Tecnologias exponenciais
5 min de leitura

Amplitude é a nova profundidade: por que o futuro favorece os generalistas

Para líderes e empreendedores, a mensagem é clara: invista em amplitude, não apenas em profundidade. Cultive a curiosidade, abrace a interdisciplinaridade e esteja sempre pronto para aprender. O futuro não pertence aos que sabem tudo, mas aos que estão dispostos a aprender tudo.
Marcel Nobre é empreendedor, pesquisador, palestrante, TEDx Speaker e professor de inovação, tecnologias, IA, liderança e educação. Graduado em Administração de Empresas pela FEI, possui MBA em Gestão Empresarial pela FIA/USP, além de especializações em Letramento em Futuros, Neurociência e Metaverso. É fundador e CEO da BetaLab, uma edtech inovadora, e atua como professor na HSM/Singularity, FIA Business School, Startse e Belas Artes, além de ser mentor de Startups pela Ace Startups.
Rafael Ferrari é sócio de Strategy & Business Design e líder de soluções de Inovação da Deloitte. No ano de 2024 foi eleito um dos 3 brasileiro na lista do top 100 OutStanding global LGBT Executive Role Model. Com mais de 15 anos de experiência realizou trabalhos na América Latina e Canada. Liderou de projetos com abrangência global e atualmente lidera os maiores programas de inovação e transformação digital do país. É professor titular da Fundação Dom Cabral no MBA Internacional. Na escola Conquer é professor de transformação digital e inovação. Nos últimos quatro anos se dedicou a criação e evolução do DE&I LGBT+ no Brasil fazendo parte do conselho global do tema em nossa empresa.

Compartilhar:

No cenário atual de transformações aceleradas, uma pergunta crucial surge para líderes, empreendedores e profissionais: o que é mais relevante, ser especialista ou generalista? 

Em sua palestra no SXSW 2025, Mike Bechtel, futurista-chefe da Deloitte, trouxe uma resposta provocativa: “Amplitude é a nova profundidade”. Segundo ele, o futuro pertence aos pensadores amplos e adaptáveis, capazes de conectar disciplinas distintas e aprender continuamente.

Bechtel começou traçando um panorama histórico do conhecimento:

  • Anos 80: O conhecimento era poder. Quem detinha informações específicas dominava o jogo.
  • Anos 90-2000: A internet democratizou o acesso à informação, reduzindo a barreira para adquirir conhecimento.
  • Década de 2020: A inteligência artificial (IA) transformou a forma como adquirimos e aplicamos conhecimento, tornando a memorização obsoleta.

Nesse contexto, a especialização tradicional está perdendo relevância. Em vez de “saber tudo”, o futuro exige a capacidade de “aprender tudo”. Parecido com o conceito Lifelong Learning, mote da HSM, a ideia é que neste futuro as pessoas se preocupem mais em constantemente aprender do que necessariamente memorizarem processos que antes eram feitos.

Por isso, Mike Bechtel propõe pensar em 6 pilares para o futuro do conhecimento:

1. Transformação do Conhecimento: A expertise tradicional está se tornando menos relevante. O acesso à informação mudou fundamentalmente e a IA processa informações mais rápido que os humanos. Nesse sentido, para o expert, a habilidade de memorização se tornará obsoleta.

Outro ponto interessante é que o pensamento interdisciplinar impulsionará a inovação, por isso, a capacidade de adaptação superará o conhecimento especializado.

O que você precisa estar atento neste processo: o custo marginal de lembrar informações se aproxima de zero; ao mesmo tempo, é necessário ter acesso instantâneo à informação via tecnologia; com isso, o valor humano muda de saber para interpretar.

2. Disrupção Tecnológica: As capacidades da IA estão se expandindo exponencialmente, Vários setores enfrentam transformações radicais. A IA, segundo ele, substituirá executores de tarefas especializadas e as funções humanas se concentrarão na criatividade e na solução de problemas complexos. As habilidades que combinem naturezas diferentes e interdisciplinaridade se tornarão a principal vantagem competitiva.

