Estratégia e Execução

A líder à frente da Falconi

Viviane Martins assumiu a presidência da Falconi em outubro de 2018 com a missão de transformar a organização. Além de mudanças no modelo de negócios da consultoria, reconhecida por sua competência em gestão, ela ainda tem dado atenção especial à diversidade no ambiente de trabalho. E, em tempos de pandemia, fala das prioridades a que as empresas precisam se atentar para atravessar essa crise sem precedentes.

Compartilhar:

**5 – No atual cenário de instabilidade, em que o novo coronavírus impacta os negócios, como a metodologia da Falconi se aplica?**

Temos dois pilares: o de governança e o de gestão, ambos com a tônica sendo a de sobrevivência. Em governança, fizemos e recomendamos para clientes estabelecer um comitê ou um grupo de monitoramento de risco ou de crise. Isso é indispensável, porque todas as informações estão muito dinâmicas, mudam todos os dias; e as medidas adotadas também têm que ter essa velocidade. No pilar de gestão, são duas frentes: de pessoas e econômico-financeira. Mais do que nunca a prioridade do gestor de pessoas é cuidar do seu time, que precisa ouvir dos líderes que o momento é crítico, que deve ser enfrentado com serenidade e responsabilidade, mas sem pânico, caso contrário as medidas podem se tornar ineficazes. Tão relevante quanto as pessoas é a gestão econômico-financeira. Exceto alguns negócios, como supermercado e farmácia, muitos segmentos serão severamente afetados. Estes precisam cuidar de sua liquidez e fazer uso cuidadoso dos recursos. Brinco que o momento é do urso, porque vem aí um inverno longo e doloroso. Começamos o ano muito animados, com planos de melhorias, de investimentos, de lançamentos. Agora, tudo tem de ser revisto, entender o que é vital para o negócio – o que não for deve ser adiado. A gestão de caixa é essencial, o que significa inclusive construir o que chamamos de teste de estresse. Por quanto tempo o caixa sobrevive, por quanto tempo consegue arcar com o pagamento dos compromissos em dia? É preferível a empresa ser proativa em quantificar esse estresse, para ir calibrando a sua tomada de decisão à medida que o novo coronavírus avance. É importante destacar ainda que crise também é oportunidade. A empresa pode aproveitar o período para treinar as pessoas, utilizando plataformas online, e aprimorar a prática de home office, por exemplo. 

**4 – Como a Falconi muda, se muda, com esse seu olhar, mais feminino e jovem?**

Como estou há 20 anos na empresa, muda a relação da liderança com as nossas atividades do dia a dia, e temos tentado nos reinventar. Minha missão é de transformação. Estamos num processo de evolução no modelo de negócios. Antes atuávamos somente em gestão, e agora está claro que não se faz gestão sem pessoas e sem tecnologia. Tenho capitaneado essa integração. Como líder mulher, trago uma mudança, sim. Dou atenção e importância para temas que são indiscutivelmente relevantes no mundo de hoje, como a diversidade ampla, que, além do papel social, tem relevância estratégica para o nosso negócio.

**3 – Como vê o seu papel de inspirar mulheres dentro e fora da Falconi? E o que falta a elas?**

Conhecemos os números, e eles não mentem: há muito ainda a conquistar. A participação feminina em liderança é pequena no mundo e no Brasil. Dentro do nosso trabalho de diversidade, um dos grupos é dedicado justamente ao tema de gênero, ao aumento das mulheres em cargos de liderança. Eu não tinha consciência da responsabilidade de inspirar mulheres até um encontro no dia internacional da mulher, em 2019, quando recebi várias mensagens de colaboradoras. Isso me trouxe a sensação de que, apesar de termos muito a percorrer, algumas sementes estão sendo plantadas. Como acredito em meritocracia, luto para que seja praticada na empresa, o que significa que qualquer jovem que está entrando hoje na Falconi pode estar sentado na minha cadeira daqui um tempo, independentemente do gênero. Fora da Falconi, vejo que o tema começa a ganhar espaço no debate de várias empresas, mas são capitaneadas no Brasil por multinacionais. Sempre que possível, eu debato com outros CEOs e líderes sobre a importância disso para o negócio e para a sociedade. Penso que as mulheres precisam enxergar seu real potencial e lutar por seu espaço. Elas precisam sonhar grande e ter uma certa ousadia, porque a discriminação ainda existe. Também temos de estar alertas para que nós mesmas não tenhamos vieses inconscientes, olhando para as coisas como se fossem normais. Não é normal ouvir um comentário discriminatório ou ser excluída de determinadas oportunidades, por exemplo. Entretanto, também vejo as mulheres, principalmente as mais jovens, com uma cabeça diferente, no bom sentido. 

