Você já parou para pensar quantas mulheres negras, invisibilizadas na nossa sociedade, fizeram e ainda fazem parte da sua vida e possibilitaram que você chegasse aos espaços de poder e privilégio que você ocupa hoje? Pois pare. E pense.
Se o Brasil fosse uma pessoa, seria uma mulher negra. Segundo o IBGE, 56% da nossa população é formada por pessoas autodeclaradas pretas e pardas e três em cada dez pessoas brasileiras são mulheres negras.
A mulher negra, quase sempre na base da pirâmide da nossa sociedade, é alvo da intersecção de uma tríade de discriminações: o preconceito de gênero, vivido por toda mulher, o de raça, que impacta a população preta e parda, e o de classe, no qual estão inseridas as pessoas mais vulneráveis.
Há 30 anos, no dia 25 de julho de 1992, aconteceu o 1º encontro de Mulheres Negras Latino-Americanas e Caribenhas, em Santo Domingo, na República Dominicana. O evento propunha a união entre essas mulheres, assim como evidenciar o racismo e o machismo estruturais enfrentados por negras não só nas Américas, mas também ao redor do globo. A ONU reconheceu, ali, o 25 de julho como Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha.
Infelizmente, passadas três décadas, seguimos sendo uma sociedade extremamente desigual e culturalmente racista e machista. O Brasil aponta altos índices de violência contra mulheres negras. Segundo o Atlas da Violência 2021, elaborado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) em parceria com o Instituto de Economia Aplicada (Ipea), 67% das vítimas de homicídio em 2019 eram negras.
A representação política feminina negra ainda é muito baixa no país. A diferença salarial entre um homem branco e uma mulher negra, com nível de formação igual, é maior que 100% (dados do Insper, publicados em 2020).
Além disso, [estudo](https://thinkeva.com.br/pesquisas/assedio-no-contexto-do-mundo-corporativo/) feito em 2020 pela consultoria Think Eva, em parceria com o LinkedIn, aponta que mulheres negras são as que mais sofrem com assédio sexual no ambiente de trabalho. Entre as 381 mulheres ouvidas, quase metade (47,12%) disseram que já sofreram assédio sexual. Dentre elas, a maioria (52%) são mulheres negras – pretas e pardas –, que recebem entre dois e seis salários mínimos (49%).
Ainda de acordo com o estudo, uma em cada seis vítimas pede demissão do trabalho após passar por um caso de assédio. Um terço delas (35,5%) afirmam viver sob constante medo.
“Esse é mais um aspecto que atinge mulheres negras de forma particular, já que o corpo negro foi desumanizado, visto como reprodutor e objeto sexual por séculos, herança do nosso passado escravocrata. A pesquisa ‘O ciclo do assédio sexual nos ambientes profissionais’ reconhece o racismo como um dos fatores que agravam a condição das mulheres negras”, aponta o relatório da Think Eva.
Como você tem lutado contra a desigualdade, o racismo e o machismo ao seu redor? O que você tem feito em prol de uma sociedade mais justa e pacífica, não apenas para as mulheres negras, mas também para os demais grupos sociais?
Aqui no Brasil, a Lei 12.987/2014 estabeleceu o 25 de julho como o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra. Além de compartilhar dos princípios do Dia Internacional estabelecido em 1992, essa data busca valorizar o papel da mulher negra na história brasileira.
Tereza foi a líder do Quilombo Quariterê, localizado na fronteira do Mato Grosso com a Bolívia. Durante 20 anos, a Rainha Tereza, como era chamada, liderou a resistência contra o governo escravista e coordenou as atividades econômicas e políticas do quilombo.
A líder quilombola é um exemplo da importância da mulher negra em nossa história, que muitas vezes é negada ou ignorada pela historiografia tradicional. O estabelecimento do dia 25 de julho como o Dia de Tereza de Benguela é um esforço oficial para reconhecer o papel da mulher negra na história.
Onde estão as mulheres negras líderes da sua empresa? O que você tem feito para promover acesso, inclusão, oportunidades, salários e benefícios justos e igualitários para elas? Apenas desse modo os dados que refletem o preconceito e a violência contra mulheres negras poderão ser revertidos.
Vem conosco fazer parte da revolução e construir um mundo corporativo mais justo, inclusivo e igualitário para todas as pessoas. Começando pelas mulheres negras.