Estratégia e Execução

A Índia está se mexendo, mas…

Integrante dos Brics, a Índia faz agressiva campanha de marketing para atrair investimentos para sua atividade industrial, em uma iniciativa que pode ensinar outros mercados emergentes.

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AÍndia lançou a campanha “Make in India”, 

 no segundo semestre de 2014, com o objetivo de atrair fabricantes internacionais. Seguiu os passos do Japão, quando este abriu caminho para o crescimento no pós-guerra fabricando bens de consumo para o mercado norte-americano. A iniciativa foi recebida de maneira não uniforme pelos analistas. Jagmohan Raju, professor de marketing da Wharton School, considerou-a ótima. “O consumidor indiano amadureceu e a demanda interna continuará a crescer, justificando a produção de bens na própria Índia”, explica em artigo publicado pela revista Knowledge@Wharton de outubro de 2014. Menos entusiasmado, Ravi Aron, professor da Johns Hopkins Carey Business School, pondera no artigo que a Índia recebe poucos investimentos industriais não por fazer um trabalho de marketing ruim, e sim por não ser uma boa opção para o investimento externo direto em manufatura. “Não é à toa que a indústria responde por apenas cerca de 15% do Produto Interno Bruto”, acrescenta.

Problemas crônicos As empresas indianas deparam com quatro questões crônicas em sua industrialização, segundo o artigo: 

**• Fatores relacionados com a produção, como mão de obra e infraestrutura.** A Índia enfrenta uma escassez incapacitante em setores estratégicos, como o energético. As empresas dependem de formas de geração de energia caras e ineficientes. A mão de obra também é um problema, pois a legislação indiana faz com que seja arriscado montar estruturas de produção em massa quando se opera em setores caracterizados pela sazonalidade da demanda. 

**• Fatores facilitadores da produção, como transporte terrestre e portos.** “A indústria requer uma infraestrutura de apoio significativa para poder operar. Isso não existe na Índia”, afirma Aron.

**• Marco regulatório**. As leis são feitas para atender aos objetivos “extremamente míopes e oportunistas” do grupo que está no poder, como no caso da taxação retroativa sobre a Vodafone. “A Corte Suprema decidiu que a empresa não devia impostos e o parlamento aprovou uma lei retroativa para cobrar o dinheiro dela, o que, para os investidores estrangeiros, pareceu um ‘assalto’”, diz Aron no artigo, acrescentando que Walmart, Amazon e Nokia enfrentam normas tributárias implementadas por conveniência pela “burocracia corrupta”. 

**• Corrupção**. Permeia vários setores daquela sociedade, ao menos parte deles, embora esteja sendo combatida. Jagmohan Raju não considera a infraestrutura um problema tão crítico, argumentando que muitas empresas de manufatura criam a própria infraestrutura –na Índia e em outros países. 

O professor da Wharton afirma estar mais preocupado com a disponibilidade de mão de obra capacitada para a indústria, apontando um quinto déficit que afasta investidores. A conferir se a campanha de marketing reverterá isso.

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