Intraempreendedorismo

Aprendendo no desconforto: 4 aprendizados de trocar uma multinacional por uma startup

Ser empreendedor ou intraempreendedor? Confira o que mais combina com você, a partir dos aprendizados obtidos pelo nosso colunista na prática tanto em empresas já estabelecidas quanto startups
Alexandre Waclawovsky, o Wacla, é um hacker sistêmico, especialista em solucionar problemas complexos, através de soluções criativas e não óbvias. Com 25 anos de experiência como intraempreendor em empresas multinacionais de bens de consumo, serviços e entretenimento, ocupou posições de liderança em marketing, vendas, mídia e inovação no Brasil e América Latina. Wacla é pioneiro na prática da modalidade Talento sob Demanda no Brasil, atuando como CMO, CRO e Partner as a Service em startups e empresas de médio porte, desde 2019. Atua também como professor convidado em instituições renomadas, como a Fundação Dom Cabral, FIAP e Miami Ad School, além de autor de dois livros: "Guide for Network Planning" e "invente o seu lado i – a arte de

Compartilhar:

Após 25 anos atuando em grandes multinacionais, em posições de marketing, transformação digital e inovação decidi sair da minha zona de conforto profissional, para iniciar uma nova carreira, agora em startups.

Por haver liderado transformações digitais, durante 13 anos e estar familiarizado com tecnologia e metodologias ágeis, acreditava que esse seria um passo tranquilo e a transição suave. Não foi!

Enquanto no __intraempreendedorismo__ temos recursos disponíveis e liberdade limitada para fazer, no __empreendedorismo__ encontramos o inverso – recursos limitados e liberdade total.

Essa flexibilidade total pode parecer um sonho para quem olha do lado de fora, mas ela traz a responsabilidade de tomar decisões difíceis e muitas vezes sem nenhum parâmetro histórico. Afinal, há boas chances de você estar criando algo novo.

É outra natureza de negócio. É outro modo de pensar e operar. E antes que você já esteja pensando em perguntar qual é o melhor, aí vai minha resposta: depende.

Abaixo listo quatro grandes aprendizados ou descobertas que podem ajudar você a fazer essa reflexão:

## 1) Autonomia

Existe uma ilusão que dentro das empresas tradicionais temos alguma autonomia e poder de decisão real, quando, na verdade, tudo precisa ser negociado e alinhado com outras pessoas, especialmente se você está no meio da estrutura em cargos médios.

Já em uma startup, você “corre o risco” de ser a pessoa com mais conhecimento e habilidade em determinado assunto. Logo, a decisão passa a ser sua. Você pode até consultar e perguntar para alguém mais, mas a decisão e suas implicações serão suas e não mais compartilhadas.

Na primeira vez que me deparei com uma decisão importante para tomar e notei que não havia ninguém para alinhar ou debater sobre ela, fiquei assustado. O que parecia um sonho virou desconforto.

Poder tomar uma decisão é, sim, libertador, mas também gera um senso de responsabilidade com o negócio muito, mas muito maior. Conhece aquela expressão: “com grandes poderes vêm grandes responsabilidades”?

## 2) Diversidade
Estamos acostumados a conversar e tratar sobre diversidade ainda num olhar superficial. E quem duvida, basta andar por qualquer empresa ou universidade e fazer um censo de diversidade real.

Temos muitos vieses inconscientes, que nos forçam a buscar formar equipes nos mesmos padrões, com uma desculpa de fit cultural.

Nas startups, você se depara com uma diversidade grande de ideias, experiências, idades, formações e crenças que, combinadas com uma estrutura mais horizontal e menos hierárquica, gera desconforto.

Com estruturas mais enxutas, as equipes são formadas com base nas habilidades necessárias ao negócio e não de maneira culturalmente uniforme. Existe uma colaboração em rede, que nunca havia visto em grandes empresas.

O foco está na tarefa a ser executada e não em quem ou como ela será executada.
Lidar com essa diversidade de pensar e fazer me forçou a expandir minha consciência para além de muitas crenças, que – hoje reconheço – me limitavam, em um exercício contínuo de empatia e colaboração.

## 3) Habilidades
Estruturas organizacionais em caixinhas e descrições de cargos fazem pouco sentido em startups. Você está lá para contribuir com as habilidades necessárias para o negócio.

O olhar vertical das disciplinas se transforma, rapidamente, num olhar horizontal de contribuição ao crescimento e estruturação do negócio.

Se nas empresas você gera desconforto quando atua fora da sua descrição de trabalho, na startup isso é muito bem-vindo, afinal estão todos com foco no negócio e não em preservar funções.

Descrições de cargos não existem nas startups menores. Papéis mudam, evoluem e se complementam, de acordo com os desafios a enfrentar. O fundador ou CEO coloca a mão na massa tanto quanto o analista. A diferença é que ele ou ela também precisa conversar com investidores e dar o norte ao negócio.

Contribuições e mudanças de escopo de trabalho são constantes até que se encontre o melhor encaixe entre as habilidades necessárias.

## 4) Vulnerabilidade
Muitas vezes confundida com fragilidade, o exercício da vulnerabilidade é mandatório no mundo startup.

Explico. Você está em um ambiente desestruturado e em crescimento, onde provavelmente estará criando algum produto ou serviço nunca feito antes. Logo, é normal ter muito mais perguntas que respostas.

Atuar numa startup é viver em modo beta todos os dias. É conseguir declarar sem medo “eu não sei”, “me ajuda” ou “como faço ou funciona isso”.

Enquanto em uma grande empresa essa vulnerabilidade ainda é evitada, em uma startup ela equivale à curiosidade de estar em modo de aprendizado contínuo.

