Gestão de Pessoas

A sua empresa cuida das colaboradoras quantos dias por ano?

Estamos cansados de ouvir histórias de pessoas retornando da gravidez e sendo demitidas, fora as questões quanto ao 'desempenho' pré e pós filhos. Quantas histórias mais até entendermos que isso vai contra os fundamentos de uma sociedade?
Chief Financial Officer (CFO) da rede AmorSaúde, idealizadora de ações empresariais em prol do cuidado com colaboradoras que têm relação com a maternidade e mãe da Diana e do Heitor.

Compartilhar:

Nos últimos anos, temos acompanhado um aumento progressivo de cerca de 120% no número de inserções publicitárias feitas por empresas de todo o país abordando temáticas relacionadas às mulheres, de acordo com o recente levantamento da Tunad.

Essas campanhas seguem em crescimento em 2024, mas grande parte delas contrasta com a realidade feminina no mercado de trabalho nacional, em especial quando falamos de mulheres que são mães.

Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, publicada no início deste ano, o desemprego entre as mulheres é 53,3% maior do que entre os homens.

Além de serem maioria entre os desempregados, são também elas que recebem cerca de 22% a menos e trabalham quase 11 horas a mais do que seus colegas, por desempenharem funções essenciais dentro de seus lares. Esses números ficam ainda mais alarmantes quando lançamos luz ao cenário das mães solo que ganham 38,8% a menos do que pais casados e têm uma renda per capita média de R$ 797 por domicílio.

A maternidade, pauta de tantas ações emocionantes nesta época do ano, é motivo pelo qual milhares de mulheres que tiram licença — para o realizar o parto e o aleitamento por um quadrimestre — permanecem até 47 meses fora do mercado de trabalho.

Esse dado pertence ao estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o qual indica que cerca de 56% das mulheres perdem o emprego por iniciativa dos empregadores depois do início da licença-maternidade, e não é difícil encontrar depoimentos de trabalhadoras citando esse tipo de desligamento em plataformas como o Linkedin.

Frente ao cenário exposto por esses estudos, convido os gestores de empresas de todo o Brasil a se questionarem: para além das campanhas de marketing para os clientes e dos mimos celebrativos que são dados às colaboradoras em datas como a do próximo dia 12 de maio, o que as empresas de vocês fazem pelas colaboradoras que são mães?

No mesmo mercado nacional em que encaramos essa conjuntura inquietante, algumas iniciativas têm surgido e podem representar soluções disruptivas. Entre elas a licença-maternidade segura e estendida, possibilidade de permitir que as colaboradoras curtam os primeiros meses junto a seus bebês com a segurança de que seus cargos estão à sua espera, o que repercute positivamente no grau de felicidade corporativa dessas mulheres, consequentemente ampliando sua produtividade em cerca de 30% — segundo o Harvard Business Review.

Além da possibilidade de licença-estendida, há outras ações que podem ser adotadas por empresas em relação a colaboradoras que são mães, destaco: possibilidade de flexibilização de horário; autorização de modalidade home-office ou híbrida; convênio-creche e, sobretudo, escuta ativa por parte dos gestores e dos profissionais de Pessoas & Cultura.

O cuidado com a maternidade dentro do ambiente corporativo é não só uma atitude de gestão humanizada, mas sobretudo uma iniciativa que contribui para a segurança de milhares de famílias e o desenvolvimento do país, sem deixar de agregar à própria companhia que, ao manter uma colaboradora já habituada ao cargo e confiante em relação à empresa, pode ter ter um impacto positivo de mais de 50% sobre os resultados dela.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Medo na vida e na carreira: um convite à mudança

O medo pode paralisar e limitar, mas também pode ser um convite para a ação. No mundo do trabalho, ele se manifesta na insegurança profissional, no receio do fracasso e na resistência à mudança. A liderança tem papel fundamental nesse cenário, influenciando diretamente a motivação e o bem-estar dos profissionais. Encarar os desafios com autoconhecimento, preparação e movimento é a chave para transformar o medo em crescimento. Afinal, viver de verdade é aceitar riscos, aprender com os erros e seguir em frente, com confiança e propósito.

DeepSeek e os 6Ds da disrupção: o futuro da inteligência artificial está sendo redefinido?