O que você precisa estar atento: A IA supera os humanos em tarefas específicas e repetitivas, Os humanos devem desenvolver capacidades cognitivas únicas, O futuro exige colaboração com a IA, não competição.

3. Metodologia da Inovação: Grandes inovações surgiram de conexões inesperadas, justamente porque o conhecimento exige complexidade de diferentes assuntos. Por isso, as inovações do futuro exigirão abordagens polimáticas, colaborações inesperadas gerarão ideias revolucionárias e o pensamento isolado se tornará ineficaz.

O que você precisa estar atento: Conectar áreas distintas gera valor exponencial; ter interações casuais, pois impulsionam o pensamento inovador.

4. Ecossistema de Aprendizagem Contexto: Os modelos educacionais tradicionais estão ficando obsoletos e a rápida evolução tecnológica exige adaptação contínua. Para o Bechtel, os currículos futuros priorizarão a adaptabilidade e o aprendizado será contínuo, não limitado a um período da vida.

O que é necessário estar atento: Dedicar 5 horas semanais para aprender novas habilidades; adotar uma “promiscuidade intelectual” (intelectual promiscuity); e desenvolver habilidades de meta-aprendizagem.

5. Evolução Profissional: O mercado de trabalho está se transformando rapidamente e as transições de carreira múltiplas se tornarão a norma. Para o especialista, profissionais terão entre 10 e 14 fases distintas de carreira e a adaptabilidade será a principal moeda de valor profissional.

O que você precisa estar atento: Focar em habilidades transferíveis; desenvolver flexibilidade cognitiva ampla; e cultivar a agilidade de aprendizado.

Outro ponto interessante se relacionou a questão de transformação organizacional. As práticas tradicionais de contratação estão ficando obsoletas. O desenvolvimento de talentos exige uma reconfiguração radical.

As empresas, segundo Mike Bechtel, darão prioridade ao potencial de aprendizado. As métricas baseadas em resultados substituirão contratações baseadas em diplomas. Por isso, as culturas colaborativas e adaptáveis se tornarão a maior vantagem competitiva. É necessário então que as próximas lideranças saibam contratar com base em valores e capacidade de aprendizado, criem ambientes de colaboração e apoiar o desenvolvimento contínuo dos colaboradores.

O conhecimento especializado está sendo transformado pela tecnologia. No futuro, o sucesso dependerá menos de “saber tudo” e mais de “aprender sempre”. Aqueles que dominam a adaptabilidade, o pensamento interdisciplinar e a colaboração com a IA terão a vantagem competitiva.

Compartilhar:

Marcel Nobre é empreendedor, pesquisador, palestrante, TEDx Speaker e professor de inovação, tecnologias, IA, liderança e educação. Graduado em Administração de Empresas pela FEI, possui MBA em Gestão Empresarial pela FIA/USP, além de especializações em Letramento em Futuros, Neurociência e Metaverso. É fundador e CEO da BetaLab, uma edtech inovadora, e atua como professor na HSM/Singularity, FIA Business School, Startse e Belas Artes, além de ser mentor de Startups pela Ace Startups.
Rafael Ferrari é sócio de Strategy & Business Design e líder de soluções de Inovação da Deloitte. No ano de 2024 foi eleito um dos 3 brasileiro na lista do top 100 OutStanding global LGBT Executive Role Model. Com mais de 15 anos de experiência realizou trabalhos na América Latina e Canada. Liderou de projetos com abrangência global e atualmente lidera os maiores programas de inovação e transformação digital do país. É professor titular da Fundação Dom Cabral no MBA Internacional. Na escola Conquer é professor de transformação digital e inovação. Nos últimos quatro anos se dedicou a criação e evolução do DE&I LGBT+ no Brasil fazendo parte do conselho global do tema em nossa empresa.

Artigos relacionados

A aposta calculada que levou o Boticário a ser premiado no iF Awards

Enquanto concorrentes correm para lançar coleções sazonais inspiradas em tendências efêmeras, o Boticário demonstra que compreende um princípio fundamental: o verdadeiro valor do design não está na estética superficial, mas em sua capacidade de gerar impacto social e econômico simultaneamente. A linha Make B., vencedora do iF Design Award 2025, não é um produto de beleza – é um manifesto estratégico.

