Desenvolvimento pessoal

A potência das histórias plurais

Em uma realidade de trabalho cada vez mais colaborativo, que exige equipes com habilidades e conhecimentos complementares, como está o seu olhar para a diversidade e inclusão?
Comunicóloga, com MBA em desenvolvimento e gestão de pessoas e especialização em pensamento complexo. Atuou em diversas empresas, entre elas Natura, Danone e ISS. Desde 2018 está como diretora de recursos humanos da Iguatemi Empresa de Shopping Centers. Professora em programas de pós-graduação e MBA e mentora de mulheres no programa Mentoria Colaborativa – Nós por Elas do IVG. Coautora dos livros *Solidariedade: Depoimentos de um beija-flor – Histórias de voluntariado e de esperança*, e *Coaching e Formação de Liderança/Coach*, publicado pelo Arvoredo. Membro de conselhos consultivos da Turma do Jiló e da Specialisterne. Casada com o artista Mauro Piva e mãe do Arthur e Nina.

Compartilhar:

Seguindo nossa reflexão sobre [autoconhecimento e a coragem de permanecer real](https://www.revistahsm.com.br/post/a-coragem-de-ser-autentico), sendo você mesma(o), me lembrei de falas de uma escritora nigeriana que adoro, Chimamanda Ngozi Adichie, que versa sobre o poder e a importância das histórias:

“A história única cria estereótipos, e o problema com os estereótipos não é que sejam mentira, mas que são incompletos… As histórias importam. Muitas histórias importam. As histórias foram usadas para espoliar e caluniar, mas também podem ser usadas para empoderar e humanizar. Elas podem despedaçar a dignidade de um povo, mas também podem reparar essa dignidade despedaçada”.

E me peguei pensando sobre as histórias que conto sobre mim e que são contadas sobre mim! E você, já pensou sobre isso? Nossa história é dinâmica, como a vida em si. Parar para pensar sobre ela, se apropriando de suas luzes e sombras, pode ser um exercício poderoso.

## A dualidade está no centro da experiência humana

Segundo a autora e professora americana Debbie Ford, o conflito entre o que somos e o que queremos ser encontra-se no âmago da luta humana. A dualidade, na verdade, está no centro da experiência humana. Se sabemos o que é coragem é porque experimentamos o medo. Se sabemos o que é alegria é porque experimentamos a tristeza. Se sabemos que o ponto forte é porque experimentamos o ponto fraco.

Reconhecer nossa natureza dualista e sustentar as polaridades em nossa vida pode ser extremamente poderoso. Limitar a sua história a apenas uma perspectiva pode ser muito redutor. Acredito que reduzir perspectivas sobre nós mesmas(os) pode ser um dos fatores que podem contribuir para uma insatisfação permanente com a nossa vida.

A pergunta que fica viva em mim neste momento é: será que a história que conto sobre mim, e, as histórias que contam sobre mim expressam plenamente meus valores? A história que você conta sobre si expressa a pessoa real que você é?
Acredito que para termos uma vida plena é preciso prestar atenção ao que sentimos, ao que fazemos os outros sentirem, olhar ao redor, estabelecer parcerias que nos permitam dar o nosso próximo passo possível em direção ao desenvolvimento.

Nas empresas, muitas vezes através de avaliações de desempenho, feedback, entre outros, contamos histórias das pessoas… Únicas? Diversas? Estagnadas no tempo como se fosse possível “congelar” a vida?

Como você se vê? Como enxerga suas pessoas? Está deliberadamente atuando para impulsionar as pessoas à sua volta?

