Desenvolvimento pessoal

A fórmula da reinvenção

A especialista Kate Sweetman traduziu a reinvenção, o terceiro grau da mudança, em um algoritmo; para ela, trata-se da habilidade mais importante atualmente, não só para as empresas, mas para todos.

Compartilhar:

Já se sabe que não é mais possível encarar o mundo atual, em constante revolução, sem uma boa dose de abertura à mudança. Mas como realmente efetivar a abertura? É o que Kate Sweetman, consultora e autora do livro _Reinvention: accelerating results in the age of disruption_, aborda em um texto para a _Rotman Management Magazine_, apresentando sua “fórmula da reinvenção”. Para ela, a capacidade de reinvenção é atualmente a habilidade mais importante que existe, não só para as organizações, mas para todos os indivíduos.

Na visão de Sweetman, existir na era atual significa que a mudança pode vir de qualquer lugar – e, em geral, é movida pela tecnologia e exige um novo modelo de negócio. “A boa notícia é que, como a mudança pode vir de qualquer lugar, também pode vir de você – de seus colegas, de sua organização, de sua rede”, afirma a especialista.

A velocidade, acredita, tende a aumentar cada vez mais – a ponto de se prever uma versão da Lei de Moore aplicada à velocidade de mudança no ambiente de negócios global. “Para quem não sabe, Gordon Moore foi um dos fundadores da Intel. Em 1965, ele predisse que conforme as coisas avançassem, o número de transístores por polegada quadrada em um circuito integrado – por exemplo, um microchip – dobraria a cada ano. Como se sabe, sua predição se confirmou. Esse fato, e a tecnologia por trás dele, são o que está orientando boa parte da atividade disruptiva que vemos hoje. E a mudança organizacional em si vai precisar ter essa mesma velocidade da tecnologia.” 

Essa mudança acontece, segundo a especialista, em três graus – e todos podem segui-los para melhorar seu desempenho. O primeiro é melhoria contínua: consistentemente aprimorar suas habilidades para obter resultados. O segundo é a renovação – atualizar-se a fim de dar um salto significativo de desempenho. E o terceiro, e mais poderoso, é a reinvenção, que envolve repensar totalmente o modelo de negócio e a capacidade de enfrentar a concorrência e produzir.

“Em um nível individual, reinvenção envolve mudanças centrais em nosso modelo mental, nosso conjunto de habilidades e de comportamentos – o que coletivamente leva a uma nova ‘marca pessoal’. Poderia até significar repensar o caminho de sua carreira e ocupação. Para organizações, a reinvenção vem com uma forte necessidade de repensar o negócio todo: hoje, tudo, de estratégia e processos a pessoas, cultura, portfólio de produto e imagem de marca, está em questão. Organizações, é claro, não conseguem mudar a menos que as pessoas mudem; e as pessoas não conseguem mudar a menos que as organizações mudem”, pondera.

Aí é que entra a fórmula da reinvenção, que ela desenvolveu com seu coautor Shane Cragun e com colaboradores como David Ulrich e W. Norman Smallwood. A fórmula consiste de um algoritmo com seis elementos:

**•  INSATISFAÇÃO (I):** As coisas só começam a acontecer depois que se sente uma necessidade interna poderosa para a mudança.

**• FOCO (F):** A partir da necessidade, é preciso certificar-se de que há um futuro desejado que seja sufi cientemente convincente e articulado para gerar um movimento para a frente.

**•  ALINHAMENTO (A):** Significa garantir que a infraestrutura apropriada está instalada – processos, ferramentas, estrutura, finanças, sistemas – para permitir a execução do foco sem falhas.

**•  EXECUÇÃO (E):** Significa garantir um plano de jogo abrangente, com marcos claros bem estabelecidos.

**• LIDERANÇA (L):** A mudança exige que uma liderança de exceção esteja estabelecida.

**• CUSTO (C):** Os cinco elementos anteriores precisam sobrepujar o custo real da mudança, ou seja, o custo do esforço de reinvenção. 

O algoritmo pode ser escrito assim:

**Reinvenção = (I x F x A x E) L > C**

“Descobrimos que os mais bem-sucedidos agentes de mudança usam uma combinação de arte com ciência para fazer aflorar a transformação. A fórmula da reinvenção é a parte ‘ciência’ da equação, e os aspectos de habilidade e comportamentais de quem promove a reinvenção são a porção ‘arte’”, explica Sweetman. 

**ENCARE OS FATOS BRUTAIS COM 4 PERGUNTAS**

**1 -** Índice de derretimento: Seu iceberg profissional ou organizacional está derretendo? Se sim, em que ritmo? E por quê?

**2 -** Tendência de relevância: Você e a organização que lidera estão melhorando em termos de relevância aos olhos de clientes e acionistas, ou piorando? Por que sim? Ou por que não?

**3 -** Agregar valor: Você constantemente impulsiona a si mesmo e a sua organização a agregar mais valor a clientes e stakeholders? Por que sim? Ou por que não?

**4 -** Mudança interna versus externa: Seu índice atual e projetado de mudança interna é maior do que o índice atual ou projetado de mudança externa? Por que sim? Ou por que não?

