Desenvolvimento pessoal

A vida é feita de instabilidade e incertezas

Conviver com elas é inevitável, então aprender a encará-las é um diferencial
Augusto é Diretor de Relações Institucionais do Instituto Four, Coordenador da Lifeshape Brasil, Professor convidado da Fundação Dom Cabral, criador da certificação Designer de Carreira e produtor do Documentário Propósito Davi Lago é coordenador de pesquisa no Laboratório de Política, Comportamento e Mídia da PUC-SP, professor de pós-graduação na FAAP e autor best-seller de obras como “Um Dia Sem Reclamar” (Citadel) e “Formigas” (MC). Apresentador do programa Futuro Imediato na Univesp/TV Cultura

Compartilhar:

Algumas pessoas alimentam a ilusão de que um dia estarão nesta terra livres de todos os problemas. Esse pensamento não passa de superstição. Como diz o aforismo contemporâneo de Ida Feldman, “[enquanto você estiver vivo, vai ter louça para lavar](https://www.instagram.com/p/7C699-Gf38/)”.

O vai-e-vem da pandemia, com mutações, variantes e sobreposição de doenças, abalou as perspectivas profissionais de muitas pessoas. Aprender a planejar, trabalhar e liderar equipes em meio à instabilidade é uma competência crucial em sociedades cada vez mais complexas.

O economista e analista de geopolítica Joshua Cooper Ramo foi um dos primeiros autores a abordar o tema na obra [*A Era do Inconcebível*](https://www.amazon.com.br/era-inconceb%C3%ADvel-Joshua-Cooper-Ramo/dp/8535916547), em 2009. Aplicando a Teoria do Caos ao comportamento organizacional, Ramo anteviu há mais de uma década que as organizações públicas e privadas em todo o mundo precisariam desenvolver capacidades adaptativas para mudanças drásticas que poderiam irromper de uma hora para a outra, como ataques terroristas, catástrofes ambientais e pandemias. Como o cenário global no início dos anos 2020 revela, aprender a conviver com o caos é importante para instituições e para pessoas.

Para gerenciarmos nossa resposta à instabilidade, precisamos compreender com mais clareza o que está em jogo quando enfrentamos situações caóticas. O economista Frank H. Knight explica que a incerteza que sentimos quando somos confrontados com a instabilidade ocorre porque não temos informações suficientes sobre a situação em questão. Ou seja, sentimos certa agonia porque há um descompasso entre a quantidade de informações que temos no momento em relação à quantidade de informação que gostaríamos de ter para tomar decisões.

Psicólogos apresentam abordagens semelhantes, contrapondo o caos à ordem. Enquanto a ordem é representada por um terreno conhecido, o caos é simbolizado pelo território desconhecido. Desse modo, não é difícil perceber que estabilidade e instabilidade são inevitáveis na jornada humana.

Certo grau de instabilidade não é um problema na vida, mas um componente intrínseco da própria vida. Assim, lidar com a instabilidade não é uma questão de comportamento pessimista como “resignar-se diante do caos” ou otimista como “abraçar o caos”, é simplesmente compreender um aspecto básico da vida humana. É algo mais cognitivo do que volitivo.

Em filosofia, a questão em si é epistemológica (ou metaética) e não uma questão comportamental (ética propriamente dita). Se você se interessar em aprender mais sobre esse tópico específico, recomendamos, por exemplo, os trabalhos do filósofo analítico Galen Strawson.

Voltando ao chão da existência, uma vez que a instabilidade é desmistificada, compreendemos que o caos nos força a esclarecer o que é realmente importante e o que não é. Conviver com a incerteza é necessário. Qualquer pessoa que atue no campo da orientação vocacional sabe que a autodescoberta profissional e a autorrealização de alguém geralmente ocorre durante momentos de confusão, desordem e complexidade, e não em momentos de bonança.

Os momentos de extrema incerteza podem clarear em nossa mente o que é mais importante em nossas vidas. Desafios aparentemente intransponíveis auxiliam profissionais a compreender o que realmente querem – normalmente algo menos relacionado ao dinheiro e mais aos entes queridos, à boa saúde, à uma vida com significado.

## Insights para a carreira
1. É ilusão pensar que estamos acima da incerteza: perceba que a instabilidade não é apenas um desafio da vida, ela é a vida.
2. Não é a incerteza em si que é ruim, são as condições que a incerteza cria que causam ansiedade e estresse. Encarar a situação racionalmente é crucial. A incerteza pode ser compreendida como uma lacuna de informações: o cérebro tem menos do que gostaria.
3. A nostalgia pode ser uma armadilha. O desenvolvimento da carreira profissional não está relacionado a recriar tempos passados de suposta estabilidade.

