Uma pesquisa da Viacom – dona das marcas Nickelodeon, MTV, VH1 e Comedy Central – feita em 2011 em 11 países (entre eles o Brasil) mostrou que já naquela época 51% dos pais tomavam uma decisão de compra ouvindo a opinião dos filhos e 49% decidiam com eles. As crianças têm poder de influência cada vez maior no consumo de produtos e serviços para a família. Atenta a isso, a agência de comunicação Grey Brasil desenvolveu o Junior Board, com crianças de 8 a 12 anos. “O objetivo é trazer o olhar criativo, sincero e inovador desse grupo para o negócio de nossos clientes”, conta Walter Longo, presidente da agência de publicidade do Grupo Newcomm.
Criado em novembro de 2014, já haviam sido realizadas cinco reuniões até junho de 2015, com intervalo de pouco mais de um mês entre uma e outra. De 10 a 12 crianças participam de cada reunião, selecionadas de acordo com o produto ou serviço em foco de um total de 30 cadastradas. Todas elas têm proximidade com algum dos quase mil funcionários da agência.
A Grey sempre recorre a seu Junior Board para desafios específicos, de anunciantes específicos (geralmente sigilosos), mas os apresenta como temas abrangentes para não fechar portas da criatividade: condomínio, parque de diversões, estética, comida etc. Como é uma reunião desse board? As crianças recebem uma pequena apostila ilustrada, na qual respondem a uma série de perguntas usando palavras, desenhos e pinturas. “Para elas, é como uma brincadeira”, explica Longo. Às vezes, ganham amostras para experimentação se o tema em pauta for um produto indicado a elas (nessa situação, o Junior Board lembra um focus group).
Usam, voltam à agência se quiserem e interagem durante três a quatro horas com os publicitários para dar suas opiniões, com o acompanhamento obrigatório de um psicólogo ou pedagogo. Por fim, recebem como suvenir um álbum de fotos ou um vídeo com os momentos passados na agência. “Elas mostram que gostam de participar, porque se sentem importantes e que são ouvidas”, completa o presidente da Grey.
**QUESTÃO DE POSICIONAMENTO**
Para agência e anunciante, as vantagens da iniciativa, de acordo com Longo, são os insights que dali surgem. “Acabamos obtendo uma visão colaborativa, que nos permite produzir algo com nosso olhar e o delas, mais isento e, naturalmente, mais original”, resume ele. A implementação do Junior Board também é reflexo do posicionamento da Grey no leque de agências de publicidade existentes no Brasil na atualidade – agência pós-digital. “A Grey se posiciona como pós-digital porque trabalha de forma conjunta o digital e o experimental; o Junior Board é uma das maneiras de materializar esse posicionamento, já que traz consigo o aspecto da experimentação”, afirma Longo.