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A importância das “portable skills” para sua carreira

O que são e por que as “portable skills”, ou “habilidades transferíveis”, são ferramentas tão importantes para uma trajetória de carreira de sucesso?
Sabina Augras e Laura Fuks são sócias fundadoras da Cmov, edtech na área de carreira e empregabilidade.

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Antes de mais nada, é importante entender que “habilidades transferíveis” são um conjunto de habilidades que não pertencem a um nicho, setor ou trabalho específico.

Elas são geralmente adquiridas com o tempo e podem ser desenvolvidas em projetos, cargos anteriores, trabalho voluntário, esportes ou até mesmo em casa. Comunicação, liderança, resolução de problemas e trabalho em equipe são alguns dos exemplos de “habilidades transferíveis”.

O ponto principal é que, apesar dessas competências comportamentais serem cada vez mais importantes para o acesso ao mercado de trabalho, são também as que menos são identificadas pelos recrutadores nos candidatos durante os processos seletivos. 

Pesquisa da Manpower confirma essa afirmação quando aponta que 42% das empresas deixam ou têm dificuldade de preencher suas vagas por não encontrarem candidatos com as soft skills que precisam. 

Confirmando ainda o aumento dessa tendência, a última pesquisa do LinkedIn “Global Talent Trends” apontou que as soft skills surgem como a principal tendência de atração e retenção de talentos e que 80% dos líderes entrevistados concordam com o aumento da sua importância para o mercado de trabalho.

O que muitas pessoas talvez ainda não saibam é que desenvolvê-las pode ser muito mais fácil do que parece.

Le Boterf, renomado autor e especialista no estudo das competências nos ajuda a entender um pouco mais sobre o desenvolvimento das competências quando as define em três eixos – o eixo pessoa, que está relacionado a sua biografia e socialização, o eixo formação, relacionado ao processo educacional e, por fim, o eixo das experiências profissionais. 

É importante saber que, numa dimensão mais ampla, o desenvolvimento das competências se dá através da integração desses três eixos e o grande objetivo é saber identificar, mobilizar, integrar e transferir os conhecimentos, recursos e habilidades dentro de um universo profissional. E é neste contexto que as “habilidades transferíveis” se faz presente.

Mas por que será que a maioria das pessoas acaba não desenvolvendo essas competências comportamentais?
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A primeira questão a ser analisada é que competências não são inatas, ou seja, ninguém nasce sabendo, e acreditar nessa falsa premissa acaba distanciando a possibilidade de desenvolvê-las. 

Isso significa que uma pessoa que não se sente segura com sua comunicação, tenha muita dificuldade de se relacionar ou ainda não se considere um bom líder, pode, por meio do aprendizado e vivências, se tornar um grande comunicador, líder e uma pessoa relacional.

O outro fator que dificulta o desenvolvimento das competências é a questão educacional. Infelizmente, a maioria das instituições de ensino ainda dá prioridade e foco às competências técnicas, negligenciando um pouco as comportamentais, fazendo com que os jovens já entrem no mercado de trabalho defasados quando o assunto é soft skill.

O que esses dois fatores permitem entender é que o caminho para esse desenvolvimento precisa estar sob a responsabilidade do indivíduo, ou seja, esse entendimento de como e no que se desenvolver será alcançado por meio do autoconhecimento e protagonismo. 

Essa compreensão é importante na medida que, quando a pessoa assume a responsabilidade sobre seu desenvolvimento e busca a consciência do que e como se desenvolve, o caminho ficará mais fácil. 

Sabemos que pessoas que possuem competências comportamentais desenvolvidas têm maior facilidade de acessar o mercado de trabalho, se adaptar a diferentes ambientes, assim como lidar com situações adversas, dentre outras características vistas como fundamentais pelas organizações.

Por que soft skills ficaram tão relevantes
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O motivo pelo qual recrutadores têm priorizado profissionais com competências comportamentais desenvolvidas, muitas vezes mais determinante para a seleção do que o conhecimento técnico, se dá pelo fato de acreditar-se ser mais fácil desenvolver alguém tecnicamente do que mudar hábitos e comportamentos.

Por isso, desenvolver-se nessa direção faz toda diferença. Conseguir identificar quais as “habilidades transferíveis” (Comunicação/ Liderança/ Foco em resultado etc) foram adquiridas por meio de cursos, aprendizado, estágios, treinamento formal e informal, emprego anterior, hobbies e experiências de voluntariado traz consciência do enorme aprendizado nessas atividades. Conseguir extrair delas quais competências poderão ser utilizadas em atividades futuras é a principal questão.

Perceber que mesmo o seu dia a dia, a organização de uma festa, de uma viagem ou a prática de esporte num ambiente de competição, podem ajudar no desenvolvimento de competências que podem ser “transferidas” para o ambiente de trabalho.

Quando se entende as infinitas possibilidade dentro das “habilidades transferíveis”, percebe-se que a falta de experiência profissional, fator muito temido para a maioria dos jovens, não será necessariamente uma barreira intransponível para a conquista de um novo ou primeiro emprego.

É fato que empregadores geralmente procuram por potencial. É vital, portanto, que o candidato consiga “vender” seu potencial, demonstrando as “habilidades transferíveis” que já desenvolveu. Habilidades como se comunicar de forma precisa, criatividade, iniciativa são valiosos em todos os setores.

Perceber que, basicamente, qualquer habilidade desenvolvida em uma atividade passada pode ser usada a seu favor num processo seletivo ou em empregos futuros fará toda a diferença na construção de uma trajetória de carreira de sucesso.

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Sabina Augras e Laura Fuks são sócias fundadoras da Cmov, edtech na área de carreira e empregabilidade.

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