Uncategorized

Aprendendo com os Alemães

Será que, pelo bem da economia e dos indivíduos, o futuro do trabalho passa por compartilhá-lo? A experiência recente do programa Kurzarbeit, na Alemanha, talvez sirva de inspiração
O artigo é de Alison Maitland, coautora do livro The Future of Work and Why Women Mean Business

Compartilhar:

Ninguém mais trabalha só pensando no fim de semana como antigamente. Por quê? Porque todos acabarão trabalhando também durante o fim de semana. No entanto, um número cada vez maior de pessoas está questionando se a semana de 70 horas ou mais de trabalho é benéfica para a economia e os negócios, especialmente onde a crise recente provocou cortes elevados de postos de trabalho, como nos Estados Unidos e em vários países da Europa. Você já ouviu falar em trabalho compartilhado? Trata-se da divisão das responsabilidades de um mesmo cargo entre dois funcionários. O economista canadense Jeff Rubin, autor do livro The End of Growth, é um dos que creem que ele pode ser uma das saídas para crises [atuais ou futuras]. Ele cita uma experiência em escala disso na Alemanha, onde o governo subsidiou [após a crise financeira de 2008 e até, pelo menos, 2012] um programa denominado “Kurzarbeit”, que teria poupado 500 mil ou mais empregos [e poder de compra]. Para Rubin, esse tipo de proposta oferece no mínimo duas vantagens para a economia: 

• evita demissões, 

• mantém a força de trabalho idosa ativa, oferecendo uma opção atraente para pessoas mais velhas, cada vez mais numerosas, complementarem suas aposentadorias cada vez mais minguadas. 

**Workaholism**

Como alguém que já compartilhou um cargo com um colega no passado, quando meus filhos eram pequenos e precisavam mais de mim, eu apontaria uma terceira vantagem, a princípio individual, no trabalho compartilhado: o combate ao vício do trabalho excessivo. O workaholism é perigoso, porque o aumento de produtividade percebido no primeiro momento é insustentável em longo prazo, como analisou a economista Sylvia Ann Hewlett em uma pesquisa anos atrás. Entende-se: quem gosta muito do que faz, e o faz bem, não vê o tempo passar, e é bom sentir-se indispensável, mas suprimir o ego pode ser melhor. Várias empresas estão atentas ao problema e já têm tomado a iniciativa de desencorajar o trabalho nos fins de semana, como fizeram recentemente Goldman Sachs, Bank of America, Merrill Lynch e Credit Suisse, especificamente para seus estagiários e profissionais juniores. Isso pode ter um efeito cultural interessante mais adiante.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Calendário

Não, o ano ainda não acabou!

Em meio à letargia de fim de ano, um chamado à consciência: os últimos dias de 2024 são uma oportunidade valiosa de ressignificar trajetórias e construir propósito.

Empreendedorismo, ESG
01/01/2001
A maior parte do empreendedorismo brasileiro é feito por mulheres pretas e, mesmo assim, o crédito é majoritariamente dado às empresárias brancas. A que se deve essa diferença?
0 min de leitura
ESG, ESG, Diversidade
09/10/2050
Essa semana assistimos (atônitos!) a um CEO de uma empresa de educação postar, publicamente, sua visão sobre as mulheres.

Ana Flavia Martins

2 min de leitura
ESG
Em um mundo onde o lucro não pode mais ser o único objetivo, o Capitalismo Consciente surge como alternativa essencial para equilibrar pessoas, planeta e resultados financeiros.

Anna Luísa Beserra

3 min de leitura
Inteligência Artificial
Marcelo Murilo
Com a saturação de dados na internet e o risco de treinar IAs com informações recicladas, o verdadeiro potencial da inteligência artificial está nos dados internos das empresas. Ao explorar seus próprios registros, as organizações podem gerar insights exclusivos, otimizar operações e criar uma vantagem competitiva sólida.
13 min de leitura
Estratégia e Execução, Gestão de Pessoas
As pesquisas mostram que o capital humano deve ser priorizado para fomentar a criatividade e a inovação – mas por que ainda não incentivamos isso no dia a dia das empresas?
3 min de leitura
Transformação Digital
A complexidade nas organizações está aumentando cada vez mais e integrar diferentes sistemas se torna uma das principais dores para as grandes empresas.

Paulo Veloso

0 min de leitura
ESG, Liderança
Tati Carrelli
3 min de leitura