Gestão de Pessoas

A politicagem do dia a dia

Em mais um texto de sua coluna, Viviane Mansi traz uma reflexão sobre a politicagem interna e suas implicações nas organizações.
É conselheira de empresas, mentora e professora. Durante anos foi executiva de empresas, passando por organizações como Toyota, GE, Votorantim e MSD. É autora de diversos livros, entre os quais está o ‘Emoção e Comunicação - Reflexão para humanização das relações de trabalho’, escrito em parceria com a Cynthia Provedel.
Viviane Mansi é executiva da Toyota e da Fundação Toyota do Brasil, conselheira e professora. Participou da COP27, em novembro de 2022.

Compartilhar:

Eu tento abrir uma caixinha de perguntas uma vez por semana no meu Instagram.

Em geral debatemos dilemas corporativos. Um tema que é recorrente e chega despertando inquietação, ira e inconformismo é a politicagem interna.

O tema vai parar nas rodinhas de conversa e em livros, então queria fazer algumas reflexões para ampliar o debate.

Nossa atuação, em qualquer contexto, é política, pois em geral existe uma dinâmica de poder e regras – em geral não ditas – que determinam a interação de um grupo. Isso não quer dizer, no entanto, que precisamos fazer disso uma atitude que incomoda ou prejudica alguém, ou olhar a questão da política com uma conotação ruim.

Como diz Karen Dillon, num livro que compila algumas regras de sobrevivência em diferentes contextos políticos, é possível alcançar sucesso sem ser uma pessoa obstinada por poder ou ser uma pessoa alpinista corporativa – perfis que em geral se usam mais de política para criar um ambiente positivo para prosperar.

Onde é que percebemos a política se manifestando na empresa? Quando convivemos com pessoas difíceis e nos perguntamos o que ela ainda faz na empresa, quando buscamos influenciar pessoas, quando lutamos por recursos, quando percebemos que a nossa liderança tem proferidos(as), quando lidamos com panelinhas… e essa lista podia ganhar mais 10 linhas. Parece, portanto, difícil imaginar um mundo sem política. Aliás, uma pesquisa de uma consultoria inglesa chamada Revelation traz um dado tenso: 95% dos entrevistados afirmam ter sido afetados por manipulações e jogos de interesse no trabalho.

Então, o que fazer? Entre as muitas possibilidades, podemos lidar de forma construtiva, o que pode significar compreender a dinâmica entre os colegas, trabalhar em conjunto, colocar os interesses da empresa antes dos interesses do grupo ou pessoais. Parece exaustivo, mas é melhor do que usar a política como a responsável pela falta de resultados, falta de promoção, frustração.

Mauricio Goldstein e Philip Read ainda nos lembram que o jogo político muitas vezes é inconsciente, e têm consequências que realmente têm o potencial de drenar a energia e a dedicação das pessoas numa empresa.

Os autores lembram que a liderança pode ficar atenta para não facilitar os jogos. Como fazem isso? Cultivando transparência, a honestidade intelectual, espírito de equipe, comportamentos abertos, produtivos e criativos; aumentando a consciência de que os jogos existem e agem constantemente. O jogo às claras, vamos dizer sim, permite que todo mundo participe.

Por outro lado, culturas que se baseiam em hierarquias, com alta pressão, em que tudo é visto como confidencial e estão ancoradas no medo como forma de gestão, tendem a encorajam o jogo.

Seja como for, se você sente que a política interna não está fazendo bem para as pessoas, cuide de duas coisas para começar: (1) crie uma arena de debate aberto, onde todos possam ver e serem vistos, e (2) invista na comunicação direta. Os jogadores profissionais não gostam de nenhuma delas.

E, caso queira mergulhar nesse mundo, sugiro duas literaturas:

Jogos políticos nas empresas – como compreender e transformar relações e organizações, de Mauricio Goldstein a Philip Read;

Como lidar com a política no trabalho – Coleção Harvard Business Review, organizado pela Karen Dillon;

E você, conta pra gente: como tem visto e vivido o assunto?

Compartilhar:

É conselheira de empresas, mentora e professora. Durante anos foi executiva de empresas, passando por organizações como Toyota, GE, Votorantim e MSD. É autora de diversos livros, entre os quais está o ‘Emoção e Comunicação - Reflexão para humanização das relações de trabalho’, escrito em parceria com a Cynthia Provedel.

Artigos relacionados

Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
19 de novembro de 2025
Construir uma cultura organizacional autêntica é papel estratégico do RH, que deve traduzir propósito em práticas reais, alinhadas à estratégia e vividas no dia a dia por líderes e equipes.

Rennan Vilar - Diretor de Pessoas e Cultura do Grupo TODOS Internacional

3 minutos min de leitura
Inovação & estratégia
18 de novembro de 2025
Com agilidade, baixo risco e cofinanciamento não reembolsável, a Embrapii transforma desafios tecnológicos em inovação real, conectando empresas à ciência de ponta e impulsionando a nova economia industrial brasileira.

Eline Casasola - CEO da Atitude Inovação, Atitude Collab e sócia da Hub89 empresas

4 minutos min de leitura
Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
17 de novembro de 2025
A cultura de cocriação só se consolida quando líderes desapegam do comando-controle e constroem ambientes de confiança, autonomia e valorização da experiência - especialmente do talento sênior.

Juliana Ramalho - CEO da Talento Sênior

4 minutos min de leitura
Liderança
14 de novembro de 2025
Como dividir dúvidas, receios e decisões no topo?

Rubens Pimentel - CEO da Trajeto Desenvolvimento Empresarial

2 minutos min de leitura
Sustentabilidade
13 de novembro de 2025
O protagonismo feminino se consolidou no movimento com a Carta das Mulheres para a COP30

Luiza Helena Trajano e Fabiana Peroni

5 min de leitura
ESG, Liderança
13 de novembro de 2025
Saiba o que há em comum entre o desengajamento de 79% da força de trabalho e um evento como a COP30

Viviane Mansi - Conselheira de empresas, mentora e professora

3 minutos min de leitura
Inovação & estratégia
12 de novembro de 2025
Modernizar o prazo de validade com o conceito de “best before” é mais do que uma mudança técnica - é um avanço cultural que conecta o Brasil às práticas globais de consumo consciente, combate ao desperdício e construção de uma economia verde.

Lucas Infante - CEO da Food To Save

3 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, ESG
11 de novembro de 2025
Com a COP30, o turismo sustentável se consolida como vetor estratégico para o Brasil, unindo tecnologia, impacto social e preservação ambiental em uma nova era de desenvolvimento consciente.

André Veneziani - Vice-Presidente Comercial Brasil & América Latina da C-MORE Sustainability

3 minutos min de leitura
Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
10 de novembro de 2025
A arquitetura de software deixou de ser apenas técnica: hoje, ela é peça-chave para transformar estratégia em inovação real, conectando visão de negócio à entrega de valor com consistência, escalabilidade e impacto.

Diego Souza - Principal Technical Manager no CESAR, Dayvison Chaves - Gerente do Ambiente de Arquitetura e Inovação e Diego Ivo - Gerente Executivo do Hub de Inovação, ambos do BNB

8 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde
7 de novembro de 2025
Investir em bem-estar é estratégico - e mensurável. Com dados, indicadores e integração aos OKRs, empresas transformam cuidado com corpo e mente em performance, retenção e vantagem competitiva.

Luciana Carvalho - CHRO da Blip, e Ricardo Guerra - líder do Wellhub no Brasil

4 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança