Peter Drucker dizia que, mais do que o pioneiro a liderar um mercado, quem se beneficia mesmo são os que vêm depois. O Facebook provou isso no território das redes sociais, desbancando o Orkut, e há um ano vem tentando repetir a dose com sua startup Workplace e as redes sociais corporativas. “Líderes no Brasil e em outros países nos dizem que querem capacitar as pessoas não só para se comunicar, mas para participar. É o que o Workplace impulsiona ao não exigir treinamento, porque se baseia em recursos familiares a quem usa o Facebook. Costumamos dizer que o Brasil já tem 120 milhões de pessoas treinadas em Workplace”, diz Julien Codorniou, VP da startup.
Por essa familiaridade, as visualizações crescem rápido; é comum que postagens registrem milhares delas em poucas semanas. Além disso, a plataforma tem feito a informação chegar a funcionários antes não conectados digitalmente à matriz, como os de lojas. Na varejista Pernambucanas, por exemplo, a equipe de marketing envia a gerentes e vendedores de todo o Brasil informações sobre novas coleções e fotos de vitrines pelo Workplace. Eles arrumam as lojas de acordo e mandam fotos de volta, que são validadas pelo marketing. “A Pernambucanas tem 10 mil funcionários; de que outro modo essa comunicação fluiria tão bem?”, questiona Antonio Schuch, diretor do Workplace para a América Latina, à frente de um time de 12 pessoas. A plataforma também conecta as pessoas em grupos mistos de empresas, facilitando o relacionamento com fornecedores e clientes.
A adoção do Workplace não se limita a varejistas ou a grandes empresas; há casos em todas as indústrias e portes. “Hoje, mais de 1 milhão de grupos foram criados no Workplace em todo o mundo e a plataforma é usada em 79 idiomas nos mais diferentes setores – tecnologia, telecom, serviços financeiros, mídia, entretenimento, alimentos e bebidas, transporte, construção etc.”, afirma Codorniou. No mundo, Walmart, Starbucks, Delta Airlines e Danone fazem parte da rede. No Brasil, além de Pernambucanas, Algar, Netshoes, Mercado Livre e Universidade Estácio também adotaram a solução.
E não há risco de distração? Apesar da interface similar à do Facebook, o Workplace não dispersa a atenção, segundo seus executivos, ao contrário do que podem pensar alguns gestores, uma vez que não se conecta diretamente às redes pessoais dos funcionários. “O que as empresas clientes nos reportam é aumento de produtividade”, garante o VP. “Vemos surgirem grupos de diversidade para trocar informações pessoais – de mulheres, mães, gays, pessoas com deficiência etc. –, mas a potencial distração nesses casos se neutraliza, à medida que o acesso à informação empodera as pessoas e à medida que pessoas de diferentes níveis hierárquicos participam.”
**Visão estratégica.** Como primeira iniciativa do Facebook inteiramente concebida para o mercado B2B, o Work place é estratégico. Seu modelo de negócio é um laboratório para a matriz – a empresa cliente paga assinatura mensal, com valor por usuário a partir de US$ 3, que vai caindo conforme a base aumenta. Já o ecossistema criado em torno dele é um velho conhecido. “Muitas pessoas que usavam o Workplace no trabalho estão saindo para criar apps ligados a ele, ou bots, ou ainda para oferecer serviços de consultoria de implantação do sistema e treinamento de equipes, algo que não fazemos diretamente”, finaliza Codorniou.