Num intervalo de poucas semanas, testemunhamos a grave falha sistêmica que vemos estampar jornais e revistas. Dos incêndios na Amazônia, passando pela carta de Larry Fink, até o manifesto de 180 CEOs desafiando o propósito das empresas em gerar valor para o acionista parece que, finalmente, a crise climática e a desigualdade estão tomando a consciência coletiva de lideranças políticas, empresariais, sociais e – quem diria – do mercado de capitais.
A hora do healing leader chegou. Diante de tamanho desafio que vivemos no Brasil e no mundo, o papel da liderança em não se deixar paralisar, mas sim se mover pela mudança do status quo, é fundamental. Isso criará uma espiral positiva que, potencialmente, nos jogará em um outro patamar como sociedade.
Há fatos que mostram que a mudança existe e já está acontecendo. Durante a Assembleia Geral da ONU deste ano, um consórcio de 130 bancos, que tem sob gestão o equivalente a US$ 47 trilhões, condicionou investimentos a iniciativas de desenvolvimento na Amazônia. Segundo o JP Morgan, projeta-se o montante de US$ 24 trilhões para investimentos com impacto ambiental, social e governança (ASG).
Há uma mudança no mainstream do mercado de capitais em direção a uma nova economia mais inclusiva e sustentável. Diante dessa demanda, apontamos qual o papel de um healing leader:
* **Você é o que você mede.** O compromisso com a transparência em medir e reportar o seu impacto é um primeiro passo. Por meio de métricas comparáveis, verificáveis e críveis, como a Avaliação de Impacto B do Sistema B, é possível criar um plano de desenvolvimento contínuo para o negócio.
* **Busque capital alinhado.** Investidores, de fato, não são apenas provedores de capital. São sócios e parceiros de uma jornada e é importante que a equação de risco, retorno e impacto seja convergente com o seu empreendimento.
* **Plano e foco no longo prazo.** As evidências constatadas nos estudos de Raj Sisodia com Firms of Endearment nos EUA e com Pedro Paro em “Empresas humanizadas” mostram que tomadas de decisão orientadas pelo curto prazo colocam em risco a longevidade do negócio e seus stakeholders. O longo prazo é um dos elementos do melhor interesse da organização e garante não apenas mais retorno financeiro como também a possibilidade de cuidado com todos os stakeholders.
* **Alinhe-se com a agenda global.** A partir da crença de que é possível usar soluções de mercado para resolução de problemas sociais e ambientais, coloque-se a serviço do cumprimento da agenda mais importante para o mundo nesta década: Os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e suas 169 metas.
* **Transforme o seu modelo de negócio:** A era dos negócios que mitigam impacto negativo e compensam com responsabilidade social corporativa acabou. Conservar ou preservar o meio-ambiente tampouco são suficientes diante do enorme desafio que temos para este século. A partir de uma nova economia colaborativa, circular e regenerativa, é possível redesenhar processos, produtos, serviços e modelos de negócios para gerar impacto positivo no curso de sua atividade.
Portanto, healing leader, sua hora chegou. Uma mudança de cultura global e histórica está em desenvolvimento, e seu papel é único para potencializar as oportunidades em meio aos desafios e atrair todo o capital alinhado que for necessário para a prosperidade do seu negócio, da sociedade e do nosso planeta.