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A maré não está para peixe, mas pode ficar

Crises sempre fazem o valor migrar. Você pode sair ganhando se entender logo as mudanças nos lados da oferta e demanda

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Tempos de crise sempre são acompanhados por mudanças repentinas no mercado, no lado da oferta e no da demanda, e não será diferente no mundo pós-pandemia. Sangeet Paul Choudary, um dos grandes especialistas em economia de plataforma, fundador da Platformation Labs e coautor de *[Plataforma: a revolução da estratégia](https://www.amazon.com.br/Plataforma-Revolu%C3%A7%C3%A3o-Estrat%C3%A9gia-Geoffrey-Parker/dp/8550806137/ref=asc_df_8550806137/?tag=googleshopp00-20&linkCode=df0&hvadid=379726531636&hvpos=&hvnetw=g&hvrand=4673274512758975541&hvpone=&hvptwo=&hvqmt=&hvdev=c&hvdvcmdl=&hvlocint=&hvlocphy=1001650&hvtargid=pla-811086206848&psc=1)*, escreve na *Rotman Management* que estarão mais bem posicionadas para aproveitar as oportunidades as empresas que anteciparem as migrações de valor – reorganizando, de acordo com isso, seu portfólio de modelos de negócio e consolidando seus pontos de controle (referem-se ao controle dos principais ativos, relacionamentos e fluxos de dados em uma rede de valor). Mudanças de valor comoditizam algumas posições de negócios e empoderam outras, diz Choudary.

Para antecipar essa migração de valor por mudanças na demanda e na oferta – mesmo que as mudanças pareçam transitórias –, o especialista faz duas recomendações principais: (1) olhar para as principais tendências que afetam um espaço de valor identificando seus efeitos do lado da demanda e do lado da oferta; e (2) determinar se as mudanças no valor serão acompanhadas por mudanças nos pontos de controle. Segundo Choudary, as empresas que saem fortes de uma crise costumam ser as que conseguem responder rapidamente a uma mudança nos pontos de controle.

## Exemplos concretos
O artigo da *Rotman Management* materializa esse movimento com o que aconteceu no negócio de filmes durante a pandemia de covid-19. Como as pessoas ficaram mais em casa (o que era transitório a princípio), isso gerou uma mudança no lado da oferta – esta, mais permanente: com os cinemas fechados, os estúdios quebraram a “janela” de três meses entre o lançamento de filmes no cinema e sua disponibilização primeiro para compra ou aluguel de vídeo sob demanda e, em seguida, para plataformas de streaming como Netflix e Amazon Prime. Essa janela serviu por muito tempo como um fosso para proteger as receitas do cinema.

Agora, diz Choudary, provavelmente veremos novos modelos de negócio surgirem por conta disso. Na China, a empresa de TV Huanxi Media já fez uma parceria com a Douyin, uma plataforma de streaming, para lançar seu streaming direto em um novo modelo de negócio. Com base no acordo, a ByteDance, controladora da Douyin, pagará à Huanxi pelo menos US$ 90,8 milhões para que o novo conteúdo desta seja transmitido primeiro em suas plataformas. A ByteDance obtém acesso exclusivo a um portfólio de filmes e programas de TV da Huanxi. Por sua vez, a Huanxi obtém um acordo de licenciamento e uma parte das receitas de publicidade. Dois dias após o acordo, *Lost in Russia* – um dos filmes da Huanxi – foi lançado na ByteDance e reuniu 600 milhões de visualizações.

Choudary ainda dá uma “dica”: o varejo de alimentos (supermercados, restaurantes) ainda está relativamente atrasado na mudança para o online – afinal, antes da pandemia não era lucrativo atuar online. Mas veio o coronavírus e impulsionou a migração maciça de valor, numa combinação de efeitos nos lados de demanda e oferta. Surgiram as dark kitchens, por exemplo, com modelo operacional mais lucrativo, e surgirão mais novidades. E em seu setor? Você estuda o que está mudando?

__Leia mais:[ O executivo-chefe de motivação entrou na sala](https://www.revistahsm.com.br/post/o-executivo-chefe-de-motivacao-entrou-na-sala)__

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