Compartilhar:

Augusto é Diretor de Relações Institucionais do Instituto Four, Coordenador da Lifeshape Brasil, Professor convidado da Fundação Dom Cabral, criador da certificação Designer de Carreira e produtor do Documentário Propósito Davi Lago é coordenador de pesquisa no Laboratório de Política, Comportamento e Mídia da PUC-SP, professor de pós-graduação na FAAP e autor best-seller de obras como “Um Dia Sem Reclamar” (Citadel) e “Formigas” (MC). Apresentador do programa Futuro Imediato na Univesp/TV Cultura

Artigos relacionados

Mercado de RevOps desponta e se destaca com crescimento acima da média 

O Revenue Operations (RevOps) está em franca expansão global, com estimativa de que 75% das empresas o adotarão até 2025. No Brasil, empresas líderes, como a 8D Hubify, já ultrapassaram as expectativas, mais que dobrando o faturamento e triplicando o lucro ao integrar marketing, vendas e sucesso do cliente. A Inteligência Artificial é peça-chave nessa transformação, automatizando interações para maior personalização e eficiência.

Uso de PDI tem sido negligenciado nas companhias

Apesar de ser uma ferramenta essencial para o desenvolvimento de colaboradores, o Plano de Desenvolvimento Individual (PDI) vem sendo negligenciado por empresas no Brasil. Pesquisa da Mereo mostra que apenas 60% das companhias avaliadas possuem PDIs cadastrados, com queda no engajamento de 2022 para 2023.

Regulamentação da IA: Como empresas podem conciliar responsabilidades éticas e inovação? 

A inteligência artificial (IA) está revolucionando o mundo dos negócios, mas seu avanço rápido exige uma discussão sobre regulamentação. Enquanto a Europa avança com regras para garantir benefícios éticos, os EUA priorizam a liberdade econômica. No Brasil, startups e empresas se mobilizam para aproveitar as vantagens competitivas da IA, mas aguardam um marco legal claro.

Governança estratégica: a gestão de riscos psicossociais integrada à performance corporativa

A gestão de riscos psicossociais ganha espaço nos conselhos, impulsionada por perdas estimadas em US$ 3 trilhões ao ano. No Brasil, a atualização da NR1 exige que empresas avaliem e gerenciem sistematicamente esses riscos. Essa mudança reflete o reconhecimento de que funcionários saudáveis são mais produtivos, com estudos mostrando retornos de até R$ 4 para cada R$ 1 investido

Liderança, Times e Cultura
Comunicação com empatia, gestão emocional e de conflitos e liderança regenerativa estão entre as 10 principais habilidades para o profissional do futuro.

Flávia Lippi

4 min de leitura
Gestão de Pessoas, Liderança, Times e Cultura
É preciso eliminar a distância entre o que os colaboradores querem e o que vivenciam na empresa.

Ana Flavia Martins

4 min de leitura
Estratégia e Execução, Carreira
Solicitar crédito sempre parece uma jornada difícil e, por isso, muitos ficam longe e acabam perdendo oportunidades de financiar seus negócios. Porém, há outros tipos de programas que podemos alçar a fim de conseguir essa ajuda e incentivo capital para o nosso negócio.
3 min de leitura
Liderança, Times e Cultura
Conheça os 6 princípios da Liderança Ágil que você precisa manter a atenção para garantir que as estratégias continuem condizentes com o propósito de sua organização.
3 min de leitura
Uncategorized
Há alguns anos, o modelo de capitalismo praticado no Brasil era saudado como um novo e promissor caminho para o mundo. Com os recentes desdobramentos e a mudança de cenário para a economia mundial, amplia-se a percepção de que o modelo precisa de ajustes que maximizem seus aspectos positivos e minimizem seus riscos

Sérgio Lazzarini

Gestão de Pessoas
Os resultados só chegam a partir das interações e das produções realizadas por pessoas. A estreia da coluna de Karen Monterlei, CEO da Humanecer, chega com provocações intergeracionais e perspectivas tomadas como normais.

Karen Monterlei

Liderança, times e cultura, Cultura organizacional, Gestão de pessoas
Entenda como utilizar a metodologia DISC em quatro pontos e cuidados que você deve tomar no uso deste assessment tão popular nos dias de hoje.

Valéria Pimenta

Inovação
Os Jogos Olímpicos de 2024 acabaram, mas aprendizados do esporte podem ser aplicados à inovação organizacional. Sonhar, planejar, priorizar e ter resiliência para transformar metas em realidade, são pontos que o colunista da HSM Management, Rafael Ferrari, nos traz para alcançar resultados de alto impacto.

Rafael Ferrari

6 min de leitura
Liderança, times e cultura, ESG
Conheça as 4 skills para reforçar sua liderança, a partir das reflexões de Fabiana Ramos, CEO da Pine PR.

Fabiana Ramos