalho: Liderança, negociação e comunicação em tempos de incerteza

Em um mundo sem mapas claros, o profissional do século 21 não precisa ter todas as respostas – mas sim coragem para sustentar as perguntas certas.
Neste artigo, exploramos o surgimento do homo confusus, o novo ser humano do trabalho, e como habilidades como liderança, negociação e comunicação intercultural se tornam condições de sobrevivência em tempos de ambiguidade, sobrecarga informacional e transformações profundas nas relações profissionais.

Inovação & estratégia
27 de outubro de 2025
Programas corporativos de idiomas oferecem alto valor percebido com baixo custo real - uma estratégia inteligente que impulsiona engajamento, reduz turnover e acelera resultados.

Diogo Aguilar - Fundador e Diretor Executivo da Fluencypass

4 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Inovação & estratégia
25 de outubro de 2025
Em empresas de capital intensivo, inovar exige mais do que orçamento - exige uma cultura que valorize a ambidestria e desafie o culto ao curto prazo.

Atila Persici Filho e Tabatha Fonseca

17 minutos min de leitura
Inovação & estratégia
24 de outubro de 2025
Grandes ideias não falham por falta de potencial - falham por falta de método. Inovar é transformar o acaso em oportunidade com observação, ação e escala.

Priscila Alcântara e Diego Souza

6 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
23 de outubro de 2025
Alta performance não nasce do excesso - nasce do equilíbrio entre metas desafiadoras e respeito à saúde de quem entrega os resultados.

Rennan Vilar - Diretor de Pessoas e Cultura do Grupo TODOS Internacional.

4 minutos min de leitura
Uncategorized
22 de outubro de 2025
No setor de telecom, crescer sozinho tem limite - o futuro está nas parcerias que respeitam o legado e ampliam o potencial dos empreendedores locais.

Ana Flavia Martins - Diretora executiva de franquias da Algar

4 minutos min de leitura
Marketing & growth
21 de outubro de 2025
O maior risco do seu negócio pode estar no preço que você mesmo definiu. E copiar o preço do concorrente pode ser o atalho mais rápido para o prejuízo.

Alexandre Costa - Fundador do grupo Attitude Pricing (Comunidade Brasileira de Profissionais de Pricing)

5 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde
20 de outubro de 2025
Nenhuma equipe se torna de alta performance sem segurança psicológica. Por isso, estabelecer segurança psicológica não significa evitar conflitos ou suavizar conversas difíceis, mas sim criar uma cultura em que o debate seja aberto e respeitoso.

Marília Tosetto - Diretora de Talent Management na Blip

4 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Marketing & growth
17 de outubro de 2025
No Brasil, quem não regionaliza a inovação está falando com o país certo na língua errada - e perdendo mercado para quem entende o jogo das parcerias.

Rafael Silva - Head de Parcerias e Alianças na Lecom

3 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde, Tecnologia & inteligencia artificial
16 de outubro de 2025
A saúde corporativa está em colapso silencioso - e quem não usar dados para antecipar vai continuar apagando incêndios.

Murilo Wadt - Cofundador e diretor geral da HealthBit

3 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde
15 de outubro de 2025
Cuidar da saúde mental virou pauta urgente - nas empresas, nas escolas, nas nossas casas. Em um mundo acelerado e hiperexposto, desacelerar virou ato de coragem.

Viviane Mansi - Conselheira de empresas, mentora e professora

3 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)