Se atua em uma posição de liderança, tem fomentado que as pessoas se sintam capazes de compartilhar seu conhecimento, preocupações, questões, erros e ideias ainda embrionárias? A pesquisadora da Harvard University, Amy C. Edmondson, discorre sobre o que é preciso para prosperar em um mundo complexo e incerto:

“Hoje, em muitos locais de trabalho, as pessoas estão se travando com muita frequência – relutantes em dizer ou perguntar algo que possa de alguma forma fazê-los parecer desqualificados. Para complicar as coisas, ao mesmo tempo, as companhias se tornam cada vez mais globais e complexas, o trabalho tem se baseado mais em atividades de equipe. Os empregados de hoje, em todos os níveis, gastam 50% a mais tempo colaborando do que há 20 anos. Contratar talentos individuais não é mais suficiente. Eles têm de ser capazes de trabalhar bem juntos.”

E, para que trabalhem bem, as equipes precisam de complementariedade. [Complementariedade pressupõe diversidade](https://www.revistahsm.com.br/post/a-importancia-da-diversidade-nas-comunidades-empreendedoras). Neste ponto proponho uma reflexão.

## Reconhecendo a diversidade e inclusão em sua vida

Reconhecer que o contrato social de trabalho mudou e que diversidade e inclusão são imperativos de nosso tempo, me faz pensar em como podemos a cada dia “furar as bolhas” que vivemos, ampliando perspectivas através do convívio com pessoas que, por natureza e beleza da vida, são diferentes.

Proponho que faça uma reflexão pessoal neste momento. Pense em suas cinco melhores amizades…

– [Quantas são pessoas brancas?](https://www.google.com/url?q=https://www.revistahsm.com.br/post/experiencia-do-colaborador-alavanca-diversidade&sa=D&source=editors&ust=1633445170232000&usg=AOvVaw24aipaReH3HHTkmFyy8PbR)
– Quantas são pessoas negras?
– Quantas são de nacionalidades diferentes das sua?
– Quantas são pessoas com deficiência?
– Suas amizades permeiam todas as classes sociais?
– Quantas são LGBTQIA+?
– As pessoas têm crenças religiosas diferentes?

Muito provavelmente você se deu conta, assim como eu quando fiz este exercício alguns anos atrás, que seus amigos são bem homogêneos e muito parecidos contigo. A boa notícia é que estar consciente disso te dá oportunidade de fazer novas escolhas, de abrir novos caminhos. E agora, tente fazer o paralelo desta reflexão para a sua equipe de trabalho.

– Quão diversas são as pessoas de sua equipe?
– Há equidade de gênero?
– Diversas raças e etnias estão representadas?
– As idades são diferentes? Existem pessoas com mais de 50 anos no time, muitas ou poucas?
– Os biótipos são diferentes?

E se você ocupa uma posição de liderança:

– Quão diversas têm sido as pessoas que você tem inserido em seu time?
– Você tem impulsionado estas pessoas de seu time a partir de suas capacidades?

## Um chamado a uma liderança adaptágil

Recentemente, tive o prazer e privilégio de assistir pela segunda vez uma aula do professor de estratégia e governança da HSM Educação Corporativa, Luis Lobão, que compartilhou que, para sermos líderes adaptágeis, precisamos:

– De propósito claro.
– Estarmos centrados nos clientes e com empatia.
– Termos equipes pequenas, autodirigidas, multifuncionais e com OKR (objetivos e resultados claros).
– Operarmos como uma organização em redes.
– Entregarmos experiência e valor para os usuários.
– Termos inovação em um fluxo contínuo.
– Usarmos intensivamente as tecnologias.
– Comunicarmos de forma transparente e radical.

Como poderemos atingir este objetivo se nossas equipes não forem as mais diversas possíveis? Se nós mesmos não abraçarmos a [aprendizagem contínua](https://www.revistahsm.com.br/podcasts/rh-tech-trends-01-educacao-corporativa-com-tecnologia-aplicada) como forma de seguir perpetuando nosso valor e nossos valores? Para fechar esta segunda reflexão, pergunto para mim mesma e para você:

Você tem tido [equidade](https://www.google.com/url?q=https://mitsloanreview.com.br/post/equidade-e-potencialidades-da-lideranca-feminina&sa=D&source=editors&ust=1633445226067000&usg=AOvVaw34rHw-y6JQ9Y9Vkhbj1ioe) de oportunidades? Tem promovido equidade de oportunidades para todas e todos em seus times? Com a frase atribuída a Gandhi, finalizo: seja a mudança que você quer ver no mundo.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Jornada de trabalho

