Direto ao ponto

A força está com a Disney

Numa galáxia não muito distante, a empresa criada em 1923 está superando Netflix, Amazon e HBO Max nos serviços de streaming

Compartilhar:

Pode uma empresa quase centenária passar a perna nas concorrentes que ocuparam antes dela o lucrativo negócio do streaming? A resposta é sim, e a vovó em questão é a Disney. Em artigo da Fast Company, a colunista Nicole LaPorte, observadora dos mundos do entretenimento e da tecnologia, conta a receita surpreendente da companhia: subverter a lógica de um mercado que nasceu inovador.
A leitora ou leitor adora maratonar sua série preferida? Quer filmes novos todos os dias, se possível com os nomões do cinema? Bem, isso é o que a Netflix tem a oferecer. Com o Disney Plus, o serviço de streaming da Disney, a história é outra. Quem é aficionado pelo universo Star Wars precisa esperar uma semana pelo novo capítulo da série The Mandalorian. Fãs de filmes blockbuster podem escolher entre a versão live-action de Cinderela, lançada em 2015, ou a original, de 1950. Interessados nos últimos lançamentos – como Raya e o Último Dragão, de março deste ano – podem assistir no cinema (onde a pandemia permitir) ou pagar R$ 69,90 a mais na assinatura do Disney Plus. “A Disney tem o luxo de possuir uma enorme biblioteca que faz com que ela não precise se preocupar muito em gerar novos conteúdos”, diz LaPorte. Em outras palavras, quem tem décadas de uma cultura cinematográfica consagrada não precisa entrar na competição por astros e contratos de que vem se ocupando Netflix, Amazon Prime e HBO Max.

Não que a Disney não tenha prometido novos títulos. Num evento para investidores em dezembro de 2020, a empresa anunciou que produzirá 105 novos filmes e episódios de séries – mas não de uma vez e, sim, ao longo de alguns anos. É uma estratégia que combina marketing antigo com o mundo novo do streaming. “Eles tratam The Mandalorian como se fosse Seinfield – as pessoas assistem a um episódio e passam os dias seguintes falando dele”, disse em off um publicitário de Hollywood. O resultado até aqui rende aplausos: em pouco mais de um ano, o Disney Plus conquistou 95 milhões de assinantes. A Netflix tem um pouco mais que o dobro disso, mas já está no mercado há mais de uma década.

Mas o modelo do Mickey Mouse será capaz de garantir o sucesso em longo prazo? Ao incluir os títulos NatGeo no catálogo, o Disney Plus demonstrou querer agradar não só os amantes dos clássicos, das animações da Pixar, das aventuras da Marvel ou da saga Jedi. Resta saber se será o suficiente para manter adultos tão ligados em sua plataforma quanto crianças e jovens. Como costuma acontecer nos contos de fada, o tempo dirá se o Disney Plus terá um final feliz.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Há um fio entre Ada Lovelace e o CESAR

Fora do tempo e do espaço, talvez fosse improvável imaginar qualquer linha que me ligasse a Ada Lovelace. Mais improvável ainda seria incluir, nesse mesmo

Empreendedorismo
Macro ou micro reducionismo? O verdadeiro desafio das organizações está em equilibrar análise sistêmica e ação concreta – nem tudo se explica só pela cultura da empresa ou por comportamentos individuais

Manoel Pimentel

0 min de leitura
Gestão de Pessoas
Aprender algo novo, como tocar bateria, revela insights poderosos sobre feedback, confiança e a importância de se manter na zona de aprendizagem

Isabela Corrêa

0 min de leitura
Inovação
O SXSW 2025 transformou Austin em um laboratório de mobilidade, unindo debates, testes e experiências práticas com veículos autônomos, eVTOLs e micromobilidade, mostrando que o futuro do transporte é imersivo, elétrico e cada vez mais integrado à tecnologia.

Renate Fuchs

4 min de leitura
ESG
Em um mundo de conhecimento volátil, os extreme learners surgem como protagonistas: autodidatas que transformam aprendizado contínuo em vantagem competitiva, combinando autonomia, mentalidade de crescimento e adaptação ágil às mudanças do mercado

Cris Sabbag

7 min de leitura
Gestão de Pessoas
Geração Beta, conflitos ou sistema defasado? O verdadeiro choque não está entre gerações, mas entre um modelo de trabalho do século XX e profissionais do século XXI que exigem propósito, diversidade e adaptação urgent

Rafael Bertoni

0 min de leitura
Empreendedorismo
88% dos profissionais confiam mais em líderes que interagem (Edelman), mas 53% abandonam perfis que não respondem. No LinkedIn, conteúdo sem engajamento é prato frio - mesmo com 1 bilhão de usuários à mesa

Bruna Lopes de Barros

0 min de leitura
ESG
Mais que cumprir cotas, o desafio em 2025 é combater o capacitismo e criar trajetórias reais de carreira para pessoas com deficiência – apenas 0,1% ocupam cargos de liderança, enquanto 63% nunca foram promovidos, revelando a urgência de ações estratégicas além da contratação

Carolina Ignarra

4 min de leitura
Tecnologias exponenciais
O SXSW revelou o maior erro na discussão sobre IA: focar nos grãos de poeira (medos e detalhes técnicos) em vez do horizonte (humanização e estratégia integrada). O futuro exige telescópios, não lupas – empresas que enxergarem a IA como amplificadora (não substituta) da experiência humana liderarão a disrupção

Fernanda Nascimento

5 min de leitura
Liderança
Liderar é mais do que inspirar pelo exemplo: é sobre comunicação clara, decisões assertivas e desenvolvimento de talentos para construir equipes produtivas e alinhada

Rubens Pimentel

4 min de leitura
ESG
A saúde mental no ambiente corporativo é essencial para a produtividade e o bem-estar dos colaboradores, exigindo ações como conscientização, apoio psicológico e promoção de um ambiente de trabalho saudável e inclusivo.

Nayara Teixeira

7 min de leitura