Estratégia e Execução

A fórmula da amazon

Confira os highlights do artigo de ram charan e julia yanG sobre o “Amazon management system”, publicado na Rotman Management

Compartilhar:

O mundo do management não é mais o mesmo. Especialistas, gestores e empreendedores reconhecem que os modelos tradicionais se tornaram obsoletos. Daqui para frente, todas as organizações serão digitais. Empresas, e mesmo setores inteiros, serão impactados pela disrupção ou, eventualmente, destruídos. Porém, estão sendo criados novos mercados e novas oportunidades. 

Nesse contexto, a Amazon se tornou uma gigante digital, além do que a maioria das pessoas poderia imaginar. Acreditamos que a empresa personifica a fórmula para vencer na nova era digital. 

O sistema de gestão da Amazon é composto por seis “building blocks”, que são detalhados no nosso livro. Para compreender melhor esse sistema, é fundamental começar pelo Bloco 1: o modelo de negócios obcecado pelo cliente, construído sobre conceitos inéditos de plataforma, infraestrutura e ecossistema, e que se traduz em fluxos de caixa crescentes e retornos sobre investimento cada vez maiores. 

A ideia central da Amazon é imaginar uma nova experiência de cliente que se materialize em um grande mercado e em uma enorme oportunidade econômica. E, além disso, imaginar uma nova maneira de fornecer e personalizar essa experiência de ponta a ponta, por meio de uma plataforma digital e também de uma infraestrutura digital, que processa dados com algoritmos e orquestra a distribuição física por parceiros dentro de um ecossistema. 

_Conheça os elementos-chave dessa abordagem._

**OBSESSÃO PELO CLIENTE**

Por que a Amazon é capaz de expandir seus negócios, de forma agressiva e bem-sucedida, para cada vez mais categorias? Porque tem clientes que gostariam de comprar mais da empresa. 

A confiança dos clientes é um privilégio a ser conquistado, não um benefício de longo prazo com o qual se deve contar indefinidamente. Confiança leva anos para ser construída, segundos para ser quebrada e uma eternidade para ser consertada.

**INVENÇÃO PARA OS CLIENTES**

Como não apenas atender, mas estar à frente das expectativas crescentes dos clientes? A única forma de fazer isso é por meio da inovação contínua e da invenção incansável. Dessa forma, os clientes – divinamente descontentes, nas palavras do CEO da Amazon – tornaram-se fontes de inspiração contínua para a máquina de invenção da empresa.

Muitas empresas tradicionais também prestam atenção à inovação e à melhoria, mas normalmente fazem isso por conta da pressão competitiva ou de desempenho. Podem buscar iterações marginais ao redor das pontas do mercado, mas raramente fazem revisões sistemáticas à procura de ideias completamente novas.

Na Amazon, o impulso permanente de inovação tem por objetivo inventar novas maneiras significativas de encantar os clientes, a partir de necessidades potencialmente globais e que não mudarão nos próximos dez anos (preço, seleção e conveniência). 

**PENSAMENTO DE LONGO PRAZO**

Por que pensar a longo prazo é tão importante para a Amazon? O segredo está na própria natureza de seu modelo de negócio, baseado totalmente em plataforma e infraestrutura e, portanto, caracterizado pela escala, com custos fixos altos e custos variáveis relativamente baixos.

A construção de uma plataforma e de infraestrutura leva vários anos e requer investimentos maciços de bilhões ou dezenas de bilhões. No curto prazo, tais investimentos nunca serão capazes de gerar retorno suficiente para cobrir os investimentos iniciais. Apenas o crescimento exponencial inclinado para o longo prazo responde a isso. 

O segundo aspecto é a velocidade. Plataforma e infraestrutura são um jogo de tecnologia. Investimentos prévios e movimentos rápidos cativam uma base maior de clientes e acumulam dados históricos mais cedo, o que se traduz em vantagens significativas na análise de dados, em melhorias de algoritmos e soluções orientadas por inteligência artificial. Em resumo, todos esses elementos combinados criam as competências do núcleo digital da Amazon.

Os dados são o novo patrimônio na era digital. A partir dos dados dos clientes e análises comportamentais, novas necessidades podem ser identificadas, melhores serviços e experiências podem ser criados e, portanto, novos fluxos de receita podem ser gerados, o que amplia ainda mais a escala, reduz o custo e aumenta o retorno. Na verdade, cada plataforma deve ter múltiplos fluxos de receita; caso contrário, nunca vai ganhar muito dinheiro. 

Devido às suas competências do núcleo digital, a Amazon pode melhorar continuamente, e ao longo do tempo, sua eficiência operacional, reduzindo custos e se tornando mais competitiva, com capacidade de atender milhões de clientes a mais. 

