Ao chegarem na Itália, em abril de 2020, os médicos chineses deixaram uma mensagem para o mundo: **“somos ondas do mesmo mar, folhas da mesma árvore e flores do mesmo jardim”**. Um fato que pode marcar as próximas gerações. _Qual seria a intenção dos médicos com essa mensagem? E quanto tempo nós, Humanidade, teremos para realmente compreender essa mensagem?_
Não foram apenas os médicos chineses oferecendo uma resposta à crise provocada pela pandemia do coronavírus. Uma série de empresas, tidas como grandes concorrentes, nas últimas semanas passaram a adotar práticas mais conscientes e ações de cooperação em prol do bem coletivo. Uma atitude de empatia, preocupação e atenção com o próximo.
Para observar o fenômeno dessa mudança, a Humanizadas, em parceria com o Instituto Capitalismo Consciente Brasil e pesquisadores da Universidade de São Paulo (EESC-USP), comparou as práticas emergentes dos negócios em resposta à crise do covid-19, com as práticas das empresas de destaque na 1ª Edição da Pesquisa Empresas Humanizadas em 2019 (“Humanizadas-19”). Essa análise utilizou a lente dos 10 MetaCapitais propostos pelo Prof. Sean Esbjörn-Hargens (PhD). Os resultados não podem ser generalizados para todas as empresas, mas trazem valiosos insights e reflexões. O quadro a seguir revela a síntese do estudo.
O foco diante da crise
O ponto cego diante da crise
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É comum associarmos a palavra capital à “riqueza na forma de dinheiro ou ativo”. Essa definição não está equivocada, mas está incompleta. Segundo o dicionário de Oxford, também podemos definir capital como “**um recurso valioso de qualquer natureza”.** Sob essa nova perspectiva, mais ampla, além do capital financeiro, encontramos pelo menos outros nove capitais: saúde, social, manufaturado, intelectual, humano, cultural, psicológico, natural e espiritual.
Em todas as nossas relações, o tempo todo, estamos fazendo trocas em diferentes capitais. Na maioria das vezes de maneira inconsciente. E dados os níveis de incerteza e volatilidade diante dessa crise sem precedentes, fomos arremessados a um grau de complexidade sob uma perspectiva multi capitais que a gente nunca experimentou.
Ao analisar os resultados da pesquisa e as práticas emergentes em resposta à crise, surge a hipótese de estarmos vivendo um novo fenômeno em nossa sociedade. Ao mesmo tempo que o coronavírus provocou o distanciamento social e uma quarenta global , em compensação, ele também abriu espaço para **o compartilhamento e a solidariedade em uma dimensão sistêmica.**
Uma evidência é o fato do capital social ser o único a manter posição de destaque em ambos os períodos. Outra evidência, é a quantidade de organizações e grupos sociais se mobilizando em resposta à crise. As favelas, por exemplo, mesmo diante de uma infraestrutura pública extremamente precária, não colapsaram totalmente em função das redes de apoio social
Fruto da colaboração, o capital social parece ter se fortalecido não apenas nas comunidades locais, mas também no ambiente empresarial. É o caso do Bradesco, Itaú e Santander que se uniram em torno de uma causa social. É o caso do Fundo Covida20, formado pela união do Sistema B, Instituto Capitalismo Consciente Brasil (ICCB), Trê e Dinamo, e de tantas outras instituições que uniram forças nesse momento tão singular.
Entre executivos, comunidades, indivíduos e famílias, embora exista sim um movimento de busca pela sobrevivência, também existe um lindo movimento de busca pela solidariedade. Quando buscamos as teorias de sistemas complexos, e resgatamos o conceito de se tornar **anti-frágil,** os capitais humano, cultural, psicológico, natural e espiritual, ganham extrema relevância. Esses capitais são fundamentais para uma empresa lidar com a incerteza, ter respostas ágeis, inovar e se transformar diante de um ambiente de alta complexidade.
Para ir além da sobrevivência, e prosperar diante do cenário atual, precisamos criar em nossas relações um ambiente de segurança psicológica e safe to fail, onde as pessoas encontrem espaço para se permitirem estar em um beta permanente. Para conseguirmos coletivamente sair desse movimento sistêmico de atenção às questões básicas de sobrevivência, precisamos de um catalisador.
Um catalisador capaz de aumentar a velocidade de nossas ações e ao mesmo tempo consumindo a menor quantidade de energia possível. E **talvez o capital social seja esse catalisador**, capaz de conectar e trazer a esperança de um futuro melhor. Capaz de deixar para trás a maldição de viver em um ciclo constante de necessidades básicas e de sobrevivência, e quem sabe entrar em um ciclo de desenvolvimento e prosperidade coletiva.
Em nossa história recente, esta também é a primeira vez na qual, coletivamente, experimentamos o capital social com tamanha força. Neste momento **podemos estar diante da crise que tanto necessitávamos para entrarmos no próximo estágio evolutivo de nossas lideranças, organizações e sociedade.** O capital social pode significar o catalisador dessa transformação. Ele pode ser o responsável pela ativação dos outros capitais, fundamentais para desenvolvermos a anti-fragilidade.
Diante desse cenário de grandes incertezas, volatilidade e complexidade, podemos enfim compreender que _“somos ondas do mesmo mar, folhas da mesma árvore e flores do mesmo jardim”._
#### Sobre a humanizadas
A humanizadas traz à luz a práticas de negócio mais conscientes, humanas, sustentáveis e inovadoras. Hoje sabemos que esses bons exemplos podem provocar uma transformação e nos identificamos como mensageiros desses.
Diante desse contexto, nos sentimos na obrigação genuína de espalhar a mensagem de quem está fazendo algo de diferente para, de fato, tentar elevar a Humanidade quando ela deixa de ser prioridade. Por isso decidimos lançar [esse relatório](https://materiais.revistahsm.com.br/praticas-emergentes-negocios) com as **práticas emergentes dos negócios em resposta a Covid-19. O download é gratuito!**