Diferente de uma empresa estruturada, onde eu discutia sobre os treinamentos necessários com Recursos Humanos, em uma startup qualquer um que se depara com uma tarefa e um gap de conhecimento, simplesmente vai atrás e faz o treinamento necessário.

Vivemos num mundo de conteúdo e conhecimento abundantes. Basta buscar.
E chegou a hora da reflexão: onde você seria mais feliz profissionalmente? Em uma empresa mais estruturada e previsível ou em uma mais desestruturada e imprevisível?

Lembre-se que não existe resposta certa, mas sim um encaixe de perfil. Na dúvida experimente!

Compartilhar:

Alexandre Waclawovsky, o Wacla, é um hacker sistêmico, especialista em solucionar problemas complexos, através de soluções criativas e não óbvias. Com 25 anos de experiência como intraempreendor em empresas multinacionais de bens de consumo, serviços e entretenimento, ocupou posições de liderança em marketing, vendas, mídia e inovação no Brasil e América Latina. Wacla é pioneiro na prática da modalidade Talento sob Demanda no Brasil, atuando como CMO, CRO e Partner as a Service em startups e empresas de médio porte, desde 2019. Atua também como professor convidado em instituições renomadas, como a Fundação Dom Cabral, FIAP e Miami Ad School, além de autor de dois livros: "Guide for Network Planning" e "invente o seu lado i – a arte de

Artigos relacionados

Tecnologias exponenciais
A revolução da Inteligência Artificial está remodelando o mercado de trabalho, impulsionando a necessidade de upskilling e reskilling como estratégias essenciais para a competitividade profissional. Empresas como a SAP já investem pesadamente na requalificação de talentos, enquanto pesquisas indicam que a maioria dos trabalhadores enxerga a IA como uma aliada, não uma ameaça.

Daniel Campos Neto

6 min de leitura
Marketing
Empresas que compreendem essa transformação colhem benefícios significativos, pois os consumidores valorizam tanto a experiência quanto os produtos e serviços oferecidos. A Inteligência Artificial (IA) e a automação desempenham um papel fundamental nesse processo, permitindo a resolução ágil de demandas repetitivas por meio de chatbots e assistentes virtuais, enquanto profissionais se concentram em interações mais complexas e empáticas.

Gustavo Nascimento

4 min de leitura
Empreendedorismo
Pela primeira vez, o LinkedIn ultrapassa o Google e já é o segundo principal canal das empresas brasileiras. E o seu negócio, está pronto para essa nova era da comunicação?

Bruna Lopes de Barros

5 min de leitura
ESG
O etarismo continua sendo um desafio silencioso no ambiente corporativo, afetando tanto profissionais experientes quanto jovens talentos. Mais do que uma questão de idade, essa barreira limita a inovação e prejudica a cultura organizacional. Pesquisas indicam que equipes intergeracionais são mais criativas e produtivas, tornando essencial que empresas invistam na diversidade etária como um ativo estratégico.

Cleide Cavalcante

4 min de leitura
Empreendedorismo
A automação e a inteligência artificial aumentam a eficiência e reduzem a sobrecarga, permitindo que advogados se concentrem em estratégias e no atendimento personalizado. No entanto, competências humanas como julgamento crítico, empatia e ética seguem insubstituíveis.

Cesar Orlando

5 min de leitura
ESG
Em um mundo onde múltiplas gerações coexistem no mercado, a chave para a inovação está na troca entre experiência e renovação. O desafio não é apenas entender as diferenças, mas transformá-las em oportunidades. Ao acolher novas perspectivas e desaprender o que for necessário, criamos ambientes mais criativos, resilientes e preparados para o futuro. Afinal, o sucesso não pertence a uma única geração, mas à soma de todas elas.

Alain S. Levi

6 min de leitura
Carreira
O medo pode paralisar e limitar, mas também pode ser um convite para a ação. No mundo do trabalho, ele se manifesta na insegurança profissional, no receio do fracasso e na resistência à mudança. A liderança tem papel fundamental nesse cenário, influenciando diretamente a motivação e o bem-estar dos profissionais. Encarar os desafios com autoconhecimento, preparação e movimento é a chave para transformar o medo em crescimento. Afinal, viver de verdade é aceitar riscos, aprender com os erros e seguir em frente, com confiança e propósito.

Viviane Ribeiro Gago

4 min de leitura
Liderança
A liderança eficaz exige a superação de modelos ultrapassados e a adoção de um estilo que valorize autonomia, diversidade e tomada de decisão compartilhada. Adaptar-se a essa nova realidade é essencial para impulsionar resultados e construir equipes de alta performance.

Rubens Pimentel

6 min de leitura
Tecnologias exponenciais
O DeepSeek, modelo de inteligência artificial desenvolvido na China, emerge como força disruptiva que desafia o domínio das big techs ocidentais, propondo uma abordagem tecnológica mais acessível, descentralizada e eficiente. Desenvolvido com uma estratégia de baixo custo e alto desempenho, o modelo representa uma revolução que transcende aspectos meramente tecnológicos, impactando dinâmicas geopolíticas e econômicas globais.

Leandro Mattos

0 min de leitura
Empreendedorismo
País do sudeste asiático lidera o ranking educacional PISA, ao passo que o Brasil despencou da 51ª para a 65ª posição entre o início deste milênio e a segunda década, apostando em currículos focados em resolução de problemas, habilidades críticas e pensamento analítico, entre outros; resultado, desde então, tem sido um brutal impacto na produtividade das empresas

Marina Proença

5 min de leitura