Entre os setores de atividade que mais precisam se reinventar, citados em seu livro, a indústria alimentícia é uma das que está em um ponto de virada crítico. Sweetman afirma que cada vez mais consumidores buscam escolhas naturais, orgânicas, e isso está tirando as empresas de alimentos industrializados uma fatia de mercado importante. “As 25 maiores empresas de alimentos e bebidas dos EUA perderam mais de US$ 18 bilhões em valor desde 2009. A questão é: os líderes do setor podem reinventá-lo rápido o sufi ciente para reverter a situação?”

Para demonstrar a importância da reinvenção, a especialista faz, por fi m, uma analogia com icebergs derretendo, que, a cada ano, tornam-se menos relevantes. “Nós nos referimos a isso como ‘índice de derretimento’. Ou seja, se você é o líder de uma empresa, é importante se fazer quatro perguntas regularmente [veja o quadro acima]. Saber responder a elas pode ser a diferença entre vida e morte de uma organização.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Quando o corpo pede pausa e o negócio pede pressa

Entre liderança e gestação, uma lição essencial: não existe performance sustentável sem energia. Pausar não é fraqueza, é gestão – e admitir limites pode ser o gesto mais poderoso para cuidar de pessoas e negócios.

Inovação e comunidades na presença digital

A creators economy deixou de ser tendência para se tornar estratégia: autenticidade, constância e inovação são os pilares que conectam marcas, líderes e comunidades em um mercado digital cada vez mais colaborativo.

Bem-estar & saúde
9 de dezembro de 2025
Entre liderança e gestação, uma lição essencial: não existe performance sustentável sem energia. Pausar não é fraqueza, é gestão - e admitir limites pode ser o gesto mais poderoso para cuidar de pessoas e negócios.

Tatiana Pimenta - Fundadora e CEO da Vittude,

3 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde
8 de dezembro de 2025
Com custos de saúde corporativa em alta, a telemedicina surge como solução estratégica: reduz sinistralidade, amplia acesso e fortalece o bem-estar, transformando a gestão de benefícios em vantagem competitiva.

Loraine Burgard - Cofundadora da h.ai

3 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde, Liderança
5 de dezembro de 2025
Em um mundo exausto, emoção deixa de ser fragilidade e se torna vantagem competitiva: até 2027, lideranças que integram sensibilidade, análise e coragem serão as que sustentam confiança, inovação e resultados.

Lisia Prado - Consultora e sócia da House of Feelings

5 minutos min de leitura
Finanças
4 de dezembro de 2025

Antonio de Pádua Parente Filho - Diretor Jurídico, Compliance, Risco e Operações no Braza Bank S.A.

3 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Marketing & growth
3 de dezembro de 2025
A creators economy deixou de ser tendência para se tornar estratégia: autenticidade, constância e inovação são os pilares que conectam marcas, líderes e comunidades em um mercado digital cada vez mais colaborativo.

Gabriel Andrade - Aluno da Anhembi Morumbi e integrante do LAB Jornalismo e Fernanda Iarossi - Professora da Universidade Anhembi Morumbi e Mestre em Comunicação Midiática pela Unesp

3 minutos min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial
2 de dezembro de 2025
Modelos generativos são eficazes apenas quando aplicados a demandas claramente estruturadas.

Diego Nogare - Executive Consultant in AI & ML

4 minutos min de leitura
Estratégia
1º de dezembro de 2025
Em ambientes complexos, planos lineares não bastam. O Estuarine Mapping propõe uma abordagem adaptativa para avaliar a viabilidade de mudanças, substituindo o “wishful thinking” por estratégias ancoradas em energia, tempo e contexto.

Manoel Pimentel - Chief Scientific Officer na The Cynefin Co. Brazil

10 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Liderança
29 de novembro de 2025
Por trás das negociações brilhantes e decisões estratégicas, Suits revela algo essencial: liderança é feita de pessoas - com virtudes, vulnerabilidades e escolhas que moldam não só organizações, mas relações de confiança.

Lilian Cruz - Fundadora da Zero Gravity Thinking

3 minutos min de leitura
Estratégia, Marketing & growth
28 de novembro de 2025
De um caos no trânsito na Filadélfia à consolidação como código cultural no Brasil, a Black Friday evoluiu de liquidação para estratégia, transformando descontos em inteligência de precificação e redefinindo a relação entre consumo, margem e reputação

Alexandre Costa - Fundador do grupo Attitude Pricing (Comunidade Brasileira de Profissionais de Pricing)

4 minutos min de leitura
Inovação & estratégia
27 de novembro de 2025
A pergunta “O que você vai ser quando crescer?” parece ingênua, mas carrega uma armadilha: a ilusão de que há um único futuro esperando por nós. Essa mesma armadilha ronda o setor automotivo. Afinal, que futuros essa indústria, uma das mais maduras do mundo, está disposta a imaginar para si?

Marcello Bressan, PhD, futurista, professor e pesquisador do NIX - Laboratório de Design de Narrativas, Imaginação e Experiências do CESAR

4 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança