Carreira, Comunidades: CEOs do Amanhã

As amarras da estabilidade

Ser protagonista da sua carreira, pública ou não, garante uma vida com sentido e possibilita a construção de um legado sólido, potencializando nossas entregas
Engenheiro civil e gerente executivo da Caixa Econômica Federal. Faz parte da comunidade Young Leaders.

Compartilhar:

No início do século 21, concluir um curso superior e ingressar em um concurso público eram sinônimos de uma carreira de sucesso, estável, sem exposição aos riscos presentes na economia de um país emergente como o Brasil.

Embora a indústria do concurso público tenha se mantido em alta por muitas décadas, a chegada de uma [geração movida a propósito](https://www.revistahsm.com.br/post/as-competencias-do-futuro-hoje), que busca trabalhos que façam sentido, começou a mudar essa noção de sucesso, uma geração composta por empreendedores e pais concursados.

Contudo, a pandemia da Covid-19 e suas terríveis consequências, como a instabilidade econômica e o aumento do desemprego, têm feito com que o concurso público volte a permear o pensamento do brasileiro. 

Muito se fala que um concurso público é garantia de estabilidade, mas será que iniciar um emprego em busca dessa permanência, projetando passar toda sua vida executando aquela atividade – costumeiramente, sem qualquer identificação –, não significaria cessar sua liberdade, tirar o seu poder de escolha, perder um pouco do [protagonismo da sua vida](https://www.revistahsm.com.br/post/planejar-ou-nao-planejar-a-carreira-eis-a-questao)?

## Protagonista da minha carreira

Quando ingressei na Caixa Econômica Federal como engenheiro civil, recém-saído da universidade, nos dois primeiros anos, meus planos de vida se resumiam à estabilidade que o emprego me trouxe e em como seria minha vida após 30 anos realizando aquela função.

Logo, essa visão de futuro me apavorou. Comecei a me sentir refém de um trabalho, ainda que tivesse pouco mais de 20 anos de idade. Foi quando passei a olhar fora da caixa, a enxergar novas possibilidades de carreira, a me permitir continuar onde estava, enquanto fizesse sentido para mim, a enxergar meu emprego como qualquer outro, afastando a variável estabilidade do meu dia a dia.

Foi quando passei a buscar novos desafios na empresa, e até mesmo fora dela, a sair da minha zona de conforto. Explorar outras áreas, mudar de cidade, enfrentar novos desafios, renovar os votos com a Caixa. A partir daí, o cenário mudou, tomei novamente o [protagonismo da minha carreira](https://www.revistahsm.com.br/post/o-seu-novo-plano-de-carreira), e sim, ainda na Caixa. Os resultados aumentaram, trouxeram um crescimento profissional ainda maior, e novamente passou a fazer sentido tudo que eu fazia.

## Escolhas e renúncias 

Quem é gestor público sabe das dificuldades de liderar um time já posto. Por outro lado, são pessoas que já integram aquele setor, por vezes, há anos. Portanto, incitar a ideia para que avaliem a possibilidade de novos desafios, utilizem a instituição e as demais áreas que podem atuar a seu favor é uma mudança de paradigma. 

Simultaneamente, se faz necessário lembrá-los que fazem parte de algo maior, que sua parcela de trabalho contribui para o resultado da instituição, no qual também são responsáveis. Avaliar novas possibilidades e enxergar o sentido da sua atividade permite ao empregado tomar novamente o leme da sua carreira.

Cabe ao gestor a sensibilidade de identificar as características e momento de vida dos seus liderados, buscar extrair o máximo deles, mesmo que, para isso, precise abrir mão desses profissionais. Como já dito, fazemos parte de algo maior, e o que queremos no final é o sucesso da instituição. Quanto mais times engajados, mais resultados sustentáveis são conquistados.

Durante a pandemia, os empregados da Caixa puderam viver isso da forma mais contundente possível. São milhões de pessoas assistidas pelo auxílio emergencial, em um processo de bancarização digital sem precedentes. Líderes e liderados de diferentes departamentos unidos em prol de uma única causa, e por diversas vezes, atuando junto às agências nos pagamentos do auxílio, sendo parte do todo e explorando novas áreas.

Foi preciso olhar dentro e fora da Caixa, e a visão externa nos trouxe variáveis que solidificaram os resultados. Discutir novos valores dentro de uma cultura empresarial, observar de forma empática a experiência do usuário, reafirmar ou lapidar o propósito da instituição são ações que ajustam o rumo de qualquer empresa. 