**LUCRO X GERAÇÃO DE CAIXA**

Muitas pessoas ficam perplexas em ver a Amazon operar à beira do breakeven e, mesmo assim, ter vivido um salto inacreditável em termos de valorização do mercado. Quem parte do pressuposto de que a empresa não é rentável ou gera poucos lucros está completamente enganado, porque a métrica mais relevante na era digital é o ganho por ação em caixa, não o lucro por ação. 

Diferentemente do que acontece com o investimento em ativos fixos de empresas tradicionais, que podem ser categorizados como capex, e se depreciam ao longo do tempo, muitos dos investimentos em sistemas e ferramentas digitais só podem ser categorizados como opex, como despesas do ano corrente, reduzindo assim o lucro líquido. 

Esses investimentos, porém, são essenciais para alcançar um crescimento de 25% ao ano. Por isso, quando atingem a escala apropriada, os gigantes digitais se tornam máquinas de geração de caixa.

_© Rotman Management_

_Editado com autorização da Rotman School of Management. ligada à University of Toronto. Todos os direitos reservados._

Compartilhar:

Artigos relacionados

A aposta calculada que levou o Boticário a ser premiado no iF Awards

Enquanto concorrentes correm para lançar coleções sazonais inspiradas em tendências efêmeras, o Boticário demonstra que compreende um princípio fundamental: o verdadeiro valor do design não está na estética superficial, mas em sua capacidade de gerar impacto social e econômico simultaneamente. A linha Make B., vencedora do iF Design Award 2025, não é um produto de beleza – é um manifesto estratégico.

Quando o colaborador é o problema

Ambientes tóxicos nem sempre vêm da cultura – às vezes, vêm de uma única pessoa. Entenda como identificar e conter comportamentos silenciosos que desestabilizam equipes e ameaçam a saúde organizacional.

Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
17 de setembro de 2025
Ignorar o talento sênior não é só um erro cultural - é uma falha estratégica que pode custar caro em inovação, reputação e resultados.

João Roncati - Diretor da People + Strategy

3 minutos min de leitura
Inovação
16 de setembro de 2025
Enquanto concorrentes correm para lançar coleções sazonais inspiradas em tendências efêmeras, o Boticário demonstra que compreende um princípio fundamental: o verdadeiro valor do design não está na estética superficial, mas em sua capacidade de gerar impacto social e econômico simultaneamente. A linha Make B., vencedora do iF Design Award 2025, não é um produto de beleza – é um manifesto estratégico.

Magnago

4 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Bem-estar & saúde, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
15 de setembro de 2025
O luto não pede licença - e também acontece dentro das empresas. Falar sobre dor é parte de construir uma cultura organizacional verdadeiramente humana e segura.

Virginia Planet - Sócia e consultora da House of Feelings

2 minutos min de leitura
Marketing & growth, Inovação & estratégia, Tecnologia & inteligencia artificial
12 de setembro de 2025
O futuro do varejo já está digitando na sua tela. O WhatsApp virou canal de vendas, atendimento e fidelização - e está redefinindo a experiência do consumidor brasileiro.

Leonardo Bruno Melo - Global head of sales da Connectly

4 minutos min de leitura
Liderança, Cultura organizacional, Inovação & estratégia, Tecnologia & inteligencia artificial
11 de setembro de 2025
Agilidade não é sobre seguir frameworks - é sobre gerar valor. Veja como OKRs e Team Topologies podem impulsionar times de produto sem virar mais uma camada de burocracia.

João Zanocelo - VP de Produto e Marketing e cofundador da BossaBox

3 minutos min de leitura
Cultura organizacional, compliance, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Liderança
10 de setembro de 2025
Ambientes tóxicos nem sempre vêm da cultura - às vezes, vêm de uma única pessoa. Entenda como identificar e conter comportamentos silenciosos que desestabilizam equipes e ameaçam a saúde organizacional.

Tatiana Pimenta - CEO da Vittude

5 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Inovação & estratégia
9 de setembro de 2025
Experiência também é capital. O ROEx propõe uma nova métrica para valorizar o repertório acumulado de profissionais em times multigeracionais - e transforma diversidade etária em vantagem estratégica.

Fran Winandy e Martin Henkel

10 minutos min de leitura
Inovação
8 de setembro de 2025
No segundo episódio da série de entrevistas sobre o iF Awards, Clarissa Biolchini, Head de Design & Consumer Insights da Electrolux nos conta a estratégia por trás de produtos que vendem, encantam e reinventam o cuidado doméstico.

Rodrigo Magnago

2 minutos min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial, Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
5 de setembro de 2025
O maior desafio profissional hoje não é a tecnologia - é o tempo. Descubra como processos claros, IA consciente e disciplina podem transformar sobrecarga em produtividade real.

Diego Nogare

6 minutos min de leitura
Marketing & growth, Cultura organizacional, Inovação & estratégia, Liderança
4 de setembro de 2025
Inspirar ou limitar? O benchmark pode ser útil - até o momento em que te afasta da sua singularidade. Descubra quando olhar para fora deixa de fazer sentido.

Bruna Lopes de Barros

3 minutos min de leitura