Redução da jornada: um passo para a saúde mental e inclusão no trabalho

A redução da jornada para 36 horas semanais vai além do bem-estar: promove saúde mental, equidade de gênero e inclusão no trabalho. Dados mostram como essa mudança beneficia especialmente mulheres negras, aliviando a sobrecarga de tarefas e ampliando oportunidades. Combinada a modelos híbridos, fortalece a produtividade e a retenção de talentos.

Liderança na gestão do mundo híbrido

Este modelo que nasceu da necessidade na pandemia agora impulsiona o engajamento, reduz custos e redefine a gestão. Para líderes, o desafio é alinhar flexibilidade, cultura organizacional e performance em um mercado cada vez mais dinâmico.

Data economy: Como a inteligência estratégica redefine a competitividade no século XXI

Na era digital, os dados emergem como o ativo mais estratégico, capaz de direcionar decisões, impulsionar inovações e assegurar vantagem competitiva. Transformar esse vasto volume de informações em valor concreto exige infraestrutura robusta, segurança aprimorada e governança ética, elementos essenciais para fortalecer a confiança e a sustentabilidade nos negócios.

Liderança
Valorizar o bem-estar e a saúde emocional dos colaboradores é essencial para um ambiente de trabalho saudável e para impulsionar resultados sólidos, com lideranças empáticas e conectadas sendo fundamentais para o crescimento sustentável das empresas.

Ana Letícia Caressato

6 min de leitura
Empreendedorismo
A agência dos agentes em sistemas complexos atua como força motriz na transformação organizacional, conectando indivíduos, tecnologias e ambientes em arranjos dinâmicos que moldam as interações sociais e catalisam mudanças de forma inovadora e colaborativa.

Manoel Pimentel

3 min de leitura
Liderança
Ascender ao C-level exige mais que habilidades técnicas: é preciso visão estratégica, resiliência, uma rede de relacionamentos sólida e comunicação eficaz para inspirar equipes e enfrentar os desafios de liderança com sucesso.

Claudia Elisa Soares

6 min de leitura
Diversidade, ESG
Enquanto a diversidade se torna uma vantagem competitiva, o reexame das políticas de DEI pelas corporações reflete tanto desafios econômicos quanto uma busca por práticas mais autênticas e eficazes

Darcio Zarpellon

8 min de leitura
Liderança
E se o verdadeiro poder da sua equipe só aparecer quando o líder estiver fora do jogo?

Lilian Cruz

3 min de leitura
ESG
Cada vez mais palavras de ordem, imperativos e até descontrole tomam contam do dia-dia. Nesse costume, poucos silêncios são entendidos como necessários e são até mal vistos. Mas, se todos falam, no fim, quem é que está escutando?

Renata Schiavone

4 min de leitura
Finanças
O primeiro semestre de 2024 trouxe uma retomada no crédito imobiliário, impulsionando o consumo e apontando um aumento no apetite das empresas por crédito. A educação empreendedora surge como um catalisador para o desenvolvimento de startups, com foco em inovação e apoio de mentorias.

João Boos

6 min de leitura
Cultura organizacional, Empreendedorismo
A ilusão da disponibilidade: como a pressão por respostas imediatas e a sensação de conexão contínua prejudicam a produtividade e o bem-estar nas equipes, além de minar a inovação nas organizações modernas.

Dorly

6 min de leitura
ESG
No texto deste mês do colunista Djalma Scartezini, o COO da Egalite escreve sobre os desafios profundos, tanto à saúde mental quanto à produtividade no trabalho, que a dor crônica proporciona. Destacando que empresas e gestores precisam adotar políticas de inclusão que levem em conta as limitações físicas e os altos custos associados ao tratamento, garantindo uma verdadeira equidade no ambiente corporativo.

Djalma Scartezini

4 min de leitura