## O líder da estabilidade

Como gestor público e [líder de times](https://www.revistahsm.com.br/post/sua-lideranca-e-inclusiva) com “estabilidade”, embora desafiador, tem a ver também com tirar o peso dessa palavra, do dia a dia dos seus liderados, demonstrar o significado do que fazem e, principalmente, como tomarem novamente o protagonismo das suas carreiras. É [papel do líder](https://www.revistahsm.com.br/post/muito-mais-que-liderar-inspirar-para-transformar) ajudá-los a avaliar suas carreiras e até a viver novos desafios, dentro ou fora da instituição. E essa postura se reflete na multiplicação dos resultados das equipes.

Ser protagonista da sua carreira, pública ou não, garante uma vida com sentido e possibilita a construção de um legado sólido, potencializando nossas entregas. Ter profissionais nas instituições que vivenciam esse processo e sabem o momento de mudança é uma relação benéfica para ambos, empresa e empregado, pois otimiza os resultados ao dispor do profissional em seu melhor momento para aquela atividade.   

Confira mais artigos como esse no [Fórum: CEOs do Amanhã](https://www.revistahsm.com.br/forum/forum-ceos-do-amanha).

Compartilhar:

Artigos relacionados

Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Cultura organizacional
21 de novembro de 2025
O RH deixou de ser apenas operacional e se tornou estratégico - desmistificar ideias sobre cultura, engajamento e processos é essencial para transformar gestão de pessoas em vantagem competitiva.

Giovanna Gregori Pinto - Executiva de RH e fundadora da People Leap

3 minutos min de leitura
Inteligência Artificial, Liderança
20 de novembro de 2025
Na era da inteligência artificial, a verdadeira transformação digital começa pela cultura: liderar com consciência é o novo imperativo para empresas que querem unir tecnologia, propósito e humanidade.

Valéria Oliveira - Especialista em desenvolvimento de líderes e gestão da cultura

3 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
19 de novembro de 2025
Construir uma cultura organizacional autêntica é papel estratégico do RH, que deve traduzir propósito em práticas reais, alinhadas à estratégia e vividas no dia a dia por líderes e equipes.

Rennan Vilar - Diretor de Pessoas e Cultura do Grupo TODOS Internacional

3 minutos min de leitura
Inovação & estratégia
18 de novembro de 2025
Com agilidade, baixo risco e cofinanciamento não reembolsável, a Embrapii transforma desafios tecnológicos em inovação real, conectando empresas à ciência de ponta e impulsionando a nova economia industrial brasileira.

Eline Casasola - CEO da Atitude Inovação, Atitude Collab e sócia da Hub89 empresas

4 minutos min de leitura
Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
17 de novembro de 2025
A cultura de cocriação só se consolida quando líderes desapegam do comando-controle e constroem ambientes de confiança, autonomia e valorização da experiência - especialmente do talento sênior.

Juliana Ramalho - CEO da Talento Sênior

4 minutos min de leitura
Liderança
14 de novembro de 2025
Como dividir dúvidas, receios e decisões no topo?

Rubens Pimentel - CEO da Trajeto Desenvolvimento Empresarial

2 minutos min de leitura
Sustentabilidade
13 de novembro de 2025
O protagonismo feminino se consolidou no movimento com a Carta das Mulheres para a COP30

Luiza Helena Trajano e Fabiana Peroni

5 min de leitura
ESG, Liderança
13 de novembro de 2025
Saiba o que há em comum entre o desengajamento de 79% da força de trabalho e um evento como a COP30

Viviane Mansi - Conselheira de empresas, mentora e professora

3 minutos min de leitura
Inovação & estratégia
12 de novembro de 2025
Modernizar o prazo de validade com o conceito de “best before” é mais do que uma mudança técnica - é um avanço cultural que conecta o Brasil às práticas globais de consumo consciente, combate ao desperdício e construção de uma economia verde.

Lucas Infante - CEO da Food To Save

3 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, ESG
11 de novembro de 2025
Com a COP30, o turismo sustentável se consolida como vetor estratégico para o Brasil, unindo tecnologia, impacto social e preservação ambiental em uma nova era de desenvolvimento consciente.

André Veneziani - Vice-Presidente Comercial Brasil & América Latina da C-MORE Sustainability

3 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança