Uncategorized

A Fase 2 da Globalização

Em sua terceira década, o movimento da economia global muda de rumo, já que o crescimento fácil em mercados emergentes foi superado; os CEOs agora devem redobrar os cuidados em cinco aspectos, segundo estudo BCG

Compartilhar:

Nas últimas décadas, as companhias de atuação global sistematicamente venceram as locais, em especial nos mercados emergentes. Uma das provas disso é o desempenho de duas concorrentes diretas: a receita da Volkswagen, global, cresceu em média 10,5%, e a da Peugeot, bem mais local, 2,5%. 

Muitos acreditam, porém, que, com o recuo de emergentes como o Brasil, o movimento global arrefeceu. Seria o fim da globalização? Segundo o Boston Consulting Group, não. Somente começou uma etapa nova e mais complexa da globalização, de acordo com a publicação Perspectives, do BCG. 

Conforme os consultores Hans-Paul Bürkner, Arindam Bhattacharya e Jorge Becerra escrevem, os mercados emergentes continuarão a ser a principal fonte de crescimento de todas as empresas, por conta de suas tendências demográficas e da classe média emergente, e uma nova geração de companhias globais aparecerá para desafiar as estabelecidas. 

No entanto, conforme o BCG, a nova fase da globalização é mais exigente em relação às empresas. Ser global passa a ser quase uma obrigação e os CEOs devem fazer escolhas em relação a cinco aspectos: a posição geográfica de sua empresa, a adaptação à mudança, o desenho organizacional, a cultura corporativa e a liderança. 

**1. Posição geográfica: definida.** A maneira clássica de ser global é ocupar diferentes mercados, emergentes e desenvolvidos, com marcas globais, produtos globais e cadeias de fornecedores globais. Assim é a Pepsi, por exemplo. Contudo, há outras maneiras. Uma empresa pode ter apenas marcas globais, como a LVMH. Pode ter uma abordagem multilocal, com marcas locais em vários mercados, como faz a Unilever. Ou pode achar melhor ser regional, como a varejista chilena Falabella, que atua em mais países da América do Sul. A posição deve ser bem definida.

**2. Adaptação à mudança: rápida.** Lidar com a incerteza crescente fora do país-sede fica cada vez mais complicado. Novos governos podem impor novas regras de uma hora para outra e a variedade de riscos aumenta (incluindo os naturais, como erupções vulcânicas e enchentes). Por isso, é preciso trabalhar para tornar a empresa ágil, capaz de se adaptar rapidamente quando as condições locais mudarem. Entre outras coisas, isso pressupõe ter algumas redundâncias – o negócio deve ser extremamente eficiente, mas as redundâncias garantirão que as coisas não parem quando houver alguma ruptura. Mais que tudo, o CEO precisa achar um modo de monitorar o que acontece no mundo, ou tendo um sistema de relatórios mensais sobre as condições políticas, legais, econômicas e sociais de cada país, ou montando um verdadeiro “gabinete de guerra”. 

**3. Desenho organizacional: descentralizado.** Quem tiver estrutura hierárquica convencional, com centralização de decisões na sede e time de liderança homogêneo vai fracassar na nova fase da globalização. O melhor, segundo o BCG, é ter uma rede descentralizada de unidades de negócios, tomando decisões de modo descentralizado. Parece confuso, mas funciona, o que é comprovado por empresas como SAP, GE, BRF e HSBC. Equivale a criar uma empresa “virtual” com grandes capacidades e a tomada de decisão espalhadas ao redor do globo. 

**4. Cultura corporativa: global.** É essencial criar um ambiente multicultural que reflita a diversidade de colaboradores e clientes. No entanto, é preciso equilibrar o global e o local – usar os mesmos critérios de seleção de pessoas ao redor do mundo é um erro, por exemplo, assim como não faz sentido treiná-las e desenvolvê- -las exatamente do mesmo jeito. Também deve haver diversidade de olhares e abordagens. Um erro crasso é, a fim de criar uma cultura global, substituir líderes locais por expatriados de tempos em tempos. Isso só desmotiva as equipes locais. 