Quando o colaborador é o problema

Ambientes tóxicos nem sempre vêm da cultura – às vezes, vêm de uma única pessoa. Entenda como identificar e conter comportamentos silenciosos que desestabilizam equipes e ameaçam a saúde organizacional.

Inovação & estratégia, Finanças, Marketing & growth
21 de agosto de 2025
Em tempos de tarifas, volta de impostos e tensão global, marcas que traduzem o cenário com clareza e reforçam sua presença local saem na frente na disputa pela confiança do consumidor.

Carolina Fernandes, CEO do hub Cubo Comunicação e host do podcast A Tecla SAP do Marketês

4 minutos min de leitura
Uncategorized, Empreendedorismo, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
20 de agosto de 2025
A Geração Z está redefinindo o que significa trabalhar e empreender. Por isso é importante refletir sobre como propósito, impacto social e autonomia estão moldando novas trajetórias profissionais - e por que entender esse movimento é essencial para quem quer acompanhar o futuro do trabalho.

Ana Fontes

4 minutos min de leitura
Inteligência artificial e gestão, Transformação Digital, Cultura organizacional, Inovação & estratégia
18 de agosto de 2025
O futuro chegou - e está sendo conversado. Como a conversa, uma das tecnologias mais antigas da humanidade, está se reinventando como interface inteligente, inclusiva e estratégica. Enquanto algumas marcas ainda decidem se vão aderir, os consumidores já estão falando. Literalmente.

Bruno Pedra, Gerente de estratégia de marca na Blip

3 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Estratégia, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
15 de agosto de 2025
Relatórios de tendências ajudam, mas não explicam tudo. Por exemplo, quando o assunto é comportamento jovem, não dá pra confiar só em categorias genéricas - como “Geração Z”. Por isso, vale refletir sobre como o fetiche geracional pode distorcer decisões estratégicas - e por que entender contextos reais é o que realmente gera valor.

Carol Zatorre, sócia e CO-CEO da Kyvo. Antropóloga e coordenadora regional do Epic Latin America

4 minutos min de leitura
Liderança, Bem-estar & saúde, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
14 de agosto de 2025
Como a prática da meditação transformou minha forma de viver e liderar

Por José Augusto Moura, CEO da brsa

5 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
14 de agosto de 2025
Ainda estamos contratando pessoas com deficiência da mesma forma que há décadas - e isso precisa mudar. Inclusão começa no processo seletivo, e ignorar essa etapa é excluir talentos. Ações afirmativas e comunicação acessível podem transformar sua empresa em um espaço realmente inclusivo.

Por Carolina Ignarra, CEO da Talento Incluir e Larissa Alves, Coordenadora de Empregabilidade da Talento Incluir

5 minutos min de leitura
Saúde mental, Gestão de pessoas, Estratégia
13 de agosto de 2025
Lideranças que ainda tratam o tema como secundário estão perdendo talentos, produtividade e reputação.

Tatiana Pimenta, CEO da Vittude

2 minutos min de leitura
Gestão de Pessoas, Carreira, Desenvolvimento pessoal, Estratégia
12 de agosto de 2025
O novo desenho do trabalho para organizações que buscam sustentabilidade, agilidade e inclusão geracional

Cris Sabbag - Sócia, COO e Principal Research da Talento Sênior

5 minutos min de leitura
Liderança, Gestão de Pessoas, Lifelong learning
11 de agosto de 2025
Liderar hoje exige mais do que estratégia - exige repertório. É preciso parar e refletir sobre o novo papel das lideranças em um mundo diverso, veloz e hiperconectado. O que você tem feito para acompanhar essa transformação?

Bruno Padredi

3 minutos min de leitura
Diversidade, Estratégia, Gestão de Pessoas
8 de agosto de 2025
Já parou pra pensar se a diversidade na sua empresa é prática ou só discurso? Ser uma empresa plural é mais do que levantar a bandeira da representatividade - é estratégia para inovar, crescer e transformar.

Natalia Ubilla

5 minutos min de leitura