**2 – Você diria que a maternidade é um empecilho para a mulher se tornar líder?**

Algumas pessoas costumam comentar que sou presidente porque não tenho filhos. Não tem sentido! Fiz a opção de não ter filhos há muitos anos, numa decisão tomada com meu esposo, e não teve relação com a carreira. Às vezes, isso é meio mal compreendido. Mães precisam ter tanto espaço quanto as que não têm filhos. É uma barreira, um pensamento, e precisamos falar sobre isso. Trabalho com mulheres, que são mães, e a eficiência delas é inacreditável, porque se organizam para fazer todo o trabalho naquele período, já que sabem que, ao chegar em casa, terão outros afazeres, acompanhar a educação, conversar com o filho. Eu as admiro, porque ajudar a formar um ser humano é muita responsabilidade, e ser mãe não impede, de forma alguma, que também ocupe um cargo de presidente de uma companhia.

**1 – Como é a Viviane fora do ambiente de trabalho?**

Acredito que uma pessoa não é feliz só em casa ou só no trabalho, tem que ter equilíbrio. Quando pensamos em vida pessoal, família é a primeira coisa que me vem à mente. A família tem que estar bem, feliz, me apoiando, assim como merece o meu apoio, já que é sempre uma via de mão dupla. Então, digo que a Viviane pessoal não é muito diferente da profissional, só o traje que muda! Eu amo viajar. Também gosto do contato com a natureza e recentemente me apaixonei por um esporte: o squash. Não sou uma expert, mas gosto de praticá-lo.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Liderança na gestão do mundo híbrido

Este modelo que nasceu da necessidade na pandemia agora impulsiona o engajamento, reduz custos e redefine a gestão. Para líderes, o desafio é alinhar flexibilidade, cultura organizacional e performance em um mercado cada vez mais dinâmico.

Data economy: Como a inteligência estratégica redefine a competitividade no século XXI

Na era digital, os dados emergem como o ativo mais estratégico, capaz de direcionar decisões, impulsionar inovações e assegurar vantagem competitiva. Transformar esse vasto volume de informações em valor concreto exige infraestrutura robusta, segurança aprimorada e governança ética, elementos essenciais para fortalecer a confiança e a sustentabilidade nos negócios.

China

O Legado do Progresso

A celebração dos 120 anos de Deng Xiaoping destaca como suas reformas revolucionaram a China, transformando-a em uma potência global e marcando uma era de crescimento econômico, inovação e avanços sociais sem precedentes.

Calendário

Não, o ano ainda não acabou!

Em meio à letargia de fim de ano, um chamado à consciência: os últimos dias de 2024 são uma oportunidade valiosa de ressignificar trajetórias e construir propósito.

Gestão de Pessoas
Diferente da avaliação anual tradicional, o modelo de feedback contínuo permite um fluxo constante de comunicação entre líderes e colaboradores, fortalecendo o aprendizado, o alinhamento de metas e a resposta rápida a mudanças.

Maria Augusta Orofino

3 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A Inteligência Artificial, impulsionada pelo uso massivo e acessível, avança exponencialmente, destacando-se como uma ferramenta inclusiva e transformadora para o futuro da gestão de pessoas e dos negócios

Marcelo Nóbrega

4 min de leitura
Liderança
Ao promover autonomia e resultados, líderes se fortalecem, reduzindo estresse e superando o paternalismo para desenvolver equipes mais alinhadas, realizadas e eficazes.

Rubens Pimentel

3 min de leitura
Empreendedorismo, Diversidade, Uncategorized
A entrega do Communiqué pelo W20 destaca o compromisso global com a igualdade de gênero, enfatizando a valorização e o fortalecimento da Economia do Cuidado para promover uma sociedade mais justa e produtiva para as mulheres em todo o mundo

Ana Fontes

3 min de leitura
Diversidade
No ambiente corporativo atual, integrar diferentes gerações dentro de uma organização pode ser o diferencial estratégico que define o sucesso. A diversidade de experiências, perspectivas e habilidades entre gerações não apenas enriquece a cultura organizacional, mas também impulsiona inovação e crescimento sustentável.

Marcelo Murilo

21 min de leitura
Finanças
Casos de fraude contábil na Enron e Americanas S.A. revelam falhas em governança corporativa e controles internos, destacando a importância de transparência e auditorias eficazes para a integridade empresarial

Marco Milani

3 min de leitura
Liderança
Valorizar o bem-estar e a saúde emocional dos colaboradores é essencial para um ambiente de trabalho saudável e para impulsionar resultados sólidos, com lideranças empáticas e conectadas sendo fundamentais para o crescimento sustentável das empresas.

Ana Letícia Caressato

6 min de leitura
Empreendedorismo
A agência dos agentes em sistemas complexos atua como força motriz na transformação organizacional, conectando indivíduos, tecnologias e ambientes em arranjos dinâmicos que moldam as interações sociais e catalisam mudanças de forma inovadora e colaborativa.

Manoel Pimentel

3 min de leitura
Liderança
Ascender ao C-level exige mais que habilidades técnicas: é preciso visão estratégica, resiliência, uma rede de relacionamentos sólida e comunicação eficaz para inspirar equipes e enfrentar os desafios de liderança com sucesso.

Claudia Elisa Soares

6 min de leitura
Diversidade, ESG
Enquanto a diversidade se torna uma vantagem competitiva, o reexame das políticas de DEI pelas corporações reflete tanto desafios econômicos quanto uma busca por práticas mais autênticas e eficazes

Darcio Zarpellon

8 min de leitura