Viver sob os efeitos emocionais de uma crise não é fácil. De uma hora para outra fomos colocados de maneira brusca cara a cara com a nossa vulnerabilidade e passamos a enfrentar, como nunca, a responsabilidade do nosso poder individual.
Como líderes, nosso papel foi ampliado pois, além de controlar custos, gerenciar processos e liderar o time (mesmo à distância), passamos também a ser responsáveis por proteger as nossas pessoas desse mal invisível, tendo que assumir uma postura ainda mais transparente e propositiva.
Mas será que todos estavam preparados para assumir estes novos papéis ou as máscaras vão cair?
Como cofundador da Confraria do Empreendedor, um hub que potencializa conexões por meio da colaboração de aprendizados e melhores práticas, pude não apenas me envolver em iniciativas para apoiar membros da comunidade, como também acompanhar de perto as decisões de muitas empresas e startups nessa pandemia.
Nessa troca diária, que envolve mais de 800 empreendedores, todos estão lutando contra a crise, e o que pude notar é que líderes que já tinham seu propósito claro e que colocaram em prática o soft skill da adaptabilidade, conseguiram agir mais rapidamente para entrar nesse novo modo.
Gestores que estão além das máscaras sociais, dos papeis que devem exercer e que de fato carregam coerência entre os seus discursos e seus atos.
Em nosso grupo a inquietude e a necessidade de ir para ação nasceu rapidamente, desta forma criamos juntos o ConfraSocial, um portal que reúne projetos e iniciativas para apoiar empreendedores, profissionais de saúde e comunidades mais vulneráveis.
E começamos a apoiar soluções que nasceram no grupo como o “Beleza de Mãos Dadas”, iniciativa da empresa 3,2,1 Beauty, que auxilia manicures moradoras da periferia durante o período de isolamento social, Vevee – plataforma que fornece consultas gratuitas por meio da telemedicina, e os já existentes G10Favelas, que luta no combate ao efeitos do Covid-19 em diversas favelas do país e a Kikcante, que utilizou sua plataforma para arrecadar fundos para uma série de comunidades.
Fora da nossa rede também encontrei iniciativas brilhantes de pessoas comuns que se organizaram imediatamente para levar assistência aos que mais necessitam.
Vi lideranças que já são exemplo se destacarem ainda mais, como Luiza Helena Trajano que, além de assumir o compromisso de não demitir na crise e de fazer doações generosas, lançou o projeto Parceiro Magalu, oferecendo um marketplace para pequenos negócios e impactando mais de 100 mil pessoas pelo Brasil.
Impossível falar de liderança e também não lembrar de Edu Lyra, fundador e CEO da Gerando Falcões, que com a campanha “Corona no Paredão”, arrecada fundos para distribuir cartões de cestas básicas e refeições para famílias , combatendo a fome na periferia.
Temos uma série de bons exemplos, mas sem dúvida, estar no comando neste cenário de incertezas e apontar o caminho certo a seguir é uma das missões mais desafiadoras que já enfrentamos. Mas isso significa não se mover? Absolutamente, não.
Estamos ainda no trajeto, e com grandes possibilidades de gestores assumirem papeis fundamentais de liderança. Esse talvez seja o momento de relembrar o conceito de liderança situacional, no qual a liderança é moldada de acordo com a variação das situações apresentadas.
Nesse turbilhão de mudanças que estamos envoltos não há espaço para ficar fora da arena. Assumir a vulnerabilidade e escolher a coragem no lugar do conforto pode ser o fator chave da liderança que precisamos.
Entre as máscaras que precisamos usar, algumas vão cair neste momento, separando os que constroem mudanças daqueles que apenas assistem aos fatos. E quando este momento passar, não precisaremos (esperamos) mais de máscaras e os líderes propositivos e protagonistas serão lembrados.