A pandemia de Covid-19 despertou o interesse por fatos históricos que também alteraram o curso da humanidade, como é o caso da peste negra ou da gripe espanhola. Para Joel Mokyr, professor de artes, ciência, economia e história na Northwestern University, porém, o passado ensina que o conhecimento nos trouxe resiliência. É o que ele escreve em artigo para o blog da MIT Sloan Management Review Brasil.
“A história é uma sequência de desastres, e o que está no meio é um tédio”, começa dizendo. Embora cada catástrofe seja única e tenha consequências particulares, costumamos buscar padrões no passado para amenizar nossa incerteza. A forma como os eventos naturais ou humanos influenciam a economia, porém, é bem diferente hoje.
Segundo Mokyr, a Primeira Revolução Industrial alterou a forma como as economias ficam expostas e reagem aos efeitos dos desastres. A partir dela, o conhecimento científico começou a ser aplicado, e isso tornou a economia global mais resiliente. Em 1914, com a Primeira Guerra Mundial, o choque foi radical e duradouro, mas a recuperação foi bem mais rápida para a Europa do que tinha sido, por exemplo, com a queda do Império Romano.
Além da Primeira Guerra, o século 20 viu outra grande guerra, a gripe espanhola, a grande depressão pós-1929 e os ataques de 11 de setembro nos Estados Unidos, e outras guerras localizadas. “Nenhum desses ‘cisnes negros’ reduziu permanentemente a taxa de crescimento da economia mundial, e o declínio dos índices de fome, pobreza e doenças continuou acelerado. A razão da resiliência é simples: grandes choques não revertem o crescimento se este se baseia em conhecimento”, explica o autor.
Mokyr afirma que “se o conhecimento relevante for suficientemente acessível e difundido, é improvável que desapareça”. O conhecimento não possibilita apenas uma economia mais produtiva e resiliente; ele também traz a capacidade de resolver problemas e a agilidade necessárias para enfrentar choques inesperados. “Diante de um desafio repentino, a sociedade moderna se volta para os cientistas, não para os padres”, afirma.
E conclui: “A transição para uma economia pós-Covid-19 será mais longa e dolorosa do que os otimistas acreditam, porém os fundamentos da prosperidade moderna – a tecnologia que sustenta um padrão de vida sem precedentes na história humana e a capacidade da ciência de resolver problemas – permanecem inabaláveis”.