Estratégia e Execução

Até a Ambev está fazendo Hackaton

Entenda por que essas maratonas de 24 horas de desafios de negócios ganham cada vez mais atenção das empresas

Compartilhar:

Quando a Ambev, empresa tida como modelo de gestão no Brasil, promoveu sua primeira hackaton, em novembro passado, mandou um sinal para o meio empresarial brasileiro: a última moda em gestão talvez não seja só moda. 

Essa maratona de 24 horas ininterruptas de desafios de negócios a serem solucionados tem sido um caminho para organizações tradicionais estabelecerem contato com jovens empreendedores e suas startups. No caso da Ambev, as cem pessoas reunidas em um bar no bairro paulistano do Itaim Bibi enfrentaram três categorias de desafios: desenvolvimento e programação de software, design de experiência do usuário e interface (UX e UI), negócios e marketing. 

Oficialmente, uma hackaton tem como ambição a inovação nos negócios da empresa estabelecida por meio de parcerias. Isso costuma ser questionado no mercado, contudo; nem sempre a empresa estabelecida está realmente aberta a parcerias, o que inclui estar disposta a dar ao parceiro a liberdade necessária para criar. 

Para os críticos, uma hackaton pode ser só uma tentativa de a área de inovação mostrar serviço ou de uma empresa querer construir uma reputação de inovadora. Na verdade, especialistas internacionais e brasileiros enxergam três objetivos mais práticos e eficientes em uma hackaton: recrutamento de talentos, seleção de fornecedores e, quando feita com público interno, transformação cultural. Identificar talentos. 

A avaliação é mais precisa nesses eventos do que em uma situação do dia a dia. Afinal, os “candidatos” estão sob pressão e em equipe, tendo de resolver questões complexas, o que significa que expõem naturalmente suas habilidades comportamentais e técnicas, além de toda a sua criatividade. 

Garimpar fornecedores. Isso é muito útil não apenas para a empresa estabelecida, como também para o ecossistema de startups de modo geral. Pedro Waengertner, líder da aceleradora de startups Aceleratech, confirma que as hackatons acabam ajudando muito nisso, assim como os concursos baseados em desafios. 

Transformação cultural. Acelerar a entrada das organizações tradicionais na era digital – o que ocorre ainda muito lentamente – foi destacado como um bom motivo para fazer uma hackaton em recente artigo da McKinsey Quarterly, publicação da consultoria homônima. 

Nesse caso, devem ser feitas maratonas com o público interno da empresa (dividido em equipes multifuncionais), direcionadas menos para desenhar novos produtos e mais para “hackear” velhos processos e modos de trabalhar e para promover a colaboração. 

Waengertner crê, inclusive, que se pode chegar à inovação assim. Como é uma hackaton interna? Escolhe-se um processo existente envolvendo clientes (o processo em que o segurado registra um sinistro na seguradora, por exemplo) e pede-se que várias equipes o desenhem do zero em 24 horas, apresentando protótipos e estudo de viabilidade. Conforme os consultores Ferry Grijpink, Alan Lau e Javier Vara, tais hackatons podem ajudar a desenvolver a cultura da rapidez, de “fazer acontecer” e de centrar-se no cliente.

Compartilhar:

Artigos relacionados

O futuro dos eventos: conexões que transformam

Eventos não morreram, mas 78% dos participantes já rejeitam formatos ultrapassados. O OASIS Connection chega como antídoto: um laboratório vivo onde IA, wellness e conexões reais recriam o futuro dos negócios

Tecnologias exponenciais
Para líderes e empreendedores, a mensagem é clara: invista em amplitude, não apenas em profundidade. Cultive a curiosidade, abrace a interdisciplinaridade e esteja sempre pronto para aprender. O futuro não pertence aos que sabem tudo, mas aos que estão dispostos a aprender tudo.

Rafael Ferrari e Marcel Nobre

5 min de leitura
ESG
A missão incessante de Brené Brown para tirar o melhor da vulnerabilidade e empatia humana continua a ecoar por aqueles que tentam entender seu caminho. Dessa vez, vergonha, culpa e narrativas são pontos cruciais para o entendimento de seu pensamento.

Rafael Ferrari

0 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A palestra de Amy Webb foi um chamado à ação. As tecnologias que moldarão o futuro – sistemas multiagentes, biologia generativa e inteligência viva – estão avançando rapidamente, e precisamos estar atentos para garantir que sejam usadas de forma ética e sustentável. Como Webb destacou, o futuro não é algo que simplesmente acontece; é algo que construímos coletivamente.

Glaucia Guarcello

5 min de leitura
Tecnologias exponenciais
O avanço do AI emocional está revolucionando a interação humano-computador, trazendo desafios éticos e de design para cada vez mais intensificar a relação híbrida que veem se criando cotidianamente.

Glaucia Guarcello

7 min de leitura
Tecnologias exponenciais
No SXSW 2025, Meredith Whittaker alertou sobre o crescente controle de dados por grandes empresas e governos. A criptografia é a única proteção real, mas enfrenta desafios diante da vigilância em massa e da pressão por backdoors. Em um mundo onde IA e agentes digitais ampliam a exposição, entender o que está em jogo nunca foi tão urgente.

Marcel Nobre

5 min de leitura
Tecnologias exponenciais
As redes sociais prometeram revolucionar a forma como nos conectamos, mas, décadas depois, é justo perguntar: elas realmente nos aproximaram ou nos afastaram?

Marcel Nobre

7 min de leitura
ESG
Quanto menos entenderem que DEI não é cota e oportunidades de enriquecer a complexidade das demandas atuais, melhor seu negócio se sustentará nos desenhos de futuros que estão aparencendo.

Rafael Ferrari

0 min de leitura
Inovação
De 'fofoca positiva' à batom inteligente: SXSW 2025 revela tendências globais que esbarram na realidade brasileira - enquanto 59% rejeitam fofocas no trabalho, 70% seguem creators e 37% exigem flexibilidade para permanecer em empregos. Inovar será traduzir, não copiar

Ligia Mello

6 min de leitura
Inovação
O impacto de seu trabalho vai além da pesquisa fundamental. Oliveira já fundou duas startups de biotecnologia que utilizam a tecnologia de organoides para desenvolvimento de medicamentos, colocando o Brasil no mapa da inovação neurotecnológica global.

Marcel Nobre

5 min de leitura
Empreendedorismo
SXSW 2025 começou sem IA, mas com uma mensagem poderosa: no futuro, a conexão humana será tão essencial quanto a tecnologia

Marcone Siqueira

4 min de leitura