**6. Liderança: presença e comunicação.** Em uma companhia da nova fase da globalização, é fundamental o líder conhecer as diversas unidades de negócios presencialmente e dedicar-se a entendê- -las. Também ele deve saber falar a coisa certa da maneira certa em cada canto da organização. Outro ponto é não temer os feedbacks; o CEO deve pedi-los. E nada de ser líder ditador; ele deve ser servidor e inspirar. Por fim, o CEO tem de construir um time de liderança genuinamente global. Ninguém lidera sozinho.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Inovação

Living Intelligence: A nova espécie de colaborador

Estamos entrando na era da Inteligência Viva: sistemas que aprendem, evoluem e tomam decisões como um organismo autônomo. Eles já estão reescrevendo as regras da logística, da medicina e até da criatividade. A pergunta que nenhuma empresa pode ignorar: como liderar equipes quando metade delas não é feita de pessoas?

Liderar GenZ’s: As relações de trabalho estão mudando…

Mais da metade dos jovens trabalhadores já não acredita no valor de um diploma universitário — e esse é só o começo da revolução que está transformando o mercado de trabalho. Com uma relação pragmática com o emprego, a Geração Z encara o trabalho como negócio, não como projeto de vida, desafiando estruturas hierárquicas e modelos de carreira tradicionais. A pergunta que fica: as empresas estão prontas para se adaptar, ou insistirão em um sistema que não conversa mais com a principal força de trabalho do futuro?

Liderança
Transições de liderança tem muito mais relação com a cultura e cultura organizacional do que apenas a referência da pessoa naquela função. Como estão estas questões na sua empresa?

Roberto Nascimento

6 min de leitura
Inovação
Estamos entrando na era da Inteligência Viva: sistemas que aprendem, evoluem e tomam decisões como um organismo autônomo. Eles já estão reescrevendo as regras da logística, da medicina e até da criatividade. A pergunta que nenhuma empresa pode ignorar: como liderar equipes quando metade delas não é feita de pessoas?

Átila Persici

6 min de leitura
Gestão de Pessoas
Mais da metade dos jovens trabalhadores já não acredita no valor de um diploma universitário — e esse é só o começo da revolução que está transformando o mercado de trabalho. Com uma relação pragmática com o emprego, a Geração Z encara o trabalho como negócio, não como projeto de vida, desafiando estruturas hierárquicas e modelos de carreira tradicionais. A pergunta que fica: as empresas estão prontas para se adaptar, ou insistirão em um sistema que não conversa mais com a principal força de trabalho do futuro?

Rubens Pimentel

4 min de leitura
Tecnologias exponenciais
US$ 4,4 trilhões anuais. Esse é o prêmio para empresas que souberem integrar agentes de IA autônomos até 2030 (McKinsey). Mas o verdadeiro desafio não é a tecnologia – é reconstruir processos, culturas e lideranças para uma era onde máquinas tomam decisões.

Vitor Maciel

6 min de leitura
ESG
Um ano depois e a chuva escancara desigualdades e nossa relação com o futuro

Anna Luísa Beserra

6 min de leitura
Empreendedorismo
Liderar na era digital: como a ousadia, a IA e a visão além do status quo estão redefinindo o sucesso empresarial

Bruno Padredi

5 min de leitura
Liderança
Conheça os 4 pilares de uma gestão eficaz propostos pelo Vice-Presidente da BossaBox

João Zanocelo

6 min de leitura
Inovação
Eventos não morreram, mas 78% dos participantes já rejeitam formatos ultrapassados. O OASIS Connection chega como antídoto: um laboratório vivo onde IA, wellness e conexões reais recriam o futuro dos negócios

Vanessa Chiarelli Schabbel

5 min de leitura
Marketing
Entenda por que 90% dos lançamentos fracassam quando ignoram a economia comportamental. O Nobel Daniel Kahneman revela como produtos são criados pela lógica, mas comprados pela emoção.

Priscila Alcântara

8 min de leitura
Liderança
Relatórios do ATD 2025 revelam: empresas skills-based se adaptam 40% mais rápido. O segredo? Trilhas de aprendizagem que falam a língua do negócio.

Caroline Verre

4 min de leitura