O DeepSeek, modelo de inteligência artificial desenvolvido na China, emerge como força disruptiva que desafia o domínio das big techs ocidentais, propondo uma abordagem tecnológica mais acessível, descentralizada e eficiente. Desenvolvido com uma estratégia de baixo custo e alto desempenho, o modelo representa uma revolução que transcende aspectos meramente tecnológicos, impactando dinâmicas geopolíticas e econômicas globais.

Inglês e liderança empresarial: competência linguística como diferencial competitivo

A proficiência amplia oportunidades, fortalece a liderança e impulsiona carreiras, como demonstram casos reais de ascensão corporativa. Empresas visionárias que investem no desenvolvimento linguístico de seus talentos garantem vantagem competitiva, pois comunicação eficaz e domínio do inglês são fatores decisivos para inovação, negociação e liderança no cenário global.

Como o cinema e a inteligência artificial podem ser referência ao mundo corporativo

Com o avanço da inteligência artificial, a produção de vídeos se tornou mais acessível e personalizada, permitindo locuções humanizadas, avatares realistas e edições automatizadas. No entanto, o uso dessas tecnologias exige responsabilidade ética para evitar abusos. Equilibrando inovação e transparência, empresas podem transformar a comunicação e o aprendizado, criando experiências imersivas que inspiram e engajam.

ESG
Para 70% das empresas brasileiras, o maior desafio na comunicação interna é engajar gestores a serem comunicadores dentro das equipes

Nayara Campos

7 min de leitura
Gestão de Pessoas
A liderança C-Level como pilar estratégico: a importância do desenvolvimento contínuo para o sucesso organizacional e a evolução da empresa.

Valéria Pimenta

4 min de leitura
Gestão de Pessoas
Um convite para refletir sobre como empresas e líderes podem se adaptar à nova mentalidade da Geração Z, que valoriza propósito, flexibilidade e experiências diversificadas em detrimento de planos de carreira tradicionais, e como isso impacta a cultura corporativa e a gestão do talento.

Valeria Oliveira

6 min de leitura
Empreendedorismo
Um guia para a liderança se antecipar às consequências não intencionais de suas decisões

Lilian Cruz e Andréa Dietrich

4 min de leitura
ESG
Entre nós e o futuro desejado, está a habilidade de tecer cada nó de um intricado tapete que une regeneração, adaptação e compromisso climático — uma jornada que vai de Baku a Belém, com a Amazônia como palco central de um novo sistema econômico sustentável.

Bruna Rezende

5 min de leitura
ESG
Crescimento de reclamações à ANS reflete crise na saúde suplementar, impulsionada por reajustes abusivos e falta de transparência nos planos de saúde. Empresas enfrentam desafios para equilibrar custos e atender colaboradores. Soluções como auditorias, BI e humanização do atendimento surgem como alternativas para melhorar a experiência dos beneficiários e promover sustentabilidade no setor.
4 min de leitura
Finanças
Brasil enfrenta aumento de fraudes telefônicas, levando Anatel a adotar medidas rigorosas para proteger consumidores e empresas, enquanto organizações investem em tecnologia para garantir segurança, transparência e uma comunicação mais eficiente e personalizada.

Fábio Toledo

4 min de leitura
Finanças
A recente vitória de Donald Trump nos EUA reaviva o debate sobre o protecionismo, colocando em risco o acesso do Brasil ao segundo maior destino de suas exportações. Porém, o país ainda não está preparado para enfrentar esse cenário. Sua grande vulnerabilidade está na dependência de um número restrito de mercados e produtos primários, com pouca diversificação e investimentos em inovação.

Rui Rocha

0 min de leitura
Finanças
O Revenue Operations (RevOps) está em franca expansão global, com estimativa de que 75% das empresas o adotarão até 2025. No Brasil, empresas líderes, como a 8D Hubify, já ultrapassaram as expectativas, mais que dobrando o faturamento e triplicando o lucro ao integrar marketing, vendas e sucesso do cliente. A Inteligência Artificial é peça-chave nessa transformação, automatizando interações para maior personalização e eficiência.

Fábio Duran

3 min de leitura
Empreendedorismo
Trazer os homens para a discussão, investir em ações mais intencionais e implementar a licença-paternidade estendida obrigatória são boas possibilidades.

Renata Baccarat

4 min de leitura