Acabamos de analisar 5 mil companhias com operações na América Latina, e selecionamos 100 para a lista oficial, intitulada 2018 _BCG Multilatinas_. Todas elas registram mais de US$ 1 bilhão em receita, crescem mais rapidamente que a média regional e operam além de suas fronteiras nacionais. O último estudo do gênero havia sido realizado em 2009.
O que aconteceu de lá para cá? O Brasil, por exemplo, perdeu a liderança em número de empresas para o México, que se manteve estável ao emplacar 28 empresas. Em 2009, o Brasil tinha 34% de participação; agora tem 26%. Houve uma maior dispersão geográfica: as principais empresas da região ainda estão concentradas nos maiores mercados – Brasil e México –, mas ambos perdem terreno para novos participantes. A Colômbia mostrou a maior taxa de aumento no número de empresas da lista, o Chile apresentou desempenho superior ao seu tamanho, e economias pequenas como Costa Rica, El Salvador e Panamá estão cada vez mais representadas.
O estudo também identificou os fatores responsáveis pelo sucesso dessas multinacionais. Todas apresentam alta capacidade de se conectar com os consumidores e de gerenciar as cadeias de valor (apesar de atuarem em ambientes regulatórios e fiscais difíceis), além de facilidade em orquestrar redes de inovação e excelentes políticas para cultivarem talentos.
O quadro das multilatinas sofreu várias – e profundas – transformações nesses nove anos:
**• Maior presença de empresas de consumo.** A participação de multilatinas especializadas em bens de consumo e serviços aumentou de 31% para 44%. O número de empresas de commodities caiu de 12 para 7, o que pode ser atribuído em grande parte à desaceleração nos preços das commodities.
**• Maior diversidade geográfica.** Embora as empresas do Brasil, do Chile e do México ainda dominem a lista de 2018, companhias de Argentina, Colômbia e Peru tiveram maior participação este ano do que em 2009. Empresas da Costa Rica, de El Salvador e do Panamá também entraram na lista.
**• Maior criação de valor.** A média do retorno total aos acionistas – RTA, medida ampla do desempenho das ações da empresa – aumentou em 12% ao ano de 2000 até 2016, ultrapassando em muito a média de 8% de RTA das companhias globais no índice MSCI Emerging Markets Index.
**• Grande contribuição para a criação de empregos.** A empregabilidade aumentou 2,6% por ano de 2013 até 2016 na amostra das multilatinas BCG de 2018, muito acima da média regional de crescimento de vagas de emprego – de apenas 0,3% ao ano no período.
Os desafios enfrentados pelas empresas latino-americanas são amplos e complexos para serem resolvidos no curto prazo. Mas as multilatinas têm uma especial capacidade de navegar nesse ambiente dinâmico e volátil – e a expectativa é que continuem a